Depois de nove trabalhos nas prateleiras, alguns prêmios de enfeite e shows grandiosos, como no Rock n’ Rio, eis que chegaram os 30… E isso não foi suficiente pra cansar esses meninos. Esse mês os rapazes do Nx Zero chegam novamente às prateleiras e lojas digitais com o mais novo trabalho: Norte.
Com a saída da antiga gravadora os rapazes se aventuraram num EP de produção independente, e hoje os cinco contam com o selo da Deck Disc (Pitty, Vanguart, Far From Alaska etc), o que traz uma nova cara ao trabalho, com mais liberdade e maturidade.
De fato, “maturidade” é uma palavra que eu encontro em todo texto que fala de algum trampo novo da banda desde o Sete Chaves, e a impressão que eu tenho é de que boa parte do público do rock ainda não compreendeu que o NX não precisa mais provar nada pra ninguém, a tão falada “maturidade” já chegou e faz tempo.
Se em outrora Gee e Filipe levavam o CD com suas guitarras cheias de drive e efeitos adaptados ao hardcore melódico, eis que chegou a hora de experimentarem novas timbragens. Em uma primeira audição, pode soar estranho ao fã antigo, mas de fato os timbres novos são sensacionais e correspondem às influencias dos guitarristas (O Gee, por exemplo, já chegou a ser confundido com Jon Frusciante no Instagram). De fato, temos aqui a própria cara do álbum. Se em outros textos eu me peguei elogiando o Daniel pela bateria impecável e novas pegadas, essa foi a vez das guitarras e baixo. Os caras conseguiram repaginar a banda acrescentando efeitos e timbragens que não são usadas no mainstream brasileiro, e usaram disso pra construir os novos riffs, que parecem conversar entre si, fazendo com que todas as músicas do CD comunguem com o mesmo conceito.
Desde a capa até o último acorde, a banda deixou bem claro que estão em outra fase, entrando numa cena diferente, agregando novas perspectivas.
As influências são óbvias. O último CD do Arctic Monkeys, AM, é a cara do Norte… Ou o inverso. Os riffs, o conceito, as timbragens, o contrabaixo imprescindível (que finalmente se pôde ouvir depois de uma discografia de baixofobia), os backing vocals com falsete e a meia lua fazendo entrando em quase tudo que vai chimbal trazem o mesmo clima de 60’s/80’s, sendo contrariado apenas pela voz swingada do Di Ferrero e pela bateria mais ousada do Daniel (em relação aos Monkeys). Aos fãs mais xiitas que enfartaram com esse parágrafo, façam um experimento: tentem ouvir a música desconsiderando a voz do Di Ferrero e considerando apenas a base. Em seguida imagine Alex Turner cantando qualquer coisa sobre moças underground e jaquetas de couro num inglês britânico chavoso. Voilá.
Claro que Norte não se limita às suas influências do rock alternativo contemporâneo (Hozier, AM, Jon Frusciante), e vai mais além trazendo uma ginga do surf & skate rock (evidente no swing das vozes principais) e letras mais ousadas.
Entre as 11 faixas, pode-se contar nos dedos (de uma mão) as que tem cara de possíveis singles, mas -ao mesmo tempo- nenhuma das músicas é desconsiderável dentro do conceito da obra.
Além do single Meu Bem, os riffs se apresentam em Fração de Segundo (gravada com o Lulu Santos), Milianos, Breve Momento e Pedra Murano mostrando a nova identidade. Para lembrar um pouco da pegada antiga, temos Gole de Sorte e Por Amor. Marcas de Expressão, Personal Privê e Vibe se encaixam nas mais melódicas, com direito à slide guitar, desabafos e declarações. O surf & skate rock também dá suas caras em Modo Avião, além de estar presente com elementos sutis nas demais faixas.
Nos shows, arrisco dizer que Meu Bem, Pedra Murano, Milianos e Mandela funcionarão muito bem, dando a chance da banda repaginar o setlist que não sofre grandes alterações há tempos.
Em suma, Norte é um CD surpreendente para quem já acompanha a banda e convidativo pra quem ainda não curtia. Vale a pena dar ouvidos à nova fase do NX.
Você pode ouvir na íntegra em streaming na playlist abaixo:
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