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Liberation: O consagrado retorno de Christina Aguilera

Não é exagero afirmar que este é o retorno mais aguardado dos últimos tempos. Depois de um longo período fora do cenário musical desde o seu derradeiro álbum Lotus (2012), Christina Aguilera garantiu a produção de um novo trabalho, mas o que ninguém imaginava é que demorariam 6 longos anos para ele ser lançado.

Desde o fim da era Lotus até o trabalho atual, Christina foi mãe pela segunda vez; participou de outras duas temporadas do reality The Voice; virou garota-propaganda de uma marca de biscoitos e, para não dizer que ficamos esse tempo sem novidades da loira, ela lançou a música “Change” em homenagem às vitimas do Massacre em Orlando, que completou dois anos nesse mês e também a up-tempo “Telepathy”, que fez parte da trilha sonora de “The Get Down”;

Depois de tanto esperar, seu oitavo álbum intitulado Liberation já está entre nós e podemos dizer que a espera valeu a pena. Ouvimos o novo trabalho e segue abaixo um review, faixa a faixa, sobre o retorno da “voz da geração”.

LIBERATION – Um belo interlude com pianos e violino onde é possível captar uma atmosfera gospel e, embora Christina não fale muito além de “Onde está você? Você está aí? Lembre-se”, é um momento de autorreflexão onde ela busca despertar seu lado artístico, fazendo alusão ao conceito do novo trabalho.

SEARCHING FOR MARIA – Outro interlude ainda sobre este lado artístico “adormecido” de Christina. Para quem não sabe, “Maria” também é o segundo nome dela e também  da personagem do filme “The Sound of Music” (Conhecido no Brasil como “A Noviça Rebelde”) que serviu como inspiração para a faixa a seguir.

MARIA – Produzida por Kanye West  – também responsável pela polarizada “Accelerate” – e contendo samples de uma música de mesmo nome do grupo Jackson 5, a faixa tem algumas influências urban e nos traz um arranjo interessante com instrumentos de cordas nos versos enquanto a música cresce para o refrão. Esta é provavelmente o maior acerto do álbum, trazendo vocais precisos e sofisticados de Aguilera enquanto ela passeia por uma letra que é um grito de liberdade e resiliência.

SICK OF SITTIN – Aparentemente, Maria despertou e resolveu liberar todos os seus demônios aqui. Enérgica e poderosa, “Sick of Sittin” nos transporta aos anos 60 com sua pegada  Rock inspirada por Janis Joplin. Logo de início, ainda mais pelo arranjo e o conceito da música, me remeteu bastante ao trabalho em “Stripped” onde vimos provavelmente a maior redenção de Aguilera. A música é sobre abominar os comodismos e se desprender do que a deixa estagnada, inclusive pelo nome da música, senti um cheiro de shade pro The Voice.

DREAMERS – Um interlude onde meninas expressam seus sonhos para quando crescerem. A importância de “Dreamers” começa na faixa a seguir, iniciando um novo momento do disco.

FALL IN LINE (ft. DEMI LOVATO) – O auge do “Liberation” sem dúvidas está aqui na tão aguardada parceria com Demi Lovato. “Fall in Line” é uma musica explosiva sobre união feminina e empoderamento, carregada de vocais poderosos. Basicamente um conselho das duas cantoras às garotas que ouvimos anteriormente aspirando sobre suas carreiras profissionais, incentivando-as a seguirem sonhando sem deixarem que as reprimam.

RIGHT MOVES (ft. KEIDA E SHENSEEA) – Quebrando o clima agressivo das faixas anteriores, aqui Christina desacelera e se joga no reggae, explorando novas texturas de sua voz numa música mais descontraída e com uma letra de duplo sentido. Honestamente, achei totalmente descartável as partes de Keida e Shenseea e justamente isso que me fez não gostar tanto desta faixa, mas tirando isso, é uma música de uma qualidade indiscutível.

LIKE I DO (ft. GOLDLINK) – Aqui, a confiança de Aguilera se eleva mais ainda, afirmando que ninguém consegue fazer como ela faz. Com influências R&B e harmonizando perfeitamente bem com o rap de Goldlink, Christina debocha do rapaz que tenta encher seus olhos aparentemente sem saber de toda a sua glória e do peso que seu nome carrega, coisa que ela deixa bem claro aqui.

DESERVE – Já de cara é a minha favorita do álbum inteiro. Composta pela talentosíssima Julia Michaels e por MNEK (“Never Forget You” de Zara Larsson) e com uma sonoridade ímpar em relação ao resto do álbum, “Deserve” tem uma letra extremamente passional e íntima, que poderíamos jurar ter sido composta pela própria Christina. Embora a parte lírica nos apresente um cenário amoroso, poderia associar até aos casos de instabilidade nos antigos trabalhos de Aguilera que não foram tão bem, podendo provavelmente ter causado à ela insatisfações, fazendo com que houvesse esse longo distanciamento. Seus vocais nessa faixa…INCRÍVEIS!

TWICE – Assim como “Deserve“, essa faixa também não tem os toques de Christina na composição, mas pelo conteúdo lírico intimista você jura que é. A primeira balada do álbum com influências do Soul nos remete a um cenário onde ela se autoanalisa e reflete sobre seus passos até aqui, e mesmo que aqui ela se mostre perdida, ela não pensaria duas vezes e faria tudo novamente, mostrando resiliência e força num refrão poderoso e vocais consistentes.

I DON’T NEED IT ANYMORE (INTERLUDE) –  Aqui, Christina respira aliviada e com mais força do que nunca para a última parte do disco.

ACCELERATE (ft. TY DOLLA $IGN e 2 CHAINZ) – O primeiro single do álbum causou bastante divergência entre os fãs, e não é para menos. Produzida por Kanye West, a música quando ouvida pela primeira vez, soa bastante confusa e muito bruta para processar em pouco tempo. Um arranjo acelerado (Conceito? Talvez) com sintetizadores subindo da ponte para o refrão enquanto Ty Dolla $ign intercala vocais com Christina e logo após o segundo refrão, a música mergulha no trap com 2 Chainz, descendo o ritmo e logo depois subindo de novo. Honestamente, eu não considero essa música um equívoco, inclusive é a minha segunda favorita do álbum, levando em conta o conjunto da obra. Claro que, como a maioria, precisei escutar diversas vezes até cair no meu gosto. Se não gostou, não tem problema. Democracia é isso!

PIPE (ft. XNDA) – Envolvente e sensual, “Pipe” nos traz vocais calorosos de Christina e novamente uma textura nova de sua voz. O desconhecido XNDA, na minha opinião, não agrega tanto na música; poderia ser apenas Christina; Não é uma faixa que se destaque, mas possui influências R&B e uma melodia bastante despojada e um tanto contagiante.

MASOCHIST – Provavelmente a faixa com pegada mais Pop do que todas as outras, “Masochist” é mais uma letra intimista sobre saber que algo faz mal para você, mas ainda sim você querer ter. Aguilera novamente apresenta consistentes vocais enquanto passeia pela letra da música, derramando toda sua alma.

UNLESS IT’S WITH YOU – A maior demonstração de amor de todo o disco. A cantora abre o jogo e expõe seu sentimento com a maior honestidade para seu amado e diz que com ele quer correr todos os riscos. Na minha opinião, a melhor faixa em relação aos vocais dela.

CONCLUSÃO

Liberation é o comeback que supera as expectativas dos fãs que aguardavam fervorosamente o retorno de Christina Aguilera. Tem músicas poderosas, letras honestas e deixa bem claro que liberdade é fazer coisas que nos trazem paz. Aqui, Aguilera é totalmente desprendida em sua jornada de autodescoberta e retomada de identidade artística. Ela busca emitir mensagens de motivação e que toque o coração de seus fãs para que jamais abram mão de sua individualidade, pois isto os tornam especiais. É uma história de guerra interna, frustrações e incertezas até a retomada do controle por si só. As maiores falhas estão nas colaborações em algumas músicas que não soaram tão boas quanto era esperado, mas as qualidades do disco pulverizam esse detalhe.

DESTAQUE PARA: “Maria”, “Deserve” e “Unless It’s With You”

NOTA: 9,0/10

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