Brasília essa semana fez 54 anos. Para muitos , a cidade ainda tem aquele estigma de de capital do rock, que pode superficialmente significar: somos os filhos da revolução, somos burgueses sem religião, somos o futuro da nação, geração coca-cola! Veja bem, a cidade tem um passado musical histórico e um futuro promissor, musicalmente falando. Surgiram novas bandas com o passar dos tempo, e que bandas. Uma galera bacana que põe a mão na massa, sem medo de fazer um som bacunudo, vai mudando a cena musical da cidade e do país.
Hoje, conversamos com uma banda que faz um barulho delicioso que ecoa na quadras da cidade. É a Voxolder. Descobri o show deles no CCBB e me vi surpreendida. Mandei o link do som dos meninos e menina para alguns amigos, a reação foi aquelas de espanto caloroso : “É daqui mesmo? Você tem certeza que essa banda é de Brasília?” Sim, eu tive a certeza que a banda era daqui quando conversei com Guilherme, o baixista. E hoje, eu estou aqui para mostrar que existe um safra muito boa de músicos brasileiros, deixando no chinelo muito gringo por aí. Que achado!
O Cenário da cidade vem mudando e pra melhor, bandas como: Sexy Fi, Bikinis, Voxolder, etc mudaram a cena musical de Brasília e fizeram com que essa cena fosse mais heterogênea, mais diferenciada como o que costumamos ouvir, mas o que a galera quer mesmo é se divertir. Aparentemente não falam em turnê, mas se rolar, rolou!
A mistura de sons e as reais influências de XX e Beach House, me deixou muito mais curiosa pra saber quem eram essas pessoas. Eu pensei que muita gente, vocês leitores principalmente, além de mim, poderiam está pensando: “meu deus e hoje, hein? o que eu vou ouvir? Tenho a resposta. Enquanto escuta a deliciosa e brisante música do Voxolder, leia a entrevista que eu fiz com eles. Tá bem gostosinha de ler, assim como o som dos caras. Confere!
Curtiu o som? Agora, se liga na entrevista:
TRACKLIST: Voxolder, não é um nome comum, né? De onde veio esse nome?
GUILHERME – VOXOLDER: O nome veio de algum lugar obscuro na minha cabeça. Sempre gostei do nome Weezer e queria que a banda tivesse algo parecido. Achava que bandas que terminam em “er” são sempre mais bacanas. A única coisa que me vinha era older, daí quis colocar algo na frente. No começo, foi Boxolder, mas não curtimos muito. Desse nome pro Voxolder foi um passo e, no final, parece Vocoder, o que é bem legal.
TRACKLIST: A banda é composta por quantas pessoas?
GUILHERME – VOXOLDER: Bom, nós somos o Voxolder =) A banda hoje é composta por 5 pessoas. Eu, o baixista, Rafael, responsável pelos samples e alguns teclados, Bruno, tecladista, Flavio, guitarrista, e a Kameni, a vocal da banda. Nos shows ao vivo, ainda contamos com um baterista, Marcius, nosso amigo.
TRACKLIST: Percebi algumas influências no som de vocês, do tipo Jagwa Ma, talvez um Crystal Castles e as batidas me lembraram muito as coisas que o Jamie XX faz, é bem experimental né? as batidas, o synthi, tem um mistério ai. Como é…que tipo de influência vocês se inspiram para fazer o som de vocês?
GUILHERME – VOXOLDER: Inegavelmente, XX é uma influência. Outra influência é James Blake, que, apesar de não aparentar tanto, foi um show dele que nos levou a montar essa banda. Outra banda de quem praticamente chupamos nossa primeira música é o Phantogram. As nossas melodias são um pouco mais pro Dream Pop que pro eletrônico, qualquer que seja a variante. Uma banda de que gostamos muito é o Beach House. De resto, acho meio difícil enumerar maiores influências, pois cada um na banda acaba tocando de acordo com o que gosta. Temos desde fã de hardcore até pessoas influenciadas pelas harmonias do Roupa Nova. No eletrônico, a unanimidade é Portishead e trasheiras dos anos 90, como Corona e afins. O vídeo a que você se refere, creio eu, foi uma versão que fizemos pra Bud, música nossa. Foi preparação pro nosso primeiro show. Queríamos fazer algo diferente e acabamos gravando uma versão acústica. O brinquedo é um xilofone do Rafa, no qual o Flavio tocou um pedaço de alguma música do Radiohead que não me lembro agora.
TRACKLIST: O que vocês acham desse novo cenário musical de Brasília, a cena não é mais a mesma, mudou bastante e pra melhor, o que acham disso?
GUILHERME – VOXOLDER: Brasília está bem legal quando se fala em bandas autorais. Assim como a cidade, a música tem se mostrado bem diversa. Temos bandas fazendo eletrônico de primeira, como o DeltaFoxx, bandas lo-fi, como o Bikinis, bandas de rock de verdade, como Cassino Supernova, Tiro Williams. Mesmo tendo sido berço de um movimento musical há uns anos atrás, não percebo mais Brasília como uma cidade dentro do eixo da música nacional, infelizmente. Isso acaba fazendo com que as bandas dependam somente de si mesmas pra se mostrar. Por isso que a cena tem se fortalecido e as bandas estão cada vez mais se juntando, sem considerar o estilo. Temos festas semanais em que bandas daqui se apresentam, como a Moranga e Suave, festivais como o Picnick e o SoFar e casas noturnas que abrem espaço fixo pra bandas autorais, como a Velvet. Existe um coletivo entre essa galera querendo fazer som próprio e o maior interesse, pelo que vejo, é tocar junto e se divertir.
TRACKLIST: Tem turnê prevista? Quais os lugares que tocaram, além de Brasília?
GUILHERME – VOXOLDER: Nunca conversamos sobre turnê ou algo do tipo. Acho que, no máximo, cogitaríamos tocar em Goiânia. Todos na banda possuem seus compromissos, incluindo até filhos. . De toda forma, seria algo muito legal. Talvez, quando o nosso primeiro disco sair, a gente agite uma turnê.
TRACKLIST: Para finalizar, esse papo: O que estão ouvindo ultimamente?
GUILHEME – VOXOLDER: Vamos lá: eu tenho ouvido muito Nick Cave, Cloud Nothings, Future Islands, Off!, Backstreet Boys e Rouge. O Bruno está há 25 meses ouvindo John Grant e o Marcius está há 25 anos ouvindo Pink Floyd. A Kameni está ouvindo Ape X e Glorie, o Flavio deve estar ouvindo Andrew Bird e o Rafa está ouvindo tudo isso, além de Raça Negra e Kendrick Lamar.
Um entrevista cheia de referências boas. Agora é só mergulhar no mundo da Voxolder e curtir a música do pessoal.