Até mesmo pessoas menos antenadas ao mundo do rock têm ciência da soberania do Metallica no gênero. O grupo famoso por seus tempos fortes e por sua mistura sonora única conquistou sua fama mundo afora através do aperfeiçoamento dessa mesma fórmula que o consagrou.
Ao lado de bandas como Slayer, Anthrax e Megadeth, o Metallica formou o “The Big Four of Thrash”, o quarteto de bandas responsável pela criação do gênero thrash metal, caracterizado pela sua musicalidade agressiva. A partir desse estilo, os californianos seguiram na composição de seus dez implacáveis álbuns que conquistaram o mundo da música e os palcos de todo o globo, até chegar ao Rock in Rio.
Desde 2011, o Metallica se apresentou em três edições consecutivas do festival, sempre como headliner. E não é a toa, o grupo é praticamente sinônimo de venda rápida de ingressos e sempre traz performances de qualidade para nós. E assim não deixou de ser na edição de 30 anos do Rock in Rio.
Um estrondoso “Gimme fuel, gimme fire, gimme that which I desire”, da auto-explicativa “Fuel”, deu início ao espetáculo proporcionado pelo Metallica. Como se não bastassem os efeitos visuais que iluminavam o palco, a banda deu espaço para uma pequena parcela de sua legião fiel de fãs acompanhar o show de perto, logo atrás da bateria de Lars Ulrich, durante as mais de duas horas que os americanos permaneceram no Palco Mundo.
Riffs poderosos de guitarra sempre acompanhados do baixo de Robert Trujillo e da voz forte de James Hetfield seguiram pela apresentação inteira, assim como em músicas como “Cyanide” e “King Nothing”. Era justamente em canções desse calibre que a energia do grupo se coincidia com a dos fãs fanáticos pela banda, acarretando na soma que consagrou as turnês do grupo mundo afora.
Contudo, alguns problemas começaram a sair do fundo das cortinas. Enquanto James entoava um dos trechos de “Ride The Lightning” seguido da guitarra de Kirk Hammett, um repentino corte no áudio do palco aconteceu, erro este que provocou um silêncio intocável na Cidade do Rock por cerca de cinco minutos.
Entretanto, nem mesmo problemas técnicos foram capazes de amenizar o êxtase do público presente, que emanava mais ainda com o carisma único de Hetfield. O vocalista parecia assumir o papel de maestro, conduzindo a animação dos fãs, desde momentos mais frios com o público até os mais calorosos e típicos do Rock in Rio.
Aliás, seria atípico ver um público tão apaixonado por rock quanto o do Rock in Rio desaprovar algum show do Metallica. Defronte aos quatro membros silenciados após “The Frayed Ends of Sanity”, os fãs fizeram seu próprio show com um coro uníssono, que apenas serviu para anteceder a icônica “One”.
A música, que é um dos grandes hinos da banda, foi um dos pontos altos de toda a noite. Seu ritmo lento logo quebrado por trechos de guitarra pesadas claramente mostra porque o Metallica é um dos grandes nomes do rock. O solo de Kirk, os belíssimos efeitos visuais (que seguiram encantando por todo o show) e os apelos de James à Deus caracterizam a canção perfeitamente e provam porque ela é sempre uma das mais esperadas em todas as apresentações da banda.
Seguindo a linha de sucessos, “Master Of Puppets” foi apresentada, alternada entre sequências lentas e linhas rápidas de puro thrash metal, anunciando a presença do Metallica no Rio de Janeiro para o mundo todo – se é que alguém já não havia percebido após tantos solos de guitarra espetaculares.
A partir daí, os grandes hits de toda a discografia da banda tomaram a Cidade do Rock. Depois de uma lenta “Fade To Black”, “Seek & Destroy” começou a ecoar nos amplificadores presentes no palco, ditando o ritmo barulhento do show e encerrando a setlist antes do bis.
Depois de abandonar o palco, o Metallica retornou para terminar o show com a tão aguardada “Enter Sandman”, como a verdadeira chave de ouro para o encerramento da noite do Rock in Rio voltada ao metal. O forte refrão da faixa, refletido na emoção do público, demonstrou muito bem o que foi a apresentação inteira. E foi através da combinação da guitarra extraordinária de Kirk, da bateria marcial de Lars, do baixo único de Trujillo e dos vocais poderosos de James que o Metallica demonstrou que música boa se preserva ao longo de vários anos, e que apesar do passar rápido desses anos, a “família Metallica” sempre estará presente em suas apresentações.
Setlist:
1. “Fuel”;
2. “For Whom The Bell Tolls”;
3. “Battery”;
4. “King Nothing”;
5. “Ride The Lightning”;
6. “The Unforgiven”;
7. “Cyanide”;
8. “Wherever I May Roam”;
9. “Sad But True”;
10. “Turn The Page”;
11. “The Frayed Ends Of Sanity”;
12. “One”;
13. “Master Of Puppets”;
14. “Fade To Black”;
15. “Seek & Destroy”;
16. “Whiskey In The Jar”;
17. “Nothing Else Matters”;
18. “Enter Sandman”.