Se você é um aficionado pela indústria do entretenimento e gosta de saber o que rola pelos bastidores, certamente vai gostar do filme “A Batida Perfeita”. Apesar de não ter uma trilha sonora muito impactante (boa parte dela são músicas originais feitas pelos próprios personagens do filme e apenas algumas referências), o longa conta a história de uma grande artista da música e sua assistente. Muito rasamente dizendo, é uma obra no estilo de “Nasce Uma Estrela”.
“A Batida Perfeita” tem como personagens principais Maggie (Dakota Johnson, de “50 Tons de Cinza”) e Grace Davis (Tracee Ellis Ross, que é filha da Diana Ross!). Grace é uma cantora que faz sucesso há bastante tempo e tem uma consolidada carreira, mas, está nos seus 40 anos e enfrenta certos problemas com sua gravadora e empresário. Segundo eles, ela não é mais tão vendável como era antes e deveria investir em projetos mais seguros (como uma residência em Las Vegas), ao invés de se arriscar e lançar novas coisas.
Maggie, por sua vez, era fã da cantora desde criança e acaba virando assistente pessoal (a famosa faz tudo) de Grace, e, acaba sempre tentando ir além para ajudá-la. Como boa grande estrela e seu ego, na maior parte das vezes acaba esnobando a ajuda. Junto à isso, Maggie é uma maluca por música e conhece tudo e todas as informações dos mais diversos músicos e artistas, e, junto à isso, também produz no seu tempo livre.
Participação especial de Diplo
No meio de toda essa jornada, a assistente/produtora de Grace se arrisca a produzir para a própria, já que a cantora estava frustrada com a ideia de residência em Las Vegas. O momento de apresentação dessa produção é bem legal. Nessa cena, estão o empresário, Grace, Maggie e ninguém menos que o Diplo. No filme, Diplo é um produtor que tenta fazer um remix com a música de Grace pra hitar. Infelizmente fica muito ruim parecendo qualquer outro remix que toca em festa de eletrônica; Maggie resolve falar verdades e só mostrar sua produção à Grace. A opinião de início não é muito boa, mas, vai melhorando conforme o tempo vai passando.
Racismo e ageismo na indústria do entretenimento
O filme toca num ponto bastante importante: o descarte pelo racismo e pela idade principalmente com mulheres na indústria da música mainstream. Em determinado momento do filme durante uma reunião com a gravadora, Grace desabafa que sabe que a ideia de não gostarem dela fazer um novo álbum é por não acharem que as pessoas realmente comprem o seu álbum por já ter 40 anos, e, principalmente, por ser negra. E que ninguém entenderia a questão dela, pois ninguém envolvido ali era mulher e negra.
Leia também: Diana Ross: o que esperar do novo álbum ‘Thank You’?
Trilha sonora produzida por produtor ganhador de Grammy
Apesar da trilha sonora às vezes passar batida, boa parte dela é original e produzida por Rodney “Darkchild” Jerkins, produtor renomado que já trabalhou com as Destiny’s Child, Spice Girls e Michael Jackson. A maior parte das músicas originais são cantadas por Tracee Ellis Ross, filha de Diana Ross. É a primeira vez que a cantora grava algo profissionalmente, e, vale a pena tirar um tempo para escutar as músicas completas. O destaque vai para “Stop For a Minute”, grande hit da sua personagem Grace no filme. As cenas em que canta a canção em shows, parece real e que ela realmente é uma grande diva consagrada.
Mais sobre a trilha sonora
Junto de Trace na trilha sonora, está também majoritariamente Kelvin Harrisson, que interpreta o personagem David, um músico independente e que é experimento de produção de Maggie. Algo meio R&B e pop, que lembra um pouco o som do Daniel Caesar. As músicas dele são sensacionais e de certa forma embalam o romance que Maggie e ele vivem. O destaques vão para “Track 8” e “Like I Do”, sendo a última uma parceria com Trace.
Entre quase todas as músicas sendo interpretadas por Trace e Kelvin, uma surpresa: uma música de Anthony Ramos. Anthony não participa do filme, mas marca presença com a música “Mind Over Matter”, música mais R&B e urbana que anima cenas do longa. Ainda falando de Anthony, o ator participou também do musical Hamilton, e, mais recentemente, do filme “In The Heights”, musical sobre um bairro latino que está desaparecendo. O longa tem produção de Lin-Manuel Miranda, que também atuou em “Hamilton”.
Além das canções originais, há também muitas referências por parte de Maggie de músicas mais antigas, já que a mesma é fã de músicas de décadas anteriores e entende muito da indústria da música. Algumas delas chegam a aparecer pelo filme, como “Jealous Guy” do John Lennon. Outra cena de música não original da trilha, e que dá vontade de sair por aí cantando no carro, é “No Scrubs” do TLC.
Confira a trilha completa e as referências musicais compartilhadas durante o filme:
Conclusões
É um filme bem comercial, mas interessante. Talvez poderia ter desfechos para mais histórias de outros personagens, mas, ainda assim, bom e leve para assistir. Sua trilha é muito boa, mas, poderia ter sido mais destacada durante as cenas.
Nota: 7.5/10.
Onde assistir: no YouTube e Telecine.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Tracklist