in ,

Entrevista: Alok faz balanço de 2019 e fala sobre Universo Paralello

O DJ Alok foi um dos nomes de peso do line-up do festival Universo Paralello, que, entre os dias 27 de dezembro de 2019 e 3 de janeiro de 2020, completou a sua 20ª edição.

Mas a relação de Alok com o festival, que ocorre na praia de Pratigi, na Bahia, é de longa data. O artista é filho dos DJs Swarup e Ekanta, fundadores do Universo Paralello.

E, para entender a relação do DJ com o Universo Paralello, a equipe do Tracklist conversou com Alok durante o festival. O DJ também fez um balanço sobre o seu ano de 2019 e a emoção de ter tocado para 2 milhões de pessoas no réveillon de Fortaleza, no Ceará.

Você também pode ver a entrevista, realizada por Wemily Queiroz, em vídeo no nosso IGTV:

Alok e Universo Paralello

Tracklist: Você pode falar um pouquinho pra gente sobre como é estar aqui, tocar aqui; até porque você toca em tantos lugares diferentes. Como é estar aqui, fazendo esse festival, com essas pessoas nesse lugar. Como é pra você?

Alok: Então, o que acontece. Assim… São 20 anos de festival, então pra mim isso aqui foi minha escola, minha faculdade, minha pós-graduação. Eu sempre fui muito envolvido com o festival. De um tempo pra cá que eu realmente não consegui ficar tão adentro assim por causa da minha agenda de shows, enfim, e pelo caminho que eu acabei também escolhendo pra minha carreira.

O que acontece é que toda vez que eu volto pra cá, é como se fosse um resgate às minhas essências, a minha raiz, entende? Me alimenta. Porque eu escolhi um caminho pop, eu me tornei um artista pop. E quando eu venho pra cá é como se fosse um quebra da minha armadura mesmo, e eu venho pra cá pra fazer algo diferente, algo especial, algo que eu só faço aqui, a cada dois anos. E é um desafio, mas também de certa forma é um mecanismo que eu tenho pra poder me conectar a meu real propósito, sabe? Sempre foi aqui.

Eu vejo que o festival está com 20 anos agora. Eu vi desde a primeira edição, numa chácara. E ele continua crescendo, né? É incomparável, assim, você olhar há um tempo atrás, há 10 anos, o que mudou. O que mudou de estrutura, o que mudou de artista, de público, quantidade. Mas uma coisa nunca muda: é a essência do festival. Eu acho que isso é devido ao… o que eu vejo do festival é como se fosse o coração do meu pai, sabe? Ele é um cara muito autêntico, um cara muito diferente, ele é alguém que não se encaixa no mundo porque ele veio pra criar um mundo novo. É realmente um universo paralelo que a gente vive aqui.

Foto: Brian Baldrati

Então é isso, essa controvérsia da minha vida, de estar num cenário pop e vir pra cá nessa controvérsia de resgatar a origem, e ser mais underground, e ser… Na verdade, nem é só ser underground, é ser algo que respeite o lugar onde estou, entende? Então, assim, acho que as pessoas até me vêem em outros lugares, tocando, e vão ver um set diferente. Mas aqui, elas esperam algo diferente, esperam algo mais inusitado, algo que não escutam na rádio – nem toco minhas músicas de rádio aqui, porque não conecta.

Acredito que o festival tenha se tornado um movimento contra-cultura, algo como um grito de manifesto, entende? Onde as pessoas podem se expressar, ser livres. Onde as pessoas podem… de certa forma, ninguém tá se importando com quem tem o carro mais caro lá fora. É todo mundo igual, é um festival muito democrático. Então são vários aspectos que somam e não teria como desconectar. Ou pra contar a história do Alok é desconectar com o universo. Uma coisa faz parte da outra. Por mais que eu tenha escolhido um caminho diferente, pop, eu vejo que é uma continuação da hisória. Vejo que é uma forma também em que os dois ganham. Tenho certeza que tudo que faço fora reflete pra cá, e vice versa. Então é um equilíbrio. Meu pai, por mais autêntico que ele seja, e por mais verdadeiro que ele seja com o que acredita, ele também respeita muito o que eu acredito. Saca? E a gente vai construindo juntos essa história.

O que não acontece sempre é o seu projeto Logica, que é um projeto esporádico. Mas tocou aqui (no Universo Paralello) e ferveu bastante a pista. Como é estar nesse lugar, que já é especial, como você acabou de falar, e tocar em família? Acredito que esse projeto tenha nascido aqui, talvez.

Logica, a gente tocou por, acho que, sete anos. Foram sete anos. Como eu estava falando: aqui é um resgate da nossa essência. Acho importante pontuar a cada dois anos o Logica aqui.

É engraçado quando discuto com meu irmão sobre o set, e não batem as coisas. E eu lembro de como era antes. Foi muito importante essa nossa separação por cada um poder ter escolhido um caminho no qual realmente acredita. Então acordamos em cada um tocar uma música. Ele achou que eu fosse pegar o microfone e tal, e eu falei “não vou fazer isso aqui, isso ali”. Mas entendo a preocupação dele, é bom não me deixar sozinho no Main Stage, vai que faço besteira… Brincadeira.

Ver essa foto no Instagram

@universoparalellooficial ❤️❤️❤️

Uma publicação compartilhada por Alok (@alok) em

É tipo que, é isso, eu não posso o Logica fora daqui, sabe? As pessoas pedem, mas não, é ali, porque é ali onde tem a genuína verdade. É ali da onde surgiu e eu só vou fazer ali. É um momento muito especial, não é algo que eu aplico no meu dia a dia. Mudou bastante o formato. Antigamente, a gente só tocava música autoral. Hoje em dia, eu faço meu set e me divirto. Pra falar a verdade, eu fiquei impressionado hoje em como foi a reação e tudo mais, porque é muito diferente a dinâmica do que eu faço hoje em dia, e tocar o Logica é totalmente diferente. É outra história, um aprendizado enorme, entende?

É engraçado porque pensamos assim de vez em quando: temos que nos libertar de nossas âncoras pra poder seguir em frente. Mas não vejo que o Logica e o Universo sejam âncoras pra mim, é como se fossem raízes. Raízes alimentas, âncoras te travam. Então é sempre bom vir aqui e estar me alimentando e me revigorando.

Então é isso, esse festival aqui simboliza muito mais pra mim do que um mero festival de música, um festival cultural. Ele, na verdade, simboliza o meu pai, o meu tio. Tudo o que envolve a minha história.

Balanço de 2019

Mudando um pouquinho de assunto, 2019 foi um ano cheio pra você, com muitas parceiras, muito trabalho. Na vida pessoal também; ficamos sabendo que você vai ser pai em breve. Se você pudesse fazer um balanço de como foi 2019 e deixar também uma mensagem pra 2020, o que seria?

Engraçado, pra você ver: eu tenho um irmão gêmeo (o também DJ Bhaskar). Nós seremos pais na mesma época, sem ter combinado. Quais as chances de isso acontecer? Muito louco. Então é engraçado, porque até nesse sentido a gente caminha junto.

Então, se eu pudesse fazer um balanço de 2019… Foi um ano muito intenso, sabe? Em vários aspectos, foi muito intenso. Na verdade, eu já não sei mais o que na minha vida não é intenso. Eu fiquei viciado. É um vício que eu tenho, assim, sabe? Não sei explicar. Eu já nem penso tanto no amanhã, vivo muito o agora, o hoje e tal. Se eu ficar pensando no amanhã, fico louco. Se eu pensar que daqui pra uma semana eu tenho cinco shows, eu fico louco. Então, não. Um momento de cada vez.

Então, retrospectiva 2019. Acho que foi um ano de conquistas enormes na carreira, mas, principalmente, na vida pessoa, não é? Casei. Ravi tá vindo aí, em 2020, na virada da década. Então, cara, é isso, é o balanço. É um equilíbrio. Não adianta ficar muito focado na vida pessoal, ou então na vida profissional. Não. Tem que ter um equilíbrio.

Réveillon de Fortaleza

Alok, como foi pra você ter se apresentado pra quase 2 milhões de pessoas (no réveillon de Fortaleza)? Você sempre sonhou em tocar pra muitas pessoas, então como foi isso?

Cara, quando você toca pra 2 milhões de pessoas, você nem vê esses milhões de pessoas. E uma coisa fora de série; você já perdeu a noção! Então acho que, hoje, por mais que sejam 2 milhões de pessoas, e por mais que isso ainda traga um frio na barriga e tal, eu me entrego igual como se fossem pra 2 mil, sabe? É uma entrega muito parecida, tudo que eu deposito, e é muito louco. Essa minha fórmula que eu criei, essa metodologia, ela funciona do mesmo jeito, com o mesmo mecanismo. É uma coisa muito profunda.

E, cara, pra mim o que impressiona mesmo ao tocar pra 2 milhões de pessoas não é simplesmente tocar pra 2 milhões. Muita gente já tocou pra 2 milhões de pessoas. O que me impressiona é ver a reação das pessoas. É quando a gente pensa “é aí! Agora eu entendo o que está acontecendo”. Quando vejo um vídeo da galera cantando “Vale Vale” lá, tem tempos que eu penso “isso não sou eu, cara. Não é possível que seja eu ali tocando”, sabe? Fico de cara. Às vezes eu saio da persona do Alok e fico olhando, assim… que absurdo! Porque eu não consigo acreditar, às vezes. Pra mim é louco, assim, difícil de acreditar.

Hits do momento

E, para encerrar, quais que você considera os hits do verão?

Então, o Brasil é um país muito eclético, né. O que eu tenho usado no Brasil agora é uma música da América Latina. Um tal de “Baila Conmigo” (de Dayvi e Victor Cárdenas com Kelly Ruiz), está “estourada” essa música. E uma música minha? Com certeza, “Vale Vale”. É só tocar que… já foi! Valeu, gente!

Muito obrigada!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *