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Muse faz show direto e marcado por sucessos no Rio de Janeiro

Em sua terceira passagem pelo Rio de Janeiro, o Muse voltou com um show para um público menor do que o recebeu em sua última passagem pela cidade, na edição de 2013 do Rock in Rio. Porém, a (grande) diferença não transformou o show em uma apresentação simplória; com muitos jogos de luzes, vídeos nos telões, chuva de papel picado e grandes bolas pretas (!), o trio formado por Matthew Bellamy (voz e guitarra), Christopher Wolstenholme (baixo) e Dominic Howard (bateria) – com participação do tecladista Morgan Nicholls – levou o público carioca ao êxtase com a turnê do mais recente álbum “Drones”; mas o que realmente levantou as pistas e cadeiras do HSBC Arena foram os sucessos mais antigos do grupo.

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O álbum, sétimo da banda, lançado em junho deste ano, traz um discurso político em suas letras: são retratados o controle de guerras modernas, a relação entre grandes corporações e a humanidade e o impacto da tecnologia neste viés (como, por exemplo, o uso dos próprios drones). Entre as doze faixas que trazem maior peso nos arranjos de guitarra, duas são rápidas vinhetas; entre elas, Drill Sergeant, que traz uma dura repreensão militar. A faixa antecede a música “Psycho”, e essa dobradinha foi a que iniciou o show às 22:30 na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade, com uma hora e meia de duração.

A apresentação começou com boa sincronia entre a banda e seguiu com “Reapers”, também do último álbum. Foi no intervalo entre a segunda e a terceira música que Matthew cumprimentou o animado público; público este que empolgou ainda mais com “Plug In Baby”, do álbum “Origin of Symmetry” de 2001 – a música mais executada da banda em todos os seus shows – logo em seguida. O refrão foi cantado em coro pelos presentes sem a voz de Bellamy – fato que se repetiu em outras canções mais antigas da banda.

Durante a performance, o jogo de luzes fazia um show à parte, contrastando com os riffs e as batidas dos instrumentos. De fato, os shows do Muse são sempre muito visuais e acompanhados de vídeos e efeitos. As imagens que apareciam nos telões eram acompanhadas de efeitos que remetiam a aparatos tecnológicos modernos, o que carrega a identidade do álbum “Drones” como um todo.

O show seguiu com “The Handler”, e, em seguida, parte do clipe de “The 2nd Law: Unsustainable”, do disco “The 2nd Law”, de 2012, nos telões. “Dead Inside”, primeiro single de “Drones”, aumentou a expectativa do público, que cantou junto na maior parte do tempo. “Hysteria”, do álbum “Absolution”, de 2003, uma das mais performadas da banda, também foi um dos pontos altos do show, no qual a platéia foi ao delírio.

Ao fim desta apresentação, Matt afirmou que a banda tocaria uma música bem antiga. Dito e feito: “Muscle Museum”, do álbum de estréia “Showbiz”, de 1999, ecoou na casa de shows, o que deixou os fãs, especialmente os mais antigos, extasiados. A música foi tocada apenas seis vezes neste ano, sendo a última vez em agosto, em Londres. A inclusão de “Muscle Museum” foi a única diferença em relação ao setlist da Argentina, show mais recente até então, que tomou o lugar de “Citizen Erased”, de 2001. Até então, foi pouco o contato com os espectadores, porém, isso não diminuiu a sintonia entre banda e público. Era nítido o quanto a presença de um era importante para o outro, especialmente nos gritos entoados pela platéia: “olê, olê, olê, Muse, Muse”, já conhecidos pelo grupo e recebidos com emoção. A apresentação seguiu com “Apocalypse Please”, de 2003, no piano e muitas palmas no ritmo da canção. Em seguida, Matt saiu do palco, deixando Wolstenholme e Howard para tocarem “Munich Jam/Drones D&B”, com direito a solo de baixo bem próximo ao público.
E foi a partir de “Madness” que o show, até então muito bem receptivo pela platéia, tomou proporções maiores. A tal da sintonia entre ambas as partes foi aos extremos com a performance dos clássicos da banda. Tanto a galera que estava presente nas pistas quanto nas cadeiras entrou, ao mesmo tempo, na mesma vibração.

“Madness”, mesmo mais lenta em relação às outras canções – e, aqui, refiro-me ao “lenta” de modo “sensual” -, foi recebida com o público balançando os braços e entoando a música a plenos pulmões. Não preciso nem mencionar que a faixa seguinte, “Supermassive Black Hole”, do aclamado álbum “Black Holes and Revelations”, de 2006, alavancou ainda mais o HSBC Arena, que pulava e dançava ao som de uma das canções mais conhecidas do Muse. Acompanhada da famosa “Time is Running Out”, de 2003, as palmas e os gritos para a banda se fizeram ainda mais presentes, com direito a Howard acompanhar o ritmo das manifestações com sua bateria. Logo, entrou “Starlight”, de 2006; na minha opinião, uma das músicas mais bonitas do trio. Parece que não sou a única a achar, já que vi algumas pessoas bastante emocionadas com a performance. Bellamy foi mais próximo do público, o que me fez lembrar da passagem no Rock In Rio 2013, que, na mesma música, o vocalista desceu do palco para cantar junto à platéia. A canção foi seguida de “Uprising”, do álbum “Resistance”, de 2009, no qual o pessoal novamente cantou sozinho o conhecido e poderoso refrão, onde também se esticaram braços, fecharam-se punhos e balançaram cabeças. A música se encerrou e a banda saiu do palco com enormes bolas pretas sobrevoando por cima do público, que se distraiu brincando com as mesmas até o grupo voltar com o bis.

Foto: Luciana Lino

“Mercy”, do “Drones”, foi uma das músicas do último álbum que mais empolgou o público, especialmente com a chuva de papel picado que caiu por cima. A noite se encerrou com a grande performance de “Knights Of Cydonia”, de 2006, introduzida pela música “Man With a Harmonica”, de Ennio Morricone, tocada por Wolstenholme na gaita.

A canção, uma das mais poderosas do Muse, fechou com chave de ouro uma apresentação sem muitas enrolações e direta ao ponto, que apostou em seu visualismo para cativar ainda mais os presentes. Foi um show memorável, com grande entusiasmo por parte da banda e do público; público este de todas as idades e estilos: pais e filhos, casais, grupos de amigos e pessoas sozinhas – que, no fundo, não estavam tão sozinhas assim – se entusiasmaram com o que foi exibido, especialmente com as canções mais antigas. Até mesmo pais e membros de casais que não conheciam o Muse a fundo mostraram-se satisfeitos com o que viram. Inclusive, fãs chilenos compareceram ao show do Rio:

Foto: Feliphe Marinho
Foto: Feliphe Marinho

É o terceiro ano seguido que o trio britânico vem ao Brasil mostrar seus sucessos, e primeiro show solo desde 2008 no país (em 2014, a banda tocaria sozinha em São Paulo, mas precisou cancelar o show por problema de garganta de Bellamy e só se apresentou no Lollapalooza, com uma apresentação onde a voz do vocalista chegou a ficar “inaudível” em alguns momentos). Que não demorem muito para voltar, pois um público muito empolgado para vê-los novamente os espera.

Kita
A banda de abertura entrou às 20:45 e permaneceu no palco por volta de meia-hora. Oriunda do programa “Superstar”, apresentado na Rede Globo, o grupo, já ativo desde 2006, captou olhares de atenção e passos de dança da platéia. A banda formada por Sabrina Samn (voz), Renato Pagliacci (guitarra e teclados), Jayme Neto (guitarra), Guilherme Dourado (baixo) e Fausto Prochet (bateria) pareciam um pouco tímidos no palco, sem grandes performances, mas foi um show respeitável para um público específico, que aplaudiu e gritou o nome da banda. Na frente, ao final do show, um entusiasmado gritou “Vocês são f*da!”, e Sabrina devolveu o elogio: “Vocês que são”.

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