A segunda temporada de “Euphoria” estreia no próximo domingo (9) e já está dando o que falar. A série, um dos principais produtos da HBO (agora parte da rede de streamings como HBO Max), presenteou o mundo com um elenco novo e extremamente competente. Isso, no entanto, somado com uma trilha sonora diversa, independente e que soube contar sua própria história até o momento.
Tendo Zendaya como protagonista do enredo, “Euphoria” gira em torno de Rue Bennett, uma adolescente que luta contra o vício em drogas após uma overdose. Seu núcleo é composto por personagens que, assim como ela, lidam com seus próprios crescimentos. Ainda que seja ambientado no clichê ensino médio, a capacidade de aprofundamento em temas como sexualidade, empoderamento, dramas familiares, traumas e uma trilha sonora que conta com muito hip-hop e R&B, tornou a série rapidamente uma das favoritas entre o público jovem adulto.
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Escrito e dirigido por Sam Levinson, “Euphoria” faz o que muitas séries tentam fazer: criar ambientes paralelos que conversam entre si. Um exemplo disso é que, ao mesmo tempo em que estamos torcendo para que Rue consiga se manter sóbria, ficamos encantados com a delicadeza e força de Jules (Hunter Schafer), que defende sua identidade a qualquer custo. O plot de Kat (Barbie Ferreira) também nos faz questionar e atiçar a curiosidade para saber o que vem em seguida. Cada personagem é único e não necessariamente depende de um protagonista para ganhar holofote (ou, no caso do enredo, ser salvo). Nesse sentido, a música presente nos faz cativar e entender os sentimentos de cada um.
A trilha sonora como um personagem próprio em “Euphoria”
Para além das histórias dos personagens, a música em “Euphoria” é fundamental para contar aquilo que não é dito. É claro que isso acontece com obras de entretenimento – a principal função da música é “setar” o humor do espectador -, mas, nesta série especificamente, há uma sensação diferente.
A primeira temporada, que teve como destaque a produção musical de Labrinth, é repleta de simbolismos da psicodelia e da melancolia. Sentimos as ondas de prazer e, sequencialmente, dor e confusão – essenciais para termos a noção de que nossa protagonista não é uma narradora confiável, tão humana quanto nós.
Em especial, a season finale traz a excelente “All For Us”, com uma performance que pode ser estudada em muitas camadas e virar uma tese de mestrado. A faixa, que narra um eu-lírico emocionalmente dependente de outro e que se joga nas piores situações em nome do amor, possui uma coreografia própria e que abre espaço para muitas interpretações.
Ela é retratada em dois momentos que são chave e pouco percebidos: a primeira overdose de Rue, e, posteriormente, o momento em que ela deixa a sobriedade e usa drogas novamente. Algumas teorias especulam que essa performance trata-se de seu inferno pessoal e delírio, quando a personagem é “engolida” por seus demônios e cai na escuridão, mesmo que tente escapar. É a oportunidade de entendermos que nem tudo é tão preto no branco quanto se parece, e que um vício pode ser muito mais forte do que nós.
Para a segunda temporada, que promete ser tão tensa (e intensa) quanto a primeira, devemos torcer para embarcar nessa viagem mais uma vez – e finalmente descobrir (como já diria Cher) se existe vida após o amor, já que esse sentimento é capaz de criar enredos incríveis, ou problemas muito complexos.