Por Tarcisio Boquady – O Red Hot Chili Peppers se apresentou pela primeira vez em Brasília na noite de ontem (7). A banda californiana formada em 1983, que marcou a geração millennial com incontáveis hits clássicos dos anos 90 e 2000, postou fotos em suas redes sociais de fãs em frente ao local do show na capital – o estádio nacional Arena BRB Mané Garrincha.
Após 6 anos sem lançar álbum de inéditas, o Red Hot Chili Peppers se mostrou bastante hiperativo ao lançar dois álbuns apenas em 2022 – “Unlimited Love” e “Return of The Dream Canteen”. Como se não bastasse, também no ano passado, a banda iniciou a maior turnê de toda a carreira, passando por mais de 40 países. E foi com todo esse pique que eles desembarcaram na capital com show surpreendente que agradou tanto os fãs sedentos por músicas novas quanto o público mais ligado aos hits.
Essa tour pelo Brasil, que começou dia 4 de novembro no Rio de Janeiro, marca também as primeiras apresentações em 21 anos do guitarrista John Frusciante junto à banda no Brasil. Guitarrista da formação original, John saiu e voltou a integrar a banda duas vezes, sendo o último retorno em 2019. A última vez que se apresentou com a banda no Brasil foi em 2002, na turnê do álbum “By The Way”, o que deixou os fãs brasileiros mais ansiosos para enfim ver a banda em sua formação original mais uma vez.
Red Hot Chili Peppers em Brasília: melhores momentos do show
A introdução instrumental que abre o show, comandada pelo baixista Flea, pelo baterista Chad Smith e pelo guitarrista John Frusciante, cria uma intensa atmosfera de animação e expectativa até que enfim a banda se completa com a chegada do vocalista Anthony Kiedis.
De cara, a banda entregou os mega hits “Around The World“, “Scar Tissue” e “Dani California”, mostrando que aquele show seria bem diferente do show apresentado no Rio de Janeiro. E foi.
A grande surpresa para a noite em Brasília foi a alteração de praticamente todo o setlist em relação ao show do Rio, criando novas expectativas para o público que pesquisa as listas antes de ir aos shows. Dessas, apenas 5 foram repetidas – “Give It Away”, “Californication”, “By The Way”, Black Summer” e “Soul to Squeeze”.
De 18 faixas no show do Red Hot Chili Peppers no Rio contra 20 em Brasília, o grupo encontrou uma forma de não cair na monotonia repetitiva que muitos artistas enfrentam em grandes turnês, buscando novas possibilidades em seu vasto repertório.
Dos álbuns lançados em 2022, além de “Black Summer”, em Brasília eles tocaram “Aquatic Mouth Dance”, “Whatchu Thinkin’”, “These Are The Ways” – todas apenas de “Unlimited Love”, para a tristeza de alguns fãs. No Rio, eles tocaram duas músicas de “Return of The Dream Canteen“.
Além do talento, o carisma de Flea logo contagiou ao ser o primeiro a se direcionar diretamente ao público brasiliense. O baixista entrou plantando bananeira em seus plenos 61 anos, sendo um destaque que culminou ao apresentar a música “Pea”, tocada e cantada apenas por ele, com temática necessária anti-machista em um contexto de homem para homem.
Outro momento marcante foi quando o baterista Chad Smith jogou todas as baquetas disponíveis possíveis para o público antes do encore.
No encore, ao final do show, houve decepção por parte de muitos fãs por não terem tocado o clássico dos clássicos “Under The Bridge”, como tocaram no Rio. Parte do público se manifestou desapontado nas redes sociais pela exclusão da faixa.
No Instagram, a banda tem feito homenagens à música brasileira, publicando montagens do setlist de cada show com imagens de músicos nacionais. O setlist do show no Rio foi publicado com uma imagem da Tropicália, incluindo Os Mutantes, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Já o setlist do show em Brasília foi publicado com uma foto de Tom Zé.
E justo nessa imagem do setlist do show em Brasília, nota-se que a inclusão de “Under The Bridge” estava programada, porém por algum motivo mudaram os planos e apresentaram “I Could Have Lied”, encerrando o show de forma magnífica junto com “Give It Away”.
A banda evidenciou que vão acontecer muitos improvisos nos shows pelo Brasil. Não teria graça se eles não pudessem celebrar os 40 anos de estrada tocando com toda a liberdade que eles quisessem, com toda energia e vigor de sempre. Resta ao público celebrar junto, entrar na viagem e acompanhar as apresentações para saber quais serão as surpresas no setlist e as homenagens prestadas.