Viajando pelo Brasil com a nova turnê “Quintal”, a banda Melim se apresentou no último sábado (20) em São Paulo, na casa de shows Vibra lotada. O novo show dá suporte ao mais recente álbum dos irmãos e já passou por algumas cidades desde o final de do mês de abril, e segue com datas até junho.
“Quintal” é o terceiro álbum de estúdio da Melim e conta com 17 faixas inéditas. Trata-se de um projeto audiovisual, no qual cada canção possui seu próprio clipe. Lançado em novembro de 2022, o disco traz músicas mais pessoais, definidas pelo trio como uma viagem introspectiva para dentro de si. O projeto conta com grandes parcerias de nomes de destaque da música brasileira: Vitor Kley, Natiruts, Duda Beat e Emicida.
Esse é o primeiro álbum visual dos artistas, que já sonhavam com esse projeto desde cedo na carreira. “A gente se envolveu nessa parte criativa com intensidade. Os diretores tiveram a humildade de realmente ouvir o que cada canção significa pra gente e fazer acontecer o que tava no nosso imaginário”, explicou Gabi Melim em entrevista ao Tracklist logo após saírem do palco na capital paulista. “Uma coisa é a gente trazer a ideia e outra é realizar. Então eles foram fundamentais nesse processo e a gente amou todos os clipes!”, completou.
A turnê reúne grandes sucessos da banda, desde o primeiro álbum, até o mais recente lançamento. “O show é uma construção desde o início da Melim”, explica Diogo Melim O repertório veio repleto de hits que vivem na boca do povo, como “Meu Abrigo”, “Ouvi Dizer”, “Dois Corações”, “Gelo” e outras. “Parece que a cada turnê que passa, as músicas de antes vão ficando mais cantadas e mais sólidas, então a gente quebra a cabeça para organizar o repertório”, adiciona Rodrigo.
Entretanto, também não falta espaço para as novas faixas, presentes no álbum “Quintal”, que os fãs também mostraram saber palavra por palavra. A setlist ainda abre espaço para uma homenagem ao Djavan, grande inspiração da Melim, que já havia homenageado o cantor com um álbum de regravação de sucessos, entitulado “Deixa Vir do Coração”, em 2021. No repertório, eles escolheram incluir “Eu Te Devoro”, “Flor de Lis” e “Sina”.
Os irmãos ainda aproveitaram o show para compartilhar com o oúblico presente que eles retornarão ao Vibra São Paulo em agosto, para a gravaçã do primeiro DVD oficial da banda. O Tracklist conversou com Diogo, Gabi e Rodrigo após o show e eles compartilharam detalhes sobre os processos criativos da turnê e do álbum. Confira!
Confira a entrevista com Melim na íntegra
TRACK: Qual o sentimento de estar em turnê e ouvir o público cantando todas as músicas desde o primeiro álbum até o mais recente?
Gabi: A gente busca fazer uma carreira que o protagonismo venha para canção, a gente não se envolve em polêmica e tal. E é muito legal ver que pras pessoas elas realmente estão maiores que tudo, porque é isso que eu acho que perpetua, a canção fica pra sempre. É muito emocionante quando a gente escreve uma música em casa e depois ela chega invadindo tudo e a galera começa a cantar, é muito emocionante pra mim.
Diogo: Eu acho que cada artista tem seu jeito de trabalhar, seus objetivos, e o nosso sempre partiu da música. Então, a música na boca do povo é pra gente um sentimento de missão cumprida. Não importa o que você fez, você ouve a pessoa cantar e entende que a música faz parte da vida dela, no entretenimento, no descanso, numa paixão, num momento especial, e esse é um lugar muito especial de ocupar. As pessoas abrem o ouvido e o coração pra te colocar ali em forma de música e pra gente isso é muito especial, um motivo de honra muito grande.
Rod: Parece que a cada turnê que passa, as músicas de antes vão ficando mais cantadas e mais sólidas, então a gente quebra a cabeça para organizar o repertório de uma forma que o show fique alto astral e emocionante também, e a gente fica feliz de perceber que tão rápido as pessoas já estão cantando várias músicas do álbum quintal. Não sei se é por cada música ter o seu próprio clipe, acho que isso deu uma atenção e importância maior para cada canção. Até a última música do cumprimento final, a gente nem tava cantando, mas colocamos pra tocar e a galera cantou também, foi muito engraçado!
Gabi: Sim, essa canção chama “Um Minuto”. E eu fico muito feliz de ver que a galera toda curte o som e acompanha a gente há muitos anos. Começamos a carreira da Melim na virada de 2015 pra 2016 e é engraçado quando a gente recebe um fã mais novo e ele fala ‘eu sou fã desde o início’, e a pessoa realmente cresceu ouvindo a gente. Às vezes vem mãe, avó, adolescente ou um casal, enfim, é muito legal ter essa coisa diversa, é uma parada que eu gosto muito de ter essa coisa diversa. Saber que nossa música chega para todos os gêneros, classes sociais, isso é muito importante.
TRACK: E como vocês organizam o show para conciliar os gostos diferentes de cada um e ao mesmo tempo manter a essência da Melim?
Rod: Pensamos nas músicas que são nossos maiores hits, as mais conhecidas, como “Meu Abrigo”, “Ouvi Dizer”, “Dois Corações”, “Gelo”, “Eu feat. Você”, as músicas de trabalho. Nós distribuímos ao longo do show pra que, pelo menos de duas em duas músicas, tenha uma que vai dar aquela levantada na galera. Tem gente que faz show em blocos, com o início inteiro de músicas novas e no final um batidão com os sucessos. A gente prefere fazer sempre distribuído, para o pessoal estar sempre cantando, desde o início, e acho que isso também ajuda as músicas novas. Tem músicas que são mais pra cima mas que ainda não são tão cantadas, aí adicionamos interações com palmas, e vamos mesclando dessa forma.
Gabi: Sempre lembramos que além de sermos uma unidade como banda, somos três indivíduos com muita personalidade, a gente tem muita mesmo. Nós três gostamos de escrever as músicas, de cantar e tocar, então é legal mostrar um pouquinho dos aspectos mais profundos de cada um, acho que o fã gosta de ver isso, a gente também enxerga dessa forma.
Diogo: A construção do show ela começa do ponto de vista que a gente sempre pensa em carreira. Então esse show de hoje já passou por outras turnês e vamos sentindo os números que funcionam, os que não funcionam, e eu acho que o artista se expressa de diversas formas, na conduta,na música, no jeito de vestir, nas entrevistas, e o show é mais uma dessas maneiras de expressar quem você é, então ele tem que ser coerente com o que você acredita. Se você é um artista mais low profile, ou não tão mainstream mas que quer falar de temas de uma maneira um pouco mais densa, o seu show vai ser feito pra que a galera possa refletir. A gente vem muito do pop, sempre nos consideramos pop, reggae, MPB, a Gabi tem muita raiz na música brasileira então a gente traz um pouco disso nas nossas canetadas e nossas vozes. Então acho que passa por aí, o show é uma construção desde o início da Melim.
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E sobre o novo álbum “Quintal”, como foi para vocês contar essa história não só pela música, mas também com o complemento visual?
Gabi: Cara, sempre foi uma vontade nossa, eu lembro de falar pro Rod que eu queria clipe de todas as músicas. Só que início de carreira, faltava bufunfa e eu acho que quando a parada começou a acontecer e a Melim começou a realmente chegar na casa das pessoas, a gente podia fazer esse investimento financeiro mas não tinha tempo de olhar com tanta proximidade pro projeto. Então, nesse momento, a gente conseguiu juntar esses dois universos, da parte musical e estética terem a mesma atenção.
Rod: Acho que hoje em dia as pessoas consomem muito a parte visual, acho que mais pra frente vai passar a ser tão importante quanto a música. Nós sempre colocamos a música como o mais importante de tudo, mais que nosso lifestyle e tal, mas clipe é uma coisa que é muito importante. E também vemos esse resultado no show, as pessoas ouvem as músicas e lembrar do clipe, como em “Borboleta” que trazemos o piano. Nos primeiros discos e turnês que fizemos, a gente fazia clipe só das músicas de trabalho e o resto a gente tentava fazer algo a mais, mas ainda não tínhamos matado essa vontade de fazer os clipes.
Diogo: O desafio não é nem a quantidade de clipes, mas é como você mantém a qualidade com essa quantidade, porque pra gente uma premissa é fazer a arte e entregar algo que a gente ama e que a gente acha que é poético e tenha um sentido pra ser uma ferramenta para a pessoa entrar naquele mundo lúdico e resolver alguma questão emocional. Então, os 17 clipes, agora quando você coloca isso numa cronologia, numa agenda, na organização é muito look pra resolver, muito conceito de clipe. Foram três diretores, então isso é bem complexo, precisamos ficar realmente bem disciplinados e focados para não deixar a qualidade cair.
Gabi: A gente gravou intensamente assim, chegamos a fazer três clipes por dia, foi muito intenso. Mas eu fiquei muito feliz porque a gente colocou principalmente a nossa cara ali. Fomos buscando referências do que gostamos, como a gente se enxerga como banda e como vemos as canções. A gente se envolveu nessa parte criativa com intensidade, os diretores tiveram a humildade de realmente ouvir o que cada canção significa pra gente e fazer acontecer o que tá no nosso imaginário, porque uma coisa é a gente trazer a ideia e outra é realizar. Então eles foram fundamentais nesse processo e a gente amou todos os clipes!
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