Por Maria Fernanda Villas e Ana Luisa Porto
“Nossa, 10 anos!“, foi a primeira coisa que IZA disse ao lembrar que já faz 10 anos que ela começou o curso de publicidade na PUC-Rio. Nesta quinta-feira (21), a cantora de 27 anos visitou a universidade, na qual que se formou em 2013, para bater um papo, mediado pelo professor de Cinema e Literatura, Sergio Mota, sobre música pop no Brasil, a indústria dos “singles” e videoclipes, e representatividade na arte e na vida. Rolou linha do tempo dos clipes, dica pra quem quer seguir a carreira musical e até feat. com aluno fã da diva.
Seguindo o clima nostálgico, assistindo seus primeiros covers, IZA lembrou de como já foi muito insegura também. Ela brincou dizendo que a impressão era a de que estava pedindo desculpa por estar cantando e que parecia estar prestes a chorar no final do vídeo porque ficava envergonhada para se apresentar. E quem diria! Apesar da timidez inicial, o Youtube foi a vitrine perfeita para mostrar que cantar era o que ela realmente queria e criar um portfólio. Ainda sem assessoria, foi a própria IZA quem mandou os covers para o presidente da gravadora na cara e na coragem. E não é que todo o esforço foi compensado? Em 2016 ela assinou com a Warner Music e daí pra frente foi só festa (e muito trabalho também!).
“A gente precisa escolher fazer pra vida aquilo que faríamos de graça, e a única resposta que veio foi a música.”
Agora, IZA atingiu outro patamar e deu início a uma nova etapa de sua carreira. No começo de junho foi sua estreia como apresentadora do programa Música Boa Ao Vivo, do Multishow. E ela não decepcionou, deixou todo mundo babando! Além de estar linda de morrer mostrando o vozeirão, ela fez tudo isso muito bem acompanhada de Zeca Pagodinho, Maria Rita e Thiaguinho, que foram os convidados da primeira noite.
Ela contou que significa muito participar de um projeto que é super importante para a televisão brasileira, e que é muito bom ver gente acreditando em seu trabalho e em seu potencial. Como a primeira apresentadora negra do canal, IZA se emocionou ao falar da responsabilidade que sentiu no primeiro dia do programa, e disse que esse momento seria uma vitória tão grande quanto se fosse qualquer outra mulher negra nessa posição.
Sobre seu primeiro álbum de estúdio, o Dona de Mim, IZA disse que foi meio inesperado. Na era dos streamings, singles e videoclipes, muitos artistas, especialmente brasileiros, não lançam mais álbuns completos. Ela e a equipe estavam tentando decidir qual seria seu próximo single, e acabou que dentre as mais de 50 músicas gravadas, 14 canções foram selecionadas. Então, IZA resolveu lançar um álbum e amadurecer a ideia de parcerias.
Uma das parcerias mais empolgantes foi a com a rainha do Brasil, Ivete Sangalo. Inclusive, ela chegou a atrasar o lançamento do single para que Veveta pudesse dar seus toques finais e colocar a cara dela na música também. IZA também é fã, gente como a gente! A cantora pop também ressaltou que pra ela, o mais importante não são os números de streaming, mas sim apresentar um trabalho de qualidade. O resto é consequência. Segundo ela, ser verdadeira é o que funciona e a faz ter confiança para tirar as ideias do papel e fazer o que realmente acredita.
Outra novidade na carreira de IZA é que seu primeiro show autoral está no processo de organização e ela disse que está amando muito tudo isso. Antes, ela fazia um show de uma hora e meia com apenas três músicas de autoria própria, agora ela produz uma proposta com uma identidade cada vez mais forte para se afirmar como artista. Não só isso, IZA contou que já tem dois singles definidos, mas que é surpresa. E não para por aí, os dois já estão com clipe roteirizado e tudo! Como faz pra conter a ansiedade agora?
IZA também falou sobre como foi se tornar musa inspiradora para algumas pessoas, e o como é louco saber que ela já salvou a vida de alguém com a música. Disse que é uma tarefa e tanto, mas que é incrível. Ela teve que aprender a lidar com a responsabilidade, agora ainda maior, dos efeitos que ela tem sobre os outros, pois as consequências para qualquer desatenção podem ser grandes.
“Têm pessoas que esperam a minha opinião sobre vários assuntos, que se espelham em mim…Eu não posso fazer isso com elas. É cruel com elas e é cruel comigo.”
O bate-papo contou até com realização do desejo de um fã sortudo e muito talentoso. Nathan, que já tem músicas autorais, como Cidade Vazia, levou o violão, instrumento no qual ensaiou três músicas da cantora caso tivesse a chance de se apresentar com ela. No final, os dois cantaram “Ginga” e “Pesadão” juntos. Confira o vídeo desse feat. inesperado:
Rainha que ama os fãs faz assim! Olha a @IzaReal cantando com um fã no bate-papo que rolou ontem na PUC-Rio. 😍 pic.twitter.com/zwAxH4mOyJ
— Tracklist (@tracklist) June 22, 2018
Os fãs LGBTQ+ da cantora também foram presenteados com um pequeno discurso sobre como essa comunidade dita muito do que acontece no mundo Pop. Ela disse que saber que pessoas que têm sua própria luta para encarar, escolhem lutar por ela e apoiá-la também, e que isso não só a emociona, como faz ela ter mais vontade ainda de se preparar e dar o melhor que puder. Perguntamos sobre a comparação com outras divas como Anitta, Ludmilla e até mesmo Beyoncé e Rihanna. O que IZA teve a dizer é que isso não existe, e que ela é simplesmente ela. A cantora falou que ninguém deveria ser chamado de a “nova alguém”, e que esse tipo de comentário, principalmente em relação às mulheres nesta indústria, têm que acabar.
“Eu acho que minha natureza é ser dona de mim”.