Abel Tesfaye sempre foi um artista que sabia exatamente o que queria, como queria e como fazer. Após o lançamento de “Beauty Behind The Madness” (2015) ter finalmente acertado o ritmo e ganhado notoriedade, The Weeknd optou por não repetir a dose em “Starboy” (2016), mas fazer algo ainda melhor.
O terceiro álbum da carreira do cantor inicia e termina como um ciclo fechado. Com todo o perdão pelo trocadilho, “Starboy” é verdadeiramente como um evento astronômico – uma viagem que, quando se menos espera, já acabou. Inicia com o single homônimo e gravita pelo R&B, soul music e o new wave forte em “False Alarm”, “Rockin’” e “Secrets”, e finaliza com a excelente “I Feel It Coming”. Ainda que dê a sensação de “quero mais”, não deixa a desejar. E, mesmo cinco anos depois, ainda é um álbum excelente para se escutar numa pista de dança ou tomando um café durante o dia. Ou seja, ideal para qualquer momento.
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Experimentações de The Weeknd em “Starboy”
Bem recebido pela crítica, o disco contou com parcerias que, nesta década, ficaram datadas, mas não de maneira negativa. Percebemos a forte influência de Daft Punk e do “Random Access Memories”, que marcou 2013 como um dos melhores discos do ano, especialmente por contar com a produção de Guy-Manuel de Homem-Christo.
O uso de sintetizadores tornou-se uma febre após o sucesso de “Instant Crush”, trazendo a tendência oitentista a marca da década 2010 e que percebemos não ter sido derrotado – vide os sucessos de “Future Nostalgia” (de Dua Lipa), e da sequência de hits do próprio The Weeknd, em “After Hours” (2020).
Além de ter o próprio Abel como boa parte da composição e produção do álbum, “Starboy” também conta com a parceria de Lana Del Rey e Kendrick Lamar. Em dezoito faixas, o disco busca extravagância em sutileza, o que torna os singles, não somente performáticos, mas também elegantes.
Diferente de outros álbuns de sua carreira, desta vez Abel parecia procurar fazer algo mais sólido ao invés de somente se divertir (como vimos em “I Can’t Feel My Face” anos atrás). Com todas as composições assinadas em seu nome, o artista é, ainda, um dos poucos que tem suas próprias vivências, angústias, paixões e corações partidos contadas por si.
Percebe-se que, premeditando os próximos passos da carreira, houve um investimento maior no pós-produção, com elementos musicais mais bem elaborados, que conversam com toda a sua discografia. Podemos dizer que, desde então, não houve nada que Abel tocou que não virou ouro.
Finalmente consolidado como uma das principais vozes dessa geração, “Starboy” foi o álbum que construiu, principalmente, um padrão de qualidade e marca o seu próprio estilo. Décadas a frente, saberemos reconhecer de longe a melodia – e ainda teremos boas memórias sobre.