Sensualidade, poder, amores doídos, glitter, sentimentos: são esses os pontos principais do quarto álbum de Tove Lo, perceptíveis logo na primeira metade da coletânea de faixas originais da cantora. As composições não negam: você está, de fato, ouvindo um álbum da sueca. Já é o quarto projeto musical da artista, mas, ainda assim, a mesma prova que consegue manter o feeling que só ela traz ao pop melódico e festeiro.
A produção de “Sunshine Kitty” remete a baladas graves e onduladas, agradando ao público, que ficará muito contente com a semelhança a seus irmãos anteriores, “Lady Wood” e “blue lips”. Você pode dançar ou chorar com músicas seguidas, ou até dançar e chorar ao mesmo tempo. Tove se mostra inteiramente confiante ao adicionar músicas contrastadas e de diferentes estilos umas atrás das outras. Parece, ainda que por impressão, que a sueca veio com este álbum para gritar algo como que “ei, estou aqui!”.
Tove Lo não alcançou o sucesso com grandes músicas. Pelo contrário: seu primeiro smash hit foi “Habits (Stay High)“, single de seu álbum de estreia que estourou imensamente no mundo inteiro e que conta com uma produção minimalista e abafada, produzindo a gostosa sensação de não precisar se preparar para um baque de refrão. “Sunshine Kitty” conta com muitas dessas. É inevitável e surpreendente a agradabilidade de músicas como “Are u gonna tell her?”, um mix entre música para festas grandes, música para sexo e música para tocar casualmente enquanto estuda. A canção também é marcada pela participação do brasileiro MC Zaac, que deixou os fãs animados para ouvir seus vocais de marca registrada. Falando em parcerias, outra que merece destaque é “Really don’t like u”, com Kylie Minogue.
Lo está mais ousada do que nunca com este disco, mas de maneira sútil (o que parecia, até então, impossível). Suas letras neste mostram a sentimentalidade imediata da compositora quanto a seus amores e situações cotidianas. Em “Bad as the Boys”, por exemplo, Lo e ALMA deixam a mostra as sensações que vêm ao expor a estória de um amor novo e diferenciado em suas vidas. “Levou meu coração e afundou com ele, ela era tão ruim quanto os garotos”, diz a canção de Tove Lo.
O mais recente single do disco, “Sweettalk My Heart”, teve seu videoclipe lançado junto ao álbum. A canção foi a primeira que fez Tove se perguntar se o que estava fazendo era conteúdo para uma possível coletânea, que hoje é o “Sunshine Kitty”. A composição fala sobre ser feliz com a habilidade de ser ingênuo quando se trata de amor, e sobre escolher acreditar em alguém só porque você sente isso da pessoa.
Em entrevista, a cantora de 31 anos conta que tem diários com situações desde seus 9 anos de idade até meados dos 20. “Os da minha adolescência têm essas hilárias e detalhadas estórias sobre as pessoas que eu namorava ou transava”, expôs a sueca à Apple Music.
“Sunshine Kitty” faz parte de uma grandiosa narrativa, mas uma da qual você precisa atentamente descobrir. A introdução do álbum, “Gritty Pretty (Intro)”, mostra alguém recebendo uma ligação e falando em italiano. Descobrimos mais tarde que este é, na verdade, Mateo, um ex-amor de Uma, amiga de Tove. “Mateo” também é a faixa de número 8 no disco. Vemos também em “Glad He’s Gone”, primeiro single do álbum, Tove dando dicas para sua amiga quanto ao término com o menino.
Entre traições, romances que tentam ser levados somente a coisas físicas e grandes mudanças, o “Sunshine Kitty” deu as caras neste 20 de setembro com um synth-pop coeso e simpático. Tove Lo mostra que não vai mudar seu som para vendas e que veio pra ficar.
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