Entre tantos lançamentos, 2022 tem sido um ano de retornos para a música. Depois de dois anos longe dos palcos, as bandas têm voltado às turnês e revisto os fãs em meio à expectativa dos reencontros. É o caso da Francisco, el Hombre, que tem rodado o país com novas canções e um novo fôlego
O grupo é uma das atrações confirmadas no Festival Sensacional, que acontece no dia 2 de julho no Parque Ecológico da Pampulha, em Belo Horizonte. A apresentação faz parte da turnê de seu último disco, “Casa Francisco”, lançado em outubro do ano passado com músicas ideais para serem tocadas no palco. “É maravilhoso porque não fazemos música simplesmente para se comunicar com a nossa bolha. A gente faz música por causa de uma necessidade de se comunicar com todo mundo. E é um momento legal de juntar gente e de se comunicar com mais de um lugar”, disse Mateo Piracés-Ugarte, sobre o momento de retorno.
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Em entrevista ao Tracklist, Mateo Piracés-Ugarte, um dos fundadores do quinteto, contou sobre como tem sido voltar aos palcos – principalmente em um ano de eleição, levando em conta o forte discurso político da banda. “A gente tem a responsabilidade de transformar cada show, de agora até o fim do ano, com uma bomba de catarse e energia para o público continuar acreditando na ideia de virar a página dessa história”, declarou. “Vamos tirar o Bolsonaro do poder. Cada show nosso tem a responsabilidade de carregar cada pessoa com um pouquinho mais de energia, intensidade e esperança.”
Além da Francisco, el Hombre, o Festival Sensacional também conta com nomes como Baco Exu do Blues, Liniker, FBC, Letrux, Mahmundi e Don L em seu line-up, além de vários outros artistas que também se apresentarão no evento. Os ingressos já estão à venda via Sympla, com preços entre R$ 50 e R$ 100.
Confira a entrevista com a Francisco, el Hombre na íntegra:
TRACKLIST: Como tem sido pra vocês retornar aos palcos em 2022 e voltar a ver os fãs depois de tanto tempo?
MATEO: O sentimento de estar retornando aos palcos agora é muito estranho, porque isso talvez não dure para sempre. Como a gente teve várias ondas e, mais uma vez, tivemos que cancelar shows marcados, e tivemos expectativas sendo levantadas e derrubadas, temos que aproveitar o agora e o hoje por um medo de uma nova onda. Nada indica agora que está vindo uma nova onda, porém, o sentimento é esse. Então, o que isso gera na prática é uma tentativa de aproveitar o momento, o dia, o show, essa conexão com o público, essas visitas às cidades.
TRACKLIST: Vocês são uma das atrações confirmadas no Festival Sensacional, que acontece em julho em Belo Horizonte. Pra vocês, quais são as expectativas em voltar pra Minas como um dos principais shows do festival?
MATEO: A gente voltou pra BH agora há pouco, tocamos na nova Autêntica e foi um show com casa lotada, junto com Lamparina. Foi uma noite inacreditável e incrível de muito suor, pulação, canto e dança. E isso é muito gostoso porque percebemos que pouco a pouco fomos criando raízes, um público e uma constância em BH.
TRACKLIST: Festivais sempre costumam receber grandes públicos, e acredito que a música da Francisco combina bastante com o clima de um festival. Pra vocês, como é a sensação de se apresentar para públicos tão grandes e para conquistar novos fãs?
MATEO: Faz um tempo que não tocamos num festival e sempre olhamos para o line-up do Sensacional, que é sensacional como diz o nome. A expectativa é voltar com o melhor dos shows. Chegamos com um show que passou pela Europa, pela Alemanha, Espanha, Inglaterra… Tocamos em vários lados e isso fez com que a gente conseguisse afinar nossa performance. Então estamos com a apresentação mais potente possível. Vamos fazer as pessoas dançarem do começo até o final sem parar. Essa é a expectativa, essa é a intenção.
TRACKLIST: Vocês lançaram o “Casa Francisco” em outubro do ano passado, e desde então tem apresentado as músicas do álbum em turnê. Como tem sido tocar as canções novas e vê-las na boca dos fãs?
MATEO: Um dos prazeres de tocar em festivais com grandes públicos é justamente isso que vocês comentaram: dentro dessas grandes plateias, entender que tem gente de várias tribos, nichos e lados. Cada banda atrai seu público, que curte de maneira diferente o show. Isso é maravilhoso, porque uma das grandes riquezas que temos no Brasil, na América Latina, é justamente a diversidade. Esses festivais, como o Sensacional ou vários eventos do circuito nacional, especialmente os independentes, trazem uma grande diversidade musical, que resulta em uma grande diversidade de público. É maravilhoso porque não fazemos música simplesmente para se comunicar com a nossa bolha. A gente faz música por causa de uma necessidade de se comunicar com todo mundo. E é um momento legal de juntar gente e de se comunicar com mais de um lugar.
TRACKLIST: A arte de vocês é muito política, e o show que vocês fazem também reflete o momento que vivemos. Como vocês buscam extravasar as frustrações e as decepções com o momento atual no palco?
MATEO: A gente tem a responsabilidade de transformar cada show, de agora até o fim do ano, com uma bomba de catarse e energia para o público continuar acreditando na ideia de virar a página dessa história. Vamos tirar o Bolsonaro do poder. Cada show nosso tem a responsabilidade de carregar cada pessoa com um pouquinho mais de energia, intensidade e esperança. Nosso show vai, sim, ter um viés político forte. Vamos falar o que pensamos. Como a gente sempre fez, mas agora mais do que nunca. Porque é nessa catarse que conseguimos trazer a alegria pra dentro da revolução, com o público cantando e dançando. Esse é o nosso papel, além de falar e levantar perguntas sobre o momento atual. Isso vocês podem esperar no nosso show. E uma coisa que podem esperar também — de forma bem spoiler — é que vamos tocar uma música nova sobre o momento atual. Vai ser a nossa nossa cartada principal durante os próximos seis meses, porque fala sobre essa necessidade de derrubar o Bolsonaro.