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“APESHIT”: relembre o impacto que o clipe do The Carters causou!

“APESHIT” se tornou ao logo do tempo um marco cultural para a indústria fonográfica criado pelos The Carters, esses que subverteram a ideia criada por uma sociedade racista e elitista de que os negros não poderiam ocupar locais de luxo e posições de poder. No clipe da canção, que completa hoje (16) 3 anos de lançamento, Beyoncé e Jay-Z dominavam o Museu do Louvre, em Paris, refletindo acerca da arte e da política através da cultura e do protagonismo negro.

frame do clipe de apeshit
Foto: reprodução/Youtube

Em 6 minutos e 5 segundos, o material visual do primeiro single da dupla para o álbum “Everything is Love” é além do imaginário musical. Concebido como uma obra de arte, a produção que custou 67 mil reais diários durante sua gravação, é referência didática e artística para um passado e presente que provoca em sua história o recorte cultural de gênero e raça que geraram a exploração das classes proletárias marginalizadas.

Não há dualidade entre a reflexão traga pelo casal, pois seu principal objetivo é levantar com urgência o apagamento e ocultação da representação negra nos mais diversos setores artísticos, espaços esses preenchidos pela subalternidade do povo preto estampado nas pinturas do maior museu de arte do mundo.

Dois artistas negros em posições de controle sobre sua música, beleza e representatividade deixou o público e qualquer um que visse ao videoclipe de “APESHIT” fissurado pela crítica que ressignifica a identidade negra e desafia o cenário racista presente no Louvre.

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Harmonia: a moda e as obras de arte no clipe de “APESHIT”

Para os Carters, não bastava somente o fechamento do monumento histórico de Paris para a produção de um videoclipe, era necessário ostentar o brilho de uma dupla racializada esbanjando vestimentas de luxo que conversam diretamente com os elementos encontrados naquela instituição.

Assinados por Zerina Akers e June Ambrose, Beyoncé e Jay-Z usaram 13 figurinos diferentes. No frame do look mais conhecido do material audiovisual, os artistas irradiam ternos em tons pastéis.

Pousando em frente à Mona Lisa, de Da Vinci, o casal cria uma atmosfera que dialoga com os aspectos estéticos que fazem parte das peças que compõem o lugar que a famosa pintura se localiza. A estrela do Pop veste um conjunto criado por Peter Pilotto, enquanto o rapper usa um Dries Van Noten.

frame do clipe de apeshit
Foto: reprodução/Youtube

Em outro momento, ambos aparecem como verdadeiros rei e rainha ao se possarem de um visual que remonta à época barroca. Coberta de cores que espelham a forte essência do amarelo, além de desenhos e traços africanos, o Versace da texana exala poder da cabeça aos pés. Sentado ao lado de sua amada, o nova-iorquino veste outro Dries Van Noten junto a um loafer Gucci.

frame do clipe de apeshit
Foto: reprodução/Youtube

Diante da pintura “A coroação de Napoleão”, de Jacques-Louis Davis, Beyoncé e suas bailarinas se camuflam em meio à bodies, sutiãs e uma coreografia que se integram à renomada obra.

Foto: reprodução/Youtube

O significado da faixa e o seu visual viram linha de estudo

Representatividade, simbologia, identidade e debate pertinente, esses são alguns dos pontos que o clipe de “APESHIT” retrata. Importante não apenas para a comunidade negra, mas também para a construção social de um universo artístico que se conscientize a respeito do trabalho e esforço do povo preto, o single de uma Era fascinantemente bem elaborada tornou-se objeto de estudo de inúmeros artigos.

Ao contar de forma lírica e ilustrativa sobre o valor da arte negra, o The Carters rapidamente serviram como um produto de conhecimento que possibilitaria a todos compreender a partir de uma visão política que carrega consigo um conteúdo único e essencial e que narra a luta do povo preto para alcançar lugares de destaque e reconhecimento.

Além do que se pode imaginar, o clipe de “APESHIT”, dirigido por Ricky Saiz, serve como um grande embasamento histórico que permite entender a importância de termos artistas de tamanha representatividade e voz ativa nos mais diversos espaços e pautas públicas. Os estudos referente à produção traçam uma linha histórica e cultural que se alinham ao poder do Rap e Pop, esses em que Beyoncé e Jay-Z se afirmam como um dos maiores expoentes desses gêneros musicais.

Foto: reprodução/Youtube

Alexandra Thomas, historiadora de arte, cuja a pesquisa como candidata a doutorado em Estudos Afro-Americanos e História da Arte em Yale aborda a performance e a incorporação da mulher negra, viu a decisão dos artistas de colocar seu vídeo no Louvre, como “uma intervenção incorporada da Arte Ocidental. ”

“Eu estava pensando muito sobre como as pessoas – especialmente os brancos, europeus e americanos – realmente romantizam o império, pensam nas genealogias de artistas brancos do sexo masculino, e então temos Beyoncé, uma mulher negra, e seu marido, dançando por aí no Louvre”, disse Thomas à TIME.

Bem como Kimberly Drew, curadora de arte, escritora e editora de mídia social do Metropolitan Museum of Art, que destacou a relevância do vídeo para abrir discussões, “é super significativo e especialmente para todos aqueles corpos de tons variados, estar no espaço do museu é realmente profundo.”

A maneira como todos esses trabalhos, sejam eles explicitamente mostrados ou referenciados, mostra que todas essas coisas podem coexistir e podemos vê-las e também acho que há uma oportunidade para as pessoas quererem se aprofundar tanto no contemporâneo referências e as peças mais históricas que estão presentes nas galerias.

Foto: reprodução/Yotube

O impacto do clipe gerou aumento de visitantes no Louvre

O museu francês, palco da obra prima criada pelo casal mais influente do cenário musical, recebeu mais de 10 milhões de pessoas no ano de 2018. Segundo sua administração, “pela primeira vez em sua história, e acho que pela primeira vez na história dos museus, mais de dez milhões de visitantes compareceram ao Louvre em 2018”, Jean-Luc Martinez, diretor do Louvre.

O aumento se deu logo após o lançamento do videoclipe, registrando assim um percentual de 25% a mais de visitantes naquele ano, em relação a 2017 (8,1 milhões) e ao seu próprio recorde de público em 2012 com 9,7 milhões de pessoas.

Fascinados com a grandeza e sucesso do trabalho visual, o Museu do Louvre organizou um roteiro especial para os visitantes apreciarem as pinturas que aparecem no clipe. Entre os visitantes, a instituição destacou que mais de 50% eram jovens com menos de 30 anos, consequentemente, em virtude do impulso artístico presente em “APESHIT”.

O Louvre é um dos espaços de arte mais famosos do mundo, então os Carters ter acesso privado a ele definitivamente merece destaque. Então, você, assim como nós, ficou também impactado pela produção da dupla no local e todo o seu significado? Se sim, conta pra gente no nosso Twitter como foi sua recepção há três anos ao ver pela primeira o material!

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