Sucessor do “No Shame” (2018), o futuro e mais novo disco de Lily Allen promete ir além do esperado e poderá entregar um possível ato de denúncia contra homens da indústria musical que a abusaram sexualmente.
Com o objetivo de trazer em cada faixa do álbum o nome dos respectivos abusadores, Allen já sofre antes mesmo do lançamento desse material com ameaças de uma figura sênior do cenário fonográfico que planeja desafiar abertamente as afirmações da cantora.
Segundo um amigo do indivíduo, ele confirmou que o sujeito não tentaria impedir Allen de lançar as faixas, mas que o próprio disponibilizaria evidências que, de acordo com ele, lançariam dúvidas sobre as alegações de que estava em um relacionamento abusivo com a britânica.
“Se Lily quiser fazer essas alegações em suas canções, ela deve estar preparada para acusações muito sérias a serem contestadas”, disse o amigo.
Não haverá nenhum movimento legal feito para impedir o lançamento desta faixa em particular. Mas a pessoa acusada de cometer esses atos está convencida de que possui as evidências para refutar a alegação. Eles estão preparados para combater fogo com fogo.
Ainda que a informação divulgada pelo Daily Mail não tenha sido confirmada pela artista, Lily já havia revelado que estava autofinanciando seu tão aguardado novo disco, porém, acabou assinando com o selo Bertelsmann Music Group, que lançará o projeto ainda este ano.
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Quem é o executivo da indústria musical que assediou a artista?
Aos 36 anos e mãe de dois filhos, a voz de “Smile” passou por grandes reviravoltas nos últimos anos, após o colapso do seu primeiro casamento, além da luta contra um estilo de vida hedonista que ameaçava sua saúde e carreira.
Atualmente, a cantora vive o melhor de sua vida, no qual se encontra sóbria há dois anos, estreando no West End na peça “2:22 A Ghost Story” e casada novamente com o ator norte-americano David Harbor, de 46 anos.
No entanto, a trajetória de Lily foi marcada por episódios que violaram tanto seu corpo quanto o seu psicológico já afetado por vícios e más experiências na cena da música.
Em entrevista ao The Guardian no ano de 2018, a britânica relatou detalhadamente o momento em que foi agredida sexualmente enquanto dormia ao lado de um executivo da indústria, alertando que abusos semelhantes são comuns no meio do entretenimento.
Lily explicou que o homem – que ela queria nomear em seu livro de memórias “My Thoughts Exactly”, mas não o fez após aconselhamento jurídico de seu editor – a acomodou em seu próprio quarto de hotel depois que ela foi “esmagada” em uma festa e a deixou dormindo. Alegando:
Acordei às 5 da manhã porque podia sentir alguém ao meu lado pressionando seu corpo nu contra minhas costas. Eu também estava nua. Eu podia sentir alguém tentando colocar seu pênis dentro da minha vagina e batendo na minha bunda como se eu fosse uma stripper em um clube. Afastei-me o mais rápido possível e pulei da cama, assustado… Encontrei minhas roupas rapidamente… e corri para fora do quarto dele para o meu.
Allen afirmou que se sentiu culpada por estar bêbada no momento do ataque e frustrada por não ter confrontado ou reportador o comportamento do assediador. Além disso, artista disse que continuou trabalhando com ele, expressando que se sentiu silenciada porque o executivo possuía mais poder e dinheiro do que ela, e que ela temia ser rotulada de “histérica” e uma “difícil mulher”.
“Esperava que ele não se aproveitasse de minha fraqueza. Me senti traída. Tive vergonha. Eu senti raiva. Eu me senti confusa”, escreveu a cantora.
A ganhadora do Brit Awards relatou que não denunciou o caso, pois não via razão para isso e temia ser vista como não confiável. “Se as coisas caíssem, eu disse a mim mesma, ele venceria.” Ela acrescenta que, no momento, viu o incidente de maneira abaixo do relatável. “Qual foi o crime? O executivo da indústria fonográfica não me estuprou. Eu deveria relatar alguém experimentando? (Resposta: sim.)”
Em sua fala, Lily Allen destacou que não é a única artista a viver tal experiência, enfatizando que a indústria fonográfica está “repleta de abusos sexuais” e indicando que deveria haver “um sindicato adequado para músicos”, com uma organização exclusivamente feminina.
O que poderemos encontrar no novo disco de Lily Allen?
Como já dito antes, é esperado que o nome de cada abusador da cantora esteja presente como título das canções do álbum, esse que permanece ainda sem nome.
Mas embora tudo isso seja rumores, é fato que a britânica não permanecerá em silêncio por muito mais tempo no seu próximo trabalho, já que a própria sempre usou da sua arte, voz e plataforma para tratar de assuntos sérios.
Abordando desde machismo a homofobia nas letras de seus discos, Allen tem tudo para impactar novamente a indústria através do excelente trabalho que vem fazendo há mais de uma década no cenário musical.
Anteriormente, a artista declarou que o abuso sexual é ‘predominante’ na indústria da música e muitas pessoas ainda estão em silêncio sobre o assunto, apesar da ascensão do movimento #MeToo.
Ou seja, além de explanar a identidade de cada agressor sexual que a atacou, Lily prepara um álbum que também vem recheado de críticas ao cenário fonográfico que desde sempre oprime e coloca artistas femininas em situações de vulnerabilidade, sem dar a elas o devido suporte.
Em 2019, a britânica revelou que sua gravadora deixou de agir depois que ela denunciou a agressão sexual cometida por tal figura da indústria. “Eu realmente sinto que minha carreira foi prejudicada como resultado de falar sobre essas coisas”, disse Allen.
A dona de “Alright, Still” disse a um executivo-chefe da Warner Music Records que havia sido abusada sexualmente, mas que acredita que o homem responsável ainda trabalha para a empresa. Quando perguntada pelo apresentador do “The Next Podcast”, Miquita Oliver, se a gravadora tomou alguma medida como resultado das afirmações de Lily, ela respondeu: “Não.”
Até o momento, não há maiores informações a respeito do lançamento do LP e nem o posicionamento da cantora, mas já é esperado a sua disponibilização nas plataformas até o fim deste ano pela BMG.
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