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Opinião: Met Gala é fundamental para renovar a união da moda com a música

O Met Gala, realizado na última segunda-feira (13), deixou muita gente com altas expectativas. O evento, talvez o mais importante do mundo da moda, além das fashion weeks, é famoso pela exibição de looks exuberantes e exclusividade. Planejado pela editora-chefe da Vogue, Anna Wintour, a lista de convidados é seleta, somada a uma temática central, tal qual uma festa à fantasia. O baile, que é formalmente chamado Costume Institute Gala, acontece com o intuito de levantar fundos para o Museu Metropolitano de Artes de Nova York.

Neste ano, com o tema “Na América: Um léxico da moda”, o evento retornou após um ano de hiato dado a pandemia da covid-19. Se a expectativa já era alta em anos “normais”, após esse ano de pausa, a antecipação foi ainda mais intensa. O evento é esperado, principalmente, por estilistas e designers. Afinal, é uma excelente oportunidade para expor o trabalho que, no corpo dos convidados, torna-se uma vitrine ainda maior para o mundo. 

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No Met Gala 2021, Timothée Chalamet e Lil Nas X vestiram peças de roupas que foram bastante comentadas nas redes sociais. Foto: Reprodução/Instagram/@lilnasx

Um dia após o Video Music Awards, promovido pela MTV também em Nova York, a participação de artistas do meio musical ficou mais latente. Isso porque, atualmente, boa parte das principais grifes do mundo já tem collabs com nomes como Travis Scott, Beyoncé, Pharrell Williams e Harry Styles. Somente neste ano, outras duas foram anunciadas: BTS x Louis Vuitton, e, neste mês, Gucci x Maneskin. Mas o que isso verdadeiramente significa?

Met Gala: Moda e música como meio de transgressão

“Os ícones da música são influenciadores gigantescos, e tudo o que eles incorporam as pessoas querem. Tudo o que eles participam, esgota. O mundo artístico influencia fortemente nos fãs, o que eles tocam vira ouro, têm um peso muito grande para as marcas”, explica Anna Boogie. Em conversa com o Tracklist, a stylist comentou a respeito dos principais looks da noite e que fizeram jus ao evento, como Billie Eilish e Lil Nas X, que de fato entregaram, além de roupas, verdadeiras performances.

Eilish,  inspirada na famosa atriz dos anos 1950 Marilyn Monroe, foi um dos grandes destaques da noite por seu grandioso vestido de tule nude da grife Oscar de La Renta. No entanto, algumas condições foram impostas para que ela topasse a parceria. Em entrevista para o The New York Times, o diretor criativo da grife, Fernando Garcia, comentou que pediu um acordo para que a marca não use mais pele de animal para a confecção de roupas. A prática, mesmo estando em discussão nos últimos anos, ainda não foi 100% abolida. Billie Eilish é vegana desde os 12 anos, e comentou que “é inacreditável que isso ainda não seja proibido em 2021”, e que estava feliz por ter sido uma catalisadora da ideia.

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Por muitos anos, a moda foi considerada como um ambiente de segregação e elitismo – como, em muitos casos, ainda é. No entanto, eventos como o Met Gala acendem o alerta de transgressão que ainda deve acontecer; cíclico e revolucionário. Foi um dos pontos que Lil Nas X, em três looks diferentes, nos trouxe. O vencedor de “Videoclipe do Ano”, com “Montero (Call Me By Your Name)”, trouxe a energia dos palcos para o tapete vermelho.

Desenhado pela Versace (grife que já tem o DNA da irreverência por natureza), um comunicado à imprensa revelou que a temática era um “conto de fadas gay”, contado em três partes. A primeira, composta por uma uma capa dramática, que representaria a realeza e a ocultação do seu verdadeiro eu. A segunda, uma armadura dourada inspirada na Medusa, símbolo da grife, que simboliza a proteção. E, por último, um macacão de cristal, a verdadeira revelação, seu verdadeiro eu.

A influência da música é algo tão catártico que artistas estão virando suas próprias grifes. É o caso de Rihanna, que, anos após o lançamento de “Anti”, seu último trabalho, tornou-se a mais nova bilionária da indústria – o que torna tudo ainda mais cômico: a pessoa mais rica da música, não faz mais música (pelo menos não como antes). Tudo isso a partir da consolidação da Fenty, sua própria marca de roupas e maquiagens. Muito mais do que somente hits, os artistas da atualidade vendem verdadeiramente estilos de vida – e, graças à internet, muito mais próximos do público.

Essa comunicação, que ultrapassa as esferas de palcos e passarelas, é importante, principalmente, para o consumidor do futuro. Afinal, com artistas que cada vez mais estão atentos às transformações necessárias na indústria (e brigando por isso), mais somos beneficiados com marcas que precisam se encaixar para serem aceitas nas comunidades. E, se por muitos anos eram essas mesmas grifes que determinavam tendências, comportamentos e padrões, agora a regra do jogo mudou, com esses novos nomes da música colocando as cartas na mesa.

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