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Opinião: Rosalía, C.Tangana e mais: seria o retorno da tendência da bachata no pop?

Assim que Rosalía lançou o seu single de comeback “LA FAMA” com o The Weeknd, instantaneamente tive um click em minha cabeça, que remeteu a um single lançado pouco tempo antes, “Ateo”, dueto de C. Tangana com a argentina Nathy Peluso. Mas afinal, o que tinha de similar entre as duas músicas? A resposta é simples: a bachata.

Muito mais do que pode se tornar mais uma tendência dentro no mainstream, assim como o reggaeton, esse é um gênero musical  popular na cultura latina, com vários artistas que já passaram e misturaram esse estilo musical ao longo dos anos. Então, vamos conhecer mais um pouco do que, quem sabe, pode futuramente ser mais uma vez tendência no mainstream?

Foto: Divulgação/@rosalia.vt

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Afinal, o que é a bachata?

Bachata é um ritmo que nasceu na República Dominicana, por volta dos anos 60, que traz como principais influências o bolero e o merengue. Além da parte musical em si, esse é um ritmo que também tem uma grande força na parte corporal, que por mais que seja dançante mescla com uma pegada mais lenta, com passos de danças sensuais e normalmente a dois.

Mas afinal, como identificar uma bachata? Bom, normalmente feita tradicionalmente com instrumentos orgânicos e uma percussão bem marcada, mas principalmente com a presença do bongô, que é um instrumento de dois pequenos tambores, e também o güira, um cilindro de metal. O gênero nasceu principalmente nas partes rurais da República Dominicana, e também eram populares em cabarés e bordeis. O que logo se criou uma rejeição das classes mais ricas, considerando esse tipo de música inferior. Tanto que ainda nos anos 70, as músicas de bachata não eram transmitida nas TVs e rádios. Algo que também tem uma certa similaridade como outras origens de gêneros musicais marginalizados, como o funk carioca e o próprio reggaeton.

Essa é considerada uma das músicas precursoras no gênero.

A medida que o ritmo ficou mais popular, com um dos precursores José Manuel Calderón,  a bachata se tornou um patrimônio cultural da República Dominicana, e também foi se fundindo com vários gêneros musicais diferentes. Em especial nos anos 90, com Romeo Santos. Nascido em Nova York, Romeo começou sua carreira na música com o grupo Aventura, que logo se tornou muito popular nos Estados Unidos, ao misturar a tradicional bachata com o hip-hop e r&b.

Já em 2010, ao começar a sua carreira solo, Romeo consolidou-se ainda mais, principalmente pela mistura do rimo latino com o r&b, em hits como “Promises (feat. Usher)” e “All Board (feat. Lil Wayne)”. O sucesso foi tão estrondoso, que até hoje Romeo Santos é considerado o rei da bachata. Dessa forma ele foi um dos cantores a abrir essa caminho para artistas latinos, que posteriormente queriam estabelecer a sua música em escala mundial, assim como ele estava conquistando. Não à toa, que ele junto ao seu grupo Aventura se apresentaram na Casa Branca, para o então presidente da época, Barak Obama.

As possibilidades com a bachata

Além também de toda a sensualidade que a dança e o ritmo tem, a bachata também é conhecida por retratar a melancolia e solidão. Talvez por isso seja tão atrativo ao sertanejo brasileiro, que incorporou bastante nos últimos anos esse estilo em seu repertório. Como nas obras de Marília Mendonça, Gustavo Lima e muitos outros.

Um dos grandes hits de Marília Mendonça é um ótimo exemplo dessa mistura do sertanejo com a bachata.

Do sertanejo ao pop, a bachata é um de gênero musical que consegue se misturar com vários tipos diferentes de música, independente da origem que tenha. Alguns outros artistas que também já se aventuraram no gênero foi Shakira junto ao Prince Royce, em “Deja Vu”. E também Natti Natasha, em “Cuento Breve”.

E se a bachata for a nova tendência?

Não é segredo pra ninguém o fenômeno que Rosalía se tornou com o “El Mal Querer”, em que a artista ficou conhecida por pegar ritmos mais clássicos, como o flamenco, e mesclar com uma produção moderna, com influências de trap. E que foi mais ou menos o que a cantora espanhola fez em “La Fama”, lead-single do novo disco “MOTOMAMI”, ao misturar os beats eletrônicos e distorções com a estrutura clássica da bachata. Antes do lançamento Rosalía até divulgou uma playlist com suas músicas favoritas do gênero, confira:

https://twitter.com/rosalia/status/1457414628301066252?s=20

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Da mesma forma que C. Tangana também fez brilhantemente em seu álbum “El Madrileño”, ao misturar a bossa nova e flamenco com o funk brasileiro, reggaeton e trap. E também recentemente em seu dueto com a argentina Nathy Peluso, em “Ateo”, que além da música também incorporou a dança da bachata. Inclusive, C. Tangana e Rosalía já tem uma conexão anterior, afinal eles namoraram por cerca de dois anos, e o cantor dividiu a composição de mais da metade do álbum “El Mal Querer”. Mas isso já daria conteúdo pra outro texto, o que acham?

Ambos então, por terem uma grande plataforma e nome da mídia mainstream, e até com esses lançamentos similares em um curto período de tempo, possam ser já uma possível forma de influenciar outros artistas a também incorporarem a bachata em seu repertório. Quem sabe seja até um momento de esses outros artistas enxergarem a bacahata como uma forma menos óbvia de incorporar a música latina em sua música, não é mesmo?

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