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The Extravaganza: Joji apresenta a melancolia do nonsense em show online

Por Moacyr de Oliveira Santos Junior

No último dia 23 de outubro, Joji nos presenteou com uma das experiências mais especiais e autênticas que um artista de seu porte poderia proporcionar, com o evento online, “The Extravaganza”.

Jamais esquecido por seus personagens cômicos (e propositalmente desconfortáveis) como Filthy Frank e Pink Guy, o cantor de origem japonesa mostrou que seus projetos enquanto compositor, intérprete, ator, comediante e produtor musical estão longe de representarem esferas separadas de sua produção artística.

(Reprodução/Foto: via @@JojiBrasil)

Não é para menos que o multifacetado artista tem conquistado cada vez mais fãs de diferentes nichos da internet. Seja por sua produção musical extremamente sentimental, ou por sua persona carismática e dona de um humor único. Sendo essa última, a causadora de tanta vergonha e desconforto, que o que nos resta é rir. E eu, obviamente, há muito já fui contaminado pelo que eu gosto de chamar de sua melancolia do nonsense.

(Reprodução/Foto: via @@JojiBrasil)

Conseguindo unir o melhor dos seus mundos, Joji nos levou, literalmente, a um parque de diversões. Contando com truques de mágica, malabarismo, show de ópera e até mesmo com o próprio Justin Timberlake, ao vivo e a cores, em uma viagem fantástica e sarcástica por seu mundo particular.

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Primeiras Impressões

(Reprodução/Foto: via @@JojiBrasil)

Joji abriu o evento apresentando da maneira mais casual possível o seu único companheiro de palco: um espantalho pianista! O repertório inicial contou com arranjos simples, geralmente voz e piano, de grandes sucessos de sua recente carreira. Como “Yeah Right” e “I don’t wanna waste my time”, mas concentrando boa parte da sua setlist nas músicas de seu recém lançado álbum, “Nectar”.

A melancolia do nonsense

(Reprodução/Foto: via @@JojiBrasil)

O show começou já nos preparando para o que estaria por vir, com Joji interpretando “Sanctuary”, prestes a cair em um tanque d’água. Como em um parque de diversões, durante a apresentação diversas pessoas tentavam acertar uma bola no dispositivo que liberaria a plataforma e faria o cantor cair no tanque. Confesso que achei que nada aconteceria com o decorrer do tempo. Até que um jogador de beisebol chega para nos proporcionar a primeira maluquice das muitas que ainda iríamos proporcionar… Ele cai. A música para. E o show continua em outra esquete como se nada tivesse acontecido.

(Reprodução/Foto: via @@JojiBrasil)

Como se não bastassem às apresentações, os intervalos eram preenchidos com uma espécie de show de talento (ou de horrores…), um mágico desastrado e um cantor de ópera que nos deixou no mínimo constrangidos. Até mesmo o astro Justin Timberlake fez parte do espetáculo. Com pelo menos duas aparições, sem nenhuma fala, contando apenas com a surpresa de Joji que repetia diversas vezes “Nós não podemos te bancar…”.

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Pontos Altos

(Reprodução/Foto: via @@JojiBrasil)

Por mais estanhas que fossem as apresentações cômicas, como a interpretação de “RUN”, correndo em uma esteira de verdade (que eu nem preciso falar que rendeu muitas risadas e um Joji ensopado de suor), de “YOUR MAN”, cozinhando ovos mexidos ou de “PRETTY BOY”, com um juiz em um ring de luta com dois atores realmente se quebrando no soco, preciso confessar que os grandes ases ficaram para as suas interpretações mais íntimas e doloridas. Começando com “Ew”, que me deixou arrepiado ainda nos primeiros minutos do evento, pela sensibilidade realmente tocante.

(Reprodução/Foto: via @@JojiBrasil)

As surpresas com os arranjos mais melódicos e simples não deixaram pra trás as marcantes interpretações de “Demons” e “Window”, de seu primeiro álbum de 2017, “In Tongues”. Esse segmento contou com vídeos gravados em um formato mais homemade, combinando perfeitamente com as versões mais cantadas das duas faixas, que impressionaram pela estética urbana impecável.

(Reprodução/Foto: via @@JojiBrasil)

Apesar de todos os elogios feitos até agora, nenhum conjunto de palavras que eu tentei formar conseguiram mensurar o quanto as duas últimas músicas me marcaram. O show, que até então estava em um embalo animado e divertido, nos corta bruscamente com “LIKE YOU DO”. Uma faixa que consegue por si só acabar com qualquer um, apenas para nos preparar para a cereja do bolo: uma versão de “SLOW DANCING IN THE DARK”.

A faixa que até hoje é o maior sucesso de sua carreira, foi apresentada em um arranjo triste, melancólico e extremamente comovente, no piano. Quem não chorou nesse combo de tristeza já morreu por dentro faz tempo!

Além de minhas músicas favoritas, foi um prazer quase catártico em poder acompanhar versões com tanta emoção e carinho que transpareciam no próprio olhar de Joji. Foi um impacto inenarrável.

Considerações finais

Por fim, Joji não poderia terminar o evento de maneira normal, não é mesmo? Após a despedida teatral com os membros dos shows de talentos, o cantor é abordado por um rapaz da sua equipe técnica no meio do palco, tão somente pra que o cantor pudesse cravar uma faca em seu peito. Em seguida, Joji sai em disparada pelos bastidores da superprodução, seguido pela câmera frenética, que logo depois corta e encerra o espetáculo pra lá de cinematográfico.

(Reprodução/Foto: via @@JojiBrasil)

É assim que o show termina. Sem avisos, sem sentido aparente e com o humor amargo dessa figura que já demonstrou que nunca consegue parar de interpretar um personagem. “The Extravaganza” foi um tour melancólico e íntimo pela cabeça maluca de Joji.

Escute “Nectar”, o primeiro álbum de estúdio do cantor:

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