Foi com somente 19 anos de idade que a artista norueguesa Marie Ulven se apresentou ao mundo como a Girl In Red, com o lançamento do single “I Wanna Be Your Girlfriend” em 2018. Não levou muito tempo para que os números da música começassem a crescer, e o pop intimista da cantora rapidamente conquistou a atenção de uma multidão de fãs pelo mundo.
Mesmo sob os holofotes desde muito nova, Marie sempre demonstrou personalidade para se apresentar diante de grandes públicos. Seus trabalhos seguintes começaram a mirar os estádios e os festivais, e os resultados não demoraram para aparecer: em 2023, a cantora ficou encarregada de realizar a abertura de alguns shows da Taylor Swift, o que a inspirou a seguir uma nova direção em sua carreira. “Pra mim, é muito legal que as pessoas que eu admiro estejam ou querendo colaborar comigo, ou me convidar para as suas turnês”, disse.
Hoje, a artista está confirmada como uma das atrações do Lollapalooza Brasil, nesta que será a sua primeira visita ao país em sua carreira. Em entrevista ao Tracklist, Marie conversou não apenas sobre as expectativas para a sua vinda ao Brasil, mas também sobre as referências por trás de seu último disco e a sua influência entre fãs mais jovens e a comunidade queer.
Antes do festival, a cantora também realizará uma apresentação ao lado do Inhaler em São Paulo, como um dos sideshows anunciados nesta terça-feira (21), e os ingressos já estão à venda. “Eu espero que alguém esteja levantando um cartaz escrito “Come to Brazil”, mesmo que eu esteja no Brasil”, brinca.
Leia a entrevista com Girl In Red na íntegra:
TRACKLIST: Olá, Marie! É um prazer conversar com você, te acompanhamos há algum tempo. Como você está hoje?
GIRL IN RED: Eu estou bem! Estou em paz, tomando um pouco de café. E em casa, porque é inverno aqui, está nevando e está um clima horrível.
TRACKLIST: Queria começar perguntando sobre o Lollapalooza Brasil. Você vai tocar aqui em março, e esta será a sua primeira vez no Brasil! Como estão as suas expectativas?
GIRL IN RED: Sim! Eu nunca estive no Brasil, então as pessoas devem estar esperado por uns seis anos, principalmente se elas forem fãs desde o começo – e eu acho que algumas são e devem ir ao show, e algumas podem ser fãs mais novas e vão também. Mas sim, sinto que já passou da hora, com certeza. Eu estou muito animada! Eu espero que alguém esteja levantando um cartaz escrito “Come to Brazil”, mesmo que eu esteja no Brasil, alguém ainda vai pedir para eu ir ao Brasil. Seria engraçado!
TRACKLIST: Tenho certeza que vão! E não só você vai tocar no Lollapalooza, como também fará um sideshow antes do festival. Tenho certeza que os dois devem ser ótimos, mas você sente alguma diferença entre se apresentar num festival e se apresentar em um show solo?
GIRL IN RED: Sim, eu acho que festivais são muito diferentes, porque o público, às vezes, são pessoas que só ouviram seu nome em algum lugar, com alguns fãs mais hardcore. Mas na maioria das vezes, são pessoas que vão lá para beber, socializar e coisas assim. Você precisa dar muito mais de si para conquistar as pessoas que não conhecem a sua música tão bem, é diferente.
Os meus próprios shows parecem muito mais pessoais, talvez, e muito mais íntimos. Tem muito mais conversa, muito mais… Coisas estranhas acontecem lá, eu diria! Parece muito mais um lugar seguro para todos ali, porque você sabe que todo mundo ali é provavelmente, sei lá, uma garota lésbica de 16 anos. É uma sensação diferente.
TRACKLIST: Os dois vão ser ótimos! Agora, eu queria falar sobre o seu último álbum, “I’m Doing It Again Baby!”. Esse é um disco que soa muito mais voltado para as grandes arenas e multidões. Como foi para você ter dado esse salto na sua carreira, e quais você diria que são as principais diferenças entre esse álbum e o primeiro?
GIRL IN RED: Minhas ambições para esse álbum definitivamente foram influenciadas pela turnê com a Taylor Swift. Eu sentia que, uau, era tão legal se apresentar nesses estádios grandes – eu não sinto que isso afetou a música, mas sim as ambições. Mas acho que a principal diferença é o lugar em que eu estava enquanto eu estava o gravando.
No primeiro álbum, eu estava no começo dos meus 20 anos, e eu me sentia tão deprimida e sozinha, e no segundo álbum, eu já me sentia mais estabelecida, tinha uma namorada, tinha comprado meu primeiro apartamento, tinha um cachorro… Todas essas coisas mais materialistas estavam se estabelecendo na minha vida, assim como os relacionamentos. Eu diria que uma das maiores diferenças seria a vida que eu estava vivendo, e agora as coisas mudaram de novo, e a vida nunca vai parar de mudar até você morrer. Agora, as coisas estão mudando de novo e eu estou fazendo músicas diferentes.
TRACKLIST: Como você disse, você começou sua carreira com uma idade tão nova, e acredito que isso tem sido cada vez mais comum na música nos dias de hoje – só para citar um exemplo, a Olivia Rodrigo vai se apresentar no mesmo dia que você no Lollapalooza. Como foi pra você crescer em meio aos grandes palcos e como você acredita que isso impacta em si mesma e na sua música?
GIRL IN RED: Quando eu estou em turnê, acho que sinto uma coisa muito estranha… Digo, só posso falar por mim mesma, mas eu nunca me sinto como uma pessoa que é famosa até eu ir fazer um show, e ver milhares de pessoas lá para ouvir a música. Eu fico: “O quê? Isso é insano!”. Então, eu realmente não entendo, porque eu vivo uma vida muito normal aqui em Oslo. Sabe, eu vou passear com meu cachorro, meus vizinhos me conhecem, eu sou muito, muito normal.
Eu realmente não sei como eu lido com isso, mas definitivamente tem algo interessante sobre o fato de fazer shows e tocar em arenas muito grandes… O contraste entre a dopamina e a adrenalina que você sente de tocar em lugares muito grandes, milhares de pessoas gritando por você, e aí você volta para onde você mora, um lugar muito quieto e chato. É um contraste interessante com o qual eu tenho tentado aprender a lidar, porque eu fiz muitos shows no ano passado, e agora eu tenho levado algum tempo para fazer novas músicas e desacelerar um pouco as coisas. É definitivamente diferente, não sei.
TRACKLIST: Sua música é muito influente entre pessoas mais jovens, especialmente entre a comunidade queer. Como é para você ser uma voz tão importante entre as gerações mais novas?
GIRL IN RED: No começo, eu ficava: “Não, calma, isso é muita pressão!”, e agora, eu sinto que é um presente poder ser colocada nessa posição e estar nessa posição. Eu sinto que, se eu puder ajudar qualquer pessoa queer mais jovem, ou qualquer uma mais velha, ou qualquer pessoa, em qualquer momento da vida delas… Se eu puder ajudá-las a ter algum conforto, ou a se assumirem, ou em seus relacionamentos, eu acho que é algo muito incrível e raro. Sou muito grata e feliz que eu possa fazer positivo para o mundo.
TRACKLIST: Nos últimos anos, você tem estado com alguns dos grandes nomes da música pop. Você comentou que abriu a turnê da Taylor Swift, e a Sabrina Carpenter também está em seu último disco. Como esses momentos são para você?
GIRL IN RED: A The Eras Tour foi definitivamente um momento monumental da minha vida, foi uma das coisas mais legais que eu já fiz. E ter Sabrina no álbum também foi muito legal, porque eu acho ela uma artista e uma compositora incrível, mas ela também é tão engraçada e inteligente. Pra mim, é muito legal que as pessoas que eu admiro estejam ou querendo colaborar comigo, ou me convidar para as suas turnês, ou coisas assim.
TRACKLIST: Infelizmente, nosso tempo está acabando. Mas, para finalizar, eu gostaria de perguntar se você tem alguma mensagem para os fãs brasileiros que vão te ver aqui em março!
GIRL IN RED: Não se preocupem: eu estou finalmente indo! Essa é minha mensagem! Eu amo vocês, vejo vocês em breve. Saudações, Marie!