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“Like A Prayer”: há 30 anos, Madonna lançou o disco mais importante do pop

Por diversos fatores – que renderiam vários textos no Tracklist, e inclusive alguns deles você encontra aqui -, Madonna é tida como a rainha do pop e este é um título que será eternamente dela. Mesmo criticada duramente ao longo da carreira, ela sempre mostrou o poder do seu talento e o quanto era capaz de promover a mudança no mundo.

A maior prova disso provavelmente é o disco “Like A Prayer”, que reforça não só o quão refinado e visceral é o seu talento como também é, como disse na época à revista Rolling Stones, “o mais perto que o pop já chegou da arte”. É um verdadeiro marco na história da música, principalmente levando em conta a época do seu lançamento.

No final da década de 1980, a onda conservadora e extremamente religiosa tornava a situação daqueles tempos bem repressora e complicada para aqueles que se opunham à ideologia de extrema direita, isso sem contar as grandes polêmicas da época: a AIDS era vista como uma condenação divina aos homossexuais; as mulheres eram julgadas constantemente por optarem por vestimentas curtas, e muitas das vezes até pelo fato de ousarem colocar sua voz em foco para serem ouvidas; a brutalidade com que afro-americanos eram tratados pela força policial – e isso nem gerava tanta comoção por parte da população, entre outras.

Levando em conta esses principais fatos, por que o “Like a Prayer” é tido com um trabalho revolucionário e importante até os dias contemporâneos?

Temas do álbum e sonoridade

Produzido por Patrick Leonard, Stephen Bray e uma participação tremendamente especial de Prince, “Like a Prayer” possui uma estrutura melódica centralizada no pop, mas que também mergulha em subgêneros como dance-pop e o pop rock que ganhavam força na época, além de também conter influências gospel e funk. Ao longo de 51 minutos de duração, Madonna fala sobre relacionamento abusivo, perda materna, espiritualidade, força feminina além de criar duplo sentido – mais precisamente na faixa-título – entre sexo e religião.

Ao mesmo tempo em que cativa e faz o ouvinte dançar, o álbum também promove o senso crítico para questões importantes principalmente para a época em que foi lançado. Em especial, “Like a Prayer” certamente foi a faixa mais famosa da era por envolver a esfera religiosa e, juntamente com seu clipe, falar tanto da discriminação racial quanto sobre o falso moralismo por parte da igreja que, ao invés de abraçar aos que precisam, os puniam.

Além da faixa título, o disco teve outros 5 singles: “Express Yourself” que fala sobre empoderamento e luta pelo direito de ser o que quiser; “Cherish”, que trata da devoção e entrega em um relacionamento; a maravilhosa “Oh Father”, que possui uma instrumentação de cordas e bateria eletrônica falando claramente sobre a relação com seu pai que ficou conturbada após a morte de sua mãe; “Dear Jessie”, cuja inspiração foi a filha do seu produtor Patrick Leonard – diferente do clipe de “Oh Father”, tem uma atmosfera mais divertida e descontraída representando uma infância saudável em uma animação, provavelmente um dos clipes menos conhecidos de sua carreira; e “Keep it Together”, que fala sobre a importância de ter uma família, com lançamento apenas nos EUA, Japão e Canadá.

Conscientização e luta contra a AIDS

Numa época em que tratar abertamente sobre a importância do preservativo durante o sexo, falar sobre AIDS e fomentar discussões sobre o assunto era visto com desaprovação pela mídia e por instituições religiosas, Madonna resolveu unir o útil ao agradável e cooperar para a quebra de tabus envolvendo a doença colocando em cada cópia do seu disco um folheto informando sobre HIV/AIDS. Poderia ser desastroso para sua imagem na época, mas se foi, acredito que nem ela liga. Apenas tem a sensação de dever cumprido: prosperou e ajudou a salvar vidas.

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Folheto que vinha dentro do disco informando sobre HIV/AIDS


“Like a Prayer” unindo o pop e a arte

Apesar de muitas coisas terem mudado ao longo desses 30 anos, a arte e a importância do disco ainda prevalecem. São temas contemporâneos e tratados pela artista com total responsabilidade, inclusive muitos deles retirados de sua própria vivência e servindo não só de exemplo como de motivação aos que ainda atravessam dificuldades similares. É, certamente, um gatilho para a coragem e luta e que transcenderá os tempos.

Madonna literalmente soube tocar em pontos fortes de uma sociedade retrógrada e hipócrita ao mesmo tempo em que serviu como elemento de importância para fazer sua verdade prevalecer. Hoje, ela lançou uma versão do álbum em comemoração aos 30 anos contendo remix de algumas faixas e uma inédita. Confira:

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