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Dan Smith, do Bastille, sobre público brasileiro: “um dos mais insanos”

O Bastille é uma das atrações confirmadas para o Palco Mundo no Rock in Rio aqui no Brasil. Será a segunda vez que a banda vem ao país, onde tocaram em 2015 no Lollapalooza Brasil. Para conversar sobre as expectativas para 2022, o Tracklist participou de uma coletiva de imprensa com o vocalista Dan Smith, que também falou sobre o próximo álbum da banda e a apresentação do grupo no programa MTV Unplugged, que será transmitida no Brasil no dia 26 de dezembro.

Dan Smith, do Bastille, fala sobre o Brasil

Enfaticamente, o músico afirmou que eles estão muito animados de poder voltar para o Brasil e entrar em turnê internacionalmente de novo. “Um dos nossos shows favoritos foi no Brasil. A popularidade da plateia é incrível. Eu acho que toda vez que alguém fala sobre isso soa como um clichê. Mas, sério, foi um dos públicos mais barulhentos e insanos que já vi”, comentou.

“Faz muito tempo desde que estivemos no Brasil e, particularmente online, muitos dos nossos fãs são tão presentes e ansiosos de nos ver voltando que nos deixa muito animados. Já faz alguns álbuns desde a última vez que fomos. Todo show que a gente for fazer ano que vem, independentemente de onde for, é uma chance incrível de a gente poder voltar com um monte de música nova”, disse.

Para ele, foram anos intensos e complicados e ele acredita que shows ao vivo são muito importantes, para todo mundo.

“Se é seguro, há tantos espaços para estar fora, lugares com várias pessoas que você não conhece, com esse único discurso de amor por uma banda, ou por apenas pela música num geral. É uma fuga tão boa da realidade… Pensando no nosso novo álbum, ele é todo sobre versões de escapismo, e como é isso para cada um. Para uns é video game, para outros é esporte. Mas, para mim, e para muita gente, é ir a festivais, a shows, e apenas cantar seus pulmões fora por, sei lá, duas horas. É tipo minha coisa favorita de se fazer, falando como um fã”.

“Nós fizemos alguns poucos shows este ano, mas não tantos quanto gostaríamos. Obviamente, a coisa mais importante sobre turnês é que as pessoas façam quando for seguro, seja para a audiência, seja para quem está viajando. Nós estamos vivendo em tempos muito incertos. Por isso que fazer um show como no MTV Unplugged é ótimo, pois é um show intimista que qualquer pessoa do mundo pode assistir e fazer parte. É uma chance incrível de poder, de certa forma, estar com o público.”

Bastille no MTV Unplugged

A banda gravou sua participação no programa MTV Unplugged. Para Smith, transformar as músicas do Bastille em versões acústicas foram experiências únicas.

Foto: Divulgação MTV

“Acabamos de fazer um álbum que é muito eletrônico e futurístico, então foi muito engraçado ir na direção completamente oposta, pensando em usar apenas instrumentos acústicos e a voz, usando o máximo de harmonia possível. Acredito que muito das nossas músicas é sobre imaginação, pensar muito alto. Foi uma linda oportunidade de nos desafiar. Eu toquei violão ao vivo pela primeira vez na vida! Tivemos duas semanas para nos preparar e tive que aprender a tocar. Foi um desafio incrível.”

O vocalista ainda relata a sua admiração pelo programa. “MTV Unplugged é tão icônico. Pegar as músicas e traduzi-las totalmente em um formato diferente, para uma audiência diferente, é um grande desafio para todos os artistas, te força a ser criativo de maneiras diferentes. Especialmente para nós, que pensamos em não só tocar músicas acústicas, mas também mostrar uma maneira nova e mais bonita de tocá-las”, reforça.

Smith ainda citou algumas músicas mais desafiadoras de transformar em um acústico, apesar de todas terem sido, a sua maneira. “Eu penso na ‘No Bad Days’, por exemplo, como uma que foi perfeitamente adaptada nos arranjos de piano e vocais”. Dan ainda brinca que precisou ser contido um pouco na apresentação, pois é acostumado a cantar 11 de 10 ao vivo, andando para lá e para cá, pulando na plateia…

“Pegamos a ‘Pompeii’, que é uma música que já tocamos milhões de vezes, e a transformamos em um novo formato. Foi um belo desafio porque há tantas versões dela por aí, feitas por nós ou por outras pessoas. É legal lançar mais uma dela que pareça diferente”. Outras que apareceram no especial foi “Happier”, o cover de “Killing Me Softly”, do Fugees – que é uma das músicas favoritas da vida do Dan Smith – e ainda o cover de “Come As You Are”, do Nirvana. “Eu acredito que se você vai fazer um cover, não tem sentido nenhum se você não trouxer nada de diferente nele”, acrescenta.

“Give Me The Future”

O quarto álbum de estúdio do Bastille, “Give Me The Future”, será lançado em 4 de fevereiro de 2022. Perguntado sobre ele, Dan afirma que ele é sobre a relação da banda com a tecnologia e o futuro. “É sobre diferentes versões do que o futuro pode ser, dentro da ficção. A gente começou a fazer o álbum antes da pandemia, mas, obviamente, vivendo com o lockdown, transformou completamente todas as nossas relações com as telas e a tecnologia”, afirmou.

“Nós queríamos fazer um álbum que soasse realmente humano e interessante. Liricamente, o tipo de alegria naturalmente complicada de querer se perder de si mesmo em VR, ou na internet, ou nos filmes que você assiste. É tudo sobre querer fugir. Acredito que todos precisam disso, não importa de qual maneira vai ser: jogando video games, assistindo a filmes, ou o que quer que seja.”

No MTV Unplugged, a banda abriu a apresentação com a canção “survivin’”, que fala sobre os desafios da saúde mental e dos problemas da vida. “Essa música eu escrevi antes da pandemia e, quando lançamos, no final do primeiro ano, foi muito catártico para mim. Eu não queria lançá-la, porque senti que lançar uma música chamada ‘sobrevivendo’, naquela época, pareceu muito literal”, relatou Smith.

“No fim, foi uma ótima música para lançar, bem diferente. Nós começamos o show com essa música e nós vamos sempre começar os shows com ela, porque é como um pouco de ar fresco. Sabemos que a vida pode ser bem complicada e que vida que você está vivendo na sua própria mente pode ser bem bagunçada, mas viver de uma forma positiva é a melhor coisa que você pode fazer.”

Sobre o novo álbum e a tecnologia

O vocalista reforça a sua relação com a tecnologia no próximo álbum e como isso influenciou a sua composição, que envolveu muitos profissionais. “Nós temos músicas mais mainstream, assim como undergrounds, mas nós sempre tentamos construir um mundo em volta do álbum que fazemos. E, nesse novo, é sobre a nossa relação com a tecnologia, para o melhor e para o pior. Trabalhamos com tantos artistas diferentes, o que nos permitiu estender o álbum para além de apenas as letras, para um mundo completamente novo”, relatou.

Considerando esse avanço, que é ao mesmo tempo fascinante e assustador, para Dan é muito interessante poder fazer um álbum sobre isso. “Nós estamos animados para testar shows completamente em realidade virtual – não porque são melhores, mas apenas porque são diferentes. Para nós, fazer música é a nossa coisa mais favorita de se fazer no mundo e eu sou muito sortudo de poder fazer isso durante esses últimos dois anos. Quando a vida complicou, eu pude me afastar e escrever músicas, trabalhar nas produções direto no meu laptop”, desabafou Smith.

https://twitter.com/MTVMusicUK/status/1473281015829471237

Desde o início, Dan confirmou que o novo álbum será como um filme de ficção científica representando, ao mesmo tempo, versões boas e versões ruins do futuro. Apesar de tudo, é um álbum engraçado. O vocalista citou filmes como “De Volta para o Futuro” e até mesmo “Matrix” como referências, os tipos de filmes antigos que ainda temos nas nossas mentes. É sobre conexão humana, vivendo neste futuro, porém ainda lembrando de voltar à vida real.

Diferentemente dos três primeiros álbuns, “Give Me The Future” foi bem mais colaborativo. “Foi uma grande mudança para nós. Trabalhamos com vários produtores e músicos diferentes. O álbum em si é sobre viagem no tempo, e assim tentamos refletir isso nas músicas. Cada batida soa diferente do que já fizemos antes. Há muitos efeitos eletrônicos na minha voz. Ironicamente, tê-lo feito em um período em que você não consegue ‘ver’ as pessoas, acabou sendo um álbum massivamente colaborativo”, refletiu.

O Tracklist perguntou se ele acredita que isso vai ser uma nova tendência na forma como criar música e ele conversa sobre como o lockdown forçou todos nós a enxergar maneiras diferentes de fazer as coisas. “Nos tornou mais imaginativos, nos forçou a experimentar novas maneiras de trabalhar. É interessante, para mim, escrever música para pessoas de longe, que não aconteceria se não fosse esse o caso. Será que eu vou precisar entrar em um avião para viajar e fazer essas músicas? Quem sabe! Seria diferente, mas definitivamente te faz pensar no quanto a gente era acostumado a viajar”, respondeu Dan.

Bastille é um projeto livre que nós sentimos que podemos tentar coisas diferentes. Tenho certeza que para as outras pessoas a ideia de fazer as coisas remotamente, provavelmente, não foi tão boa. Então, eu não sei. É como tudo na vida desses últimos dois anos, eu acho que há coisas que podemos aprender dessa experiência e que vai mudar a forma como a gente trabalha, de certa forma. Sinto-me muito privilegiado de poder ter trabalhado com tanta gente ao redor do mundo. Nós tentamos fazer o nosso melhor de uma situação tão complicada, assim como tanta gente.”


A apresentação MTV Unplugged: Bastille estreia no Brasil no dia 26 de dezembro, às 11h30, diretamente no canal da MTV (consulte a operadora).

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