Três longos anos se passaram desde que Anne-Marie lançou seu disco de estreia, o “Speak Your Mind“. De lá para cá, a cantora ocupou uma cadeira na franquia britânica do “The Voice UK”, lançou parcerias pontuais e produziu o seu segundo disco de estúdio, o recém-chegado “Therapy”.
Descrito como um disco pessoal, a cantora reflete sobre altos e baixos que viveu na indústria da música e o quanto uniu a terapia ao seu trabalho. Embora a experiência da pandemia não tenha sido fácil para ninguém, Anne aborda como se apegou ao amor próprio nos últimos anos.
“Eu escrevi tantas músicas desde ‘Speak Your Mind’, e cresci e mudei muito durante esse tempo também. Além da música ser minha terapia, também tenho consultado um psicólogo profissional há cerca de um ano, uma vez por semana, e isso mudou completamente a minha vida. Este álbum representa essa jornada. É cheio de alegria, tristeza, vingança, amor e revelação e espero que você sinta todas essas coisas ao ouvi-lo”, disse Anne ao anunciar o disco em um post no Instagram.
Lançado na última sexta-feira (23), o “Therapy” possui 12 faixas e traz colaborações com grandes nomes da música britânica, sendo eles: Niall Horan, Little Mix, KSI, Digital Farm Animals, Nathan Dawe e MoStack.
Impressões sobre as faixas de “Therapy”, de Anne-Marie
Abrindo o disco, temos a agressiva “X2”. Composta pela própria Anne-Marie e produzida pelo time de produtores Lost Boy, a faixa é puro deboche e fala sobre uma pessoa que tira vantagem do estado que está hoje, orgulhando-se de tudo que sofreu no passado. É uma boa canção e lembra bastante os primeiros trabalhos da cantora. Uma boa abertura.
A segunda música do disco é a pegajosa “Don’t Play”, parceria com o rapper KSI e com os DJs do Digital Farm Animals. A música foi a primeira mostra oficial do “Therapy”, alcançando Top #3 na terra da Rainha.
“Kiss My (Uh Oh)” era, de longe, a música que eu estava mais ansioso para ouvir desde que a tracklist foi liberada. Parceria com o trio Little Mix, a faixa possui sample do hit “Never Leave You”, da cantora Lumidee, e é mais uma canetada da compositora Kamille, parceira de longa data do grupo. A música começa bem, mas há momentos em que Anne some dela, e falo isso no quesito personalidade mesmo.
“Who I Am” é a próxima música do trabalho, e aqui podemos dizer que é onde o título do álbum começa a fazer sentido. Anne reflete sobre quem ela é e sobre mudanças que não vão acontecer se ela não quiser. O mais legal da faixa é o coro no refrão e o “sorry” dito no final da música, que dá um ar de “fim de papo”.
“Our Song” é mais uma faixa da tracklist e conta com os vocais do ex-One Direction Niall Horan. A baladinha é sobre um casal que sofre com lembranças do relacionamento sempre que escutam a “sua canção”. Assim como o atual single do trabalho, a faixa soa mais como uma música do convidado do que da própria Anne em si.
“Way Too Long” infelizmente também é uma parceria e sofre da mesma questão do que as outras: os vocais da Anne estão excelentes, mas falta personalidade, uma parte de destaque para a cantora. “WTL” não possui uma crescente, diferente da sua sucessora “Breathing“, que traz aquilo que Anne-Marie começou a cantar lá em “Who I Am”, um lado mais exposto e vulnerável.
“Unlovable” é a faixa número 8 do disco e é uma colaboração com os parceiros de longa data da cantora, o grupo Rudimental. Escrita por Anne juntamente com Kamille e MNEK, colaboradores assíduos do Little Mix, a música se difere das demais eletrônicas do projeto. Inclusive, aposto nessa para próximo single; é muito divertida a forma que a cantora canta sobre não ter encontrado um amor perfeito ainda.
Com dedo de dois hitmakers, Ed Sheeran e Max Martin, “Beautiful” é a próxima música do projeto e deixa a desejar. A canção em muitos momentos soa como uma espécie de demo e não explora muito o que os envolvidos na música poderiam oferecer, deixando tudo morno.
“Tell Your Girlfriend” é a próxima e é uma boa música. De forma divertida, Anne expõe um boy lixo para a sua namorada e não está nem aí para o que ele vai pensar. A produção aqui é bem gostosinha.
“Better Not Together” e “Therapy” são responsáveis por fechar o disco. A primeira é sobre um casal que decide ficar separado para que as coisas fluam melhor entre eles. Já a segunda retrata a confusão de sentimentos e emoções sentidos por Anne nos últimos anos.
Considerações finais
Embora eu seja um grande apreciador do trabalho da Anne-Marie, reconheço que o “Therapy” deixa muito a desejar comparado ao seu trabalho anterior. Por mais que o projeto possua grandes nomes da música envolvidos na produção, o disco começou com uma divulgação confusa e acabou deixando de lado os singles “Too Be Young“, feat. Doja Cat, e o viral “Birthday“, que todos imaginavam que estariam no projeto.
O conceito do disco também não está totalmente claro. As composições estão boas, mas elas juntas não vendem a proposta do álbum, sem contar nas parcerias avulsas que soam mais como tentativas de emplacar hits.
Claro que o material possui pontos fortes, mas infelizmente os ruins estão mais visíveis. Não vou deixar que a experiência do “Therapy” me afaste do trabalho de Anne-Marie, mas torço por algo mais visceral e bem produzido em um futuro próximo.
Nota: 6,9‘