Katy Perry é uma das artistas pop mais influentes dos últimos 15 anos. Desde que estourou com seu hit “I Kissed a Girl” em 2008, Perry construiu uma carreira marcada por sucessos como “Firework” e “Roar“. Seus álbuns “Teenage Dream” (2010) e “Prism” (2013) consolidaram seu status como ícone pop, trazendo uma mistura de elementos coloridos, otimistas e mensagens de empoderamento. No entanto, nos últimos anos, sua carreira tem enfrentado altos e baixos, primeiro com o “Witness” (2017), e depois com o “Smile” (2020), recebendo críticas mistas e levantando questões sobre sua reinvenção em uma indústria que sofre constante mudança.
Com o lançamento de seu novo álbum, “143“, nessa sexta-feira (20), Perry busca retornar ao centro das atenções, apostando em um som nostálgico e experimental que remete ao europop. O projeto, que envolve colaborações com nomes conhecidos como Kim Petras, Doechii e JID, e um mix de produção com diversos sintetizadores, reflete o desejo de Perry de equilibrar sua identidade artística com as novas tendências do pop. No entanto, o disco soa datado e são poucos os grandes destaques presentes.
Review: “143”, de Katy Perry, luta para se reinventar no pop atual
O lançamento do novo álbum de Katy Perry, “143”, marca uma tentativa de retorno a uma sonoridade mais nostálgica e experimental, mas com resultados mistos. Desde o seu último álbum, “Smile” (2020), a expectativa em torno deste novo trabalho era grande, especialmente por ser uma chance para a cantora reafirmar sua relevância no cenário pop. Porém, “143” parece lutar para encontrar o equilíbrio entre o revival do europop e uma abordagem moderna, deixando a sensação de que o projeto soa datado e deslocado em relação aos seus anteriores.
Em termos de estrutura e produção, o álbum traz alguns momentos ótimos, como em “Gorgeous“, que coloca Perry ao lado de Kim Petras, criando uma excelente parceria e que produção lembra a sonoridade de “E.T.” e até mesmo “Unholy”, hit de Sam Smith com Kim. Da mesma forma, “Artificial“, parceria com JID, é um destaque com sua pegada mais obscura, enquanto “I’m His, He’s Mine” traz uma sonoridade muito mais agradável, trazendo uma nostalgia imediata ao samplear a clássica “Gypsy Woman”, de Crystal Waters.
Por outro lado, “143” apresenta falhas evidentes. A faixa de abertura, “Woman’s World“, é um início desajeitado, com sonoridade e lirismo que não conseguem sustentar o impacto inicial esperado. Parece que a canção recebeu mais destaque pela controversa parceria com o produtor Dr. Luke, acusado de abuso sexual pela cantora Kesha, do que por si própria.
Outra faixa que não empolga é “Crush“, que apesar de tentar brincar com o europop, soa superficial. Outro ponto são as composições, que não chegam a ser profundas ou memoráveis.
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Enquanto o álbum mostra alguns vislumbres do potencial criativo de Katy, a sensação geral é de que ela está desconectada da nova geração de artistas pop e que talvez seja a hora de trabalhar com produtores que estejam mais engajados com as produções atuais. Apesar de sua energia colorida e despretensiosa, que tanto a definiram no passado, “143” no geral soa datado com lapsos de bons momentos.
Criando um paralelo, o disco na carreira de Katy seria o mesmo que foi o “Britney Jean” na carreira de Britney Spears: algumas escolhas erradas na equipe de criação do disco com um resultado datado e artificial. Porém, o álbum seguinte de Britney, “Glory”, foi um dos melhores de sua carreira – sem grandes hits, mas no qual ela se encontrou com a sonoridade que melhor funcionava a ela no momento. Esperamos que isso também aconteça com Katy.
Em resumo, “143” não é um álbum catastrófico, mas também não é um disco que naturalmente se quer ouvir novamente. Ele oferece algumas faixas interessantes e momentos de brilho, mas luta para se manter relevante no panorama atual. Embora o estilo excêntrico e alegre de Katy ainda tenha apelo, há a sensação de que ela precisa encontrar uma nova direção criativa se quiser permanecer uma figura que já nos trouxe tantos hits.
Nota: 6/10
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