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Entrevista: Anavitória fala sobre ‘COR’, inspirações e futuro

Foto: Divulgação

A virada do ano foi a data escolhida pelo duo ANAVITÓRIA para mostrar ao mundo, de surpresa, o novo disco ‘COR’. Para os fãs, não poderia existir forma melhor de se despedir de um ano tão conturbado e dar boas vindas a um ano de esperança.

COR‘ é o quarto álbum de estúdio das meninas e o terceiro de músicas inéditas. Anteriormente elas lançaram os discos ‘ANAVITÓRIA‘ (2016), ‘O Tempo É Agora’ (2018) e ‘N‘ (2019), com releituras de Nando Reis.

Com estreia na segunda posição no chart global do Spotify Top Debut Albums, o novo disco vem mostrar o crescimento vocal e musical do duo, que explora novos arranjos e mais liberdade.

Ana Caetano assina as composições das 14 faixas do disco, com a colaboração de Vitória Falcão em Amarelo, Azul e Branco. A produção musical ficou por conta de Ana e Tó Brandileone, da banda 5 a Seco. Além disso, as participações de Rita Lee em Amarelo, Azul e Branco e Lenine em Lisboa deram um toque especial no disco.

‘COR’ trouxe uma parte visual sensível e simples, diferente do que é visto normalmente em produções brasileiras. Cada faixa do álbum possui um visualizer, que consiste em vídeos mais simplificados que um clipe, mas cumpre perfeitamente o papel de complementar a experiência sonora.

Anavitória cor entrevista
Foto: Breno Galtier

Em conversa com o Tracklist, Ana e Vitória contaram detalhes sobre a produção do álbum, dos visualizers e as expectativas para o futuro. Confira:

Entrevista

TRACK: Começamos o ano conhecendo uma força gigante que foi depositada ali em “Amarelo, azul e branco”. É muito bonita a forma como vocês reverenciam o Tocantins com a segurança que vive dentro da canção. Como nasceu esse processo de empoderamento de forma tão esbravejada?

Vitória: Obrigada! Que maneiro que bateu aí dessa forma! Essa é uma música muito importante pra gente. Existia uma vontade de fazer um som que batesse no chão, que falasse da nossa casa, foi um processo longo que se terminou ali, nos últimos dias de estúdio. Queríamos que ela fosse exatamente essa força gigante, que é o que a gente sente, de ser do norte, de fazer música no Brasil que fala com vozes diferentes do que a mania segregadora de ver a coisa, sabe?

TRACK: Esse é o 3° disco de músicas inéditas de vocês. Quais foram as maiores mudanças no processo criativo desde o 1°?

Ana: No nosso primeiro disco não tínhamos experiência e conhecimento pra entender o que queríamos pro nosso som. Tudo que vivemos na feitura desse projeto inicial eram coisas que víamos ali pela primeira vez, logo, não tínhamos consciência pra poder somar na construção das ideias. Hoje, depois de tanto percorrer estúdios diferentes, produtores diferentes e, principalmente, com a estrada, conseguimos verbalizar as nossas vontades e encontrar os caminhos que nossos ouvidos pedem pra cada música.

TRACK: A evolução vocal de vocês duas é muito nítida! Já dava pra perceber isso do 1º para o 2º álbum autoral, mas agora parece que o salto foi ainda maior. Como vocês se sentem durante o processo de preparação e como vocês enxergam os próprios resultados? Nossos parabéns, aliás!

Vitória: Como você sabe, tivemos mais tempo pra cada etapa da produção do disco, um processo totalmente diferente das nossas experiências anteriores. Então vivemos cada música com dedicação e interiorização, tivemos também o cuidado de Janaína Pimenta, nossa fono amada e profissional incrível. A gente tá muito feliz com o resultado do disco, cada novo trabalho fala do nosso caminho no ofício, e estamos muito orgulhosas de “Cor”. Muito obrigada pelo carinho!

TRACK: Ficamos sabendo que vocês tiveram bastante tempo para trabalhar na produção do álbum, mas a quarentena em si teve influência sobre as inspirações? Vocês até lançaram “Me conta da tua janela” lá no início, né?

Ana: A grande maioria das músicas já existiam antes da quarentena começar, mas algumas foram feitas, sim, nesse contexto. De um jeito ou de outro, esse tempo caótico que estamos vivendo, influenciou toda feitura desse disco. As saudades sentidas, a carência, a confusão dos sentimentos durante esse período. Tudo isso reverbera não só na composição, mas também na produção como um todo.

TRACK: Sabemos que Rita Lee era uma parceria dos sonhos de vocês. Qual o sentimento de ter esse grande nome da música brasileira presente no COR? E qual a próxima meta? Deixem uma mensagem aqui que a gente sabe que ela vai chegar no destino!

Vitória: É algo como estar agradecida e honrada ao mesmo tempo, numa escala, forma ou sentimento que palavras não são suficientes. Talvez se você visse nossos olhos borbulhando fogo enquanto falamos disso, dava pra tu ver um pouco do que é aqui dentro. Foi uma sincronia tão doida, vários encaixes do passado/presente/futuro que é até engraçado. E sobre uma coisa pra futuro, tamo pra pensar e decidir isso, tem que imaginar certinho, porque, pelo que o universo tem decidido, parece que acontece!

TRACK: Nunca tínhamos visto visualizers como os que vocês fizeram, que parecem com clipes… mas o resultado foi sensacional! Eles nos permitem visitar o universo de cada uma das faixas e há tanto pra explorar! Vocês podem contar um pouquinho como foi processo de criação desses mini mundos?

Ana: Amei chamar de mini mundos! É realmente o que aquilo é. Criamos universos particulares pra ilustrar cada canção. A vontade era que existisse algo entre a foto e vídeo que completasse a experiência pra além de sonora. Buscamos referências, piras da cabeça e nos juntamos com alguns dos nossos melhores amigos pra realizar. Foram 15 videos em 15 dias, porque dois não deram certo ao final. Leo, amigo que fomos madrinhas de casamento, dirigiu tudo! Foram dias maravilhosos de troca criativa e de carinho. Todos que fizeram parte desse projeto visual se empenharam de um jeito que nunca nem tinha visto. Ficamos felizes com o que entregamos e é muito especial gostar da própria coisa, sabe? Sentir tesão e orgulho em assistir tudo.

TRACK: Em alguns deles, é possível notar que vocês escolheram explorar expressões corporais através de coreografias. Vocês pensam em trazer esse outro lado artístico em trabalhos futuros ou até mesmo para o palco? 

Vitória: Temos uma amiga bailarina e coreógrafa, Marcela Landeiro, que nos instiga sempre nesse lugar do corpo. Em 2019, já tínhamos brincado de dançar no clipe/coreografia de “A gente junto” e desde então com laboratórios e coisas, estamos com a cabeça aberta nesse lugar. Nos pensamentos iniciais do “Cor”, já tinha até existido o conceito da capa, e então quando falamos de visualizer, tínhamos outra ideia de Amarelo, azul e branco, mas Aninha falou de mudras e uma dança das mãos, grisamos no quanto aquilo poderia ser icônico. Foi super desafiador, mas rolou e a gente amou fazer. Não temos nada em mente pro futuro, mas é com certeza algo que a gente ama mergulhar. 

TRACK: Qual dos visualizers levou mais tempo para ser produzido? E qual foi o mais rápido?

Ana: Acho que o visualizer de Amarelo, azul e branco, apesar da gravação ter sido, razoavelmente, rápida, foi o que mais tomou tempo de preparo. Ensaiávamos repetidas vezes em todas as brechas que tínhamos. É uma coreografia difícil por se tratar de movimentos finos, então acredito que tenha sido o mais trabalhoso. O mais rápido foi o de Abril por não envolver cenário e ser um video completamente estático, mas o frio que passamos não foi brincadeira não, hahahah!

TRACK: Temos alguns easter eggs ali ou tem coisas acontecem sem querer? Notei um vinil da Avril Lavigne no visualizer de “Carvoeiro”… acho que vocês combinam mais com o Paramore! Hahahahah!

Vitória: Escolhemos alguns objetos pra estarem ali no quarto, contando coisinhas e pequenas histórias. Simmm, é Let Go hahahhah! A gente ama Paramore também!

TRACK: Em faixas como “Selva”, “Terra”, “Lisboa” e “Tenta Acreditar” é possível notar uma sonoridade ligeiramente distinta da entregada em trabalhos anteriores. Como foi poder explorar arranjos e musicalidades diferentes?

Ana: Foi uma delicia! Já tínhamos muita vontade de experimentar arranjos grandiosos. Usar metais! Uma das grandes referências pra esse álbum foi a música pop gospel, principalmente, uma banda australiana chamada Hillsong. Eles abusam dessas camadas sonoras que nos envolvem e fazem desmontar o coração. Desde o disco passado já buscávamos isso, mas talvez, as próprias canções não comportavam. Dessa vez conseguimos brincar com mais possibilidades. Me emociona ouvir os instrumentais de Selva e Explodir, a bateria gigante de Terra e Abril, a delicadeza de Lisboa. To suspeita pra falar desse disco, porque to fã dele.

TRACK: A gente sabe que é difícil escolher favoritas, massss… se vocês fecharem os olhos e se imaginarem em alguma casa de show no Brasil, cantando alguma música do COR, o que vem na mente? Qual lugar? Qual música?

Vitória: Cara, isso é verdade! De escolher um lugar só, ainda mais depois de todo esse tempo sem fazer show. Mas acho que Concha Acústica, por termos iniciado a turnê passada e pensar numa volta de ciclo, mas também Espaço das Américas, por ficar aqui em nossa casa. E com certeza o início do show com Amarelo, Azul e Branco, com umas luzes absurdas!!!!! Sei lá, falar disso dá até dorzinha de saudade e vontade de correr até chegar nesse dia.

Ouça ‘COR’:

Colaborou: Victor Brito

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