Muitas vezes conseguimos entender o propósito do clipe sem nem conhecer o artista, a música ou o significado daquilo que estamos ouvindo. O Ed Sheeran, porém, vai contra essa generalização. Sua músicas carregam uma nível mais elevado de complexidade, desde as palavras utilizadas, a combinação de estilos, fonemas e até acordes.
O Multiply foi lançado no início deste ano e está simplesmente perfeito. Todas as faixas trazem a sutileza característica do cantor que, mesmo não estando há muito tempo nos holofotes, já tem uma identidade fonográfica própria de tal forma que, só de ouvirmos alguns acordes, podemos reconhecer sua música.
O clipe de “Don’t” é uma boa representação de tudo que falei acima. A historinha aparentemente não faz sentido e pode parecer um pouco sem pé nem cabeça, mas é só prestar atenção na letra que entende-se o propósito.
A letra da faixa nada mais é do que uma narração das desventuras amorosas deste cara, o dançarino. Ele tem várias mulheres; algumas só passam por sua vida, como a primeira que aparece, porém outras são mais intensas e presentes, como a segunda mulher, com a qual ele possui uma sintonia maior; ela dança a mesma música que ele. O último tipo de mulher é aquele insignificante, que não é preciso nem uma personagem para representar. Ela não mudou a vida dele e ela não mudou a vida dela e cada um segue para o seu lado.
Outra genialidade fica por conta da troca de roupas e cenários aparentemente sem nexo. Vamos pensar: tudo começa no quintal de uma casa. Ele veste somente uma blusa branca e jeans e mora junto com uma família, e não se sabe se é sua ou não.
A segunda parte se passa na casa de uma mulher, ou quem sabe do casal. Essa é a primeira transição completa de roupa e ele só troca a vestimenta quando sai da casa. Uma transformação externa simbolizando outra interna.
A última se passa em uma mansão, ele subiu na vida. Apesar de amores superficiais, ele conquistou coisas que o cara que dormia no quintal no início do vídeo nunca ia imaginar. O terno vem para simbolizar o estereótipo de um homem de negócios; ele cresceu e subiu na vida.
Algumas coisas deixaram a desejar. Achei que a aparição de Ed Sheeran ficou um pouco aleatória na trama. Talvez seja uma referência a como ele teve a ideia do clipe, mas mesmo assim ficou um pouco mal explicada.
A visualização da cidade e a utilização do dançarino para descontrair e tirar a ideia maçante de um vídeo que só possui encenação foi uma jogada de mestre. Já vimos este recurso sendo utilizado no clipe de SIA e talvez em breve testemunharemos mais produções assim, não vou reclamar.
Para fechar, tenho que dar um destaque ao Phillip Chbeeb que fez uma performance excelente. Confira:
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