Se Machine Gun Kelly não conquistou uma indicação ao Grammy por Tickets To My Downfall, dificilmente vai com Mainstream Sellout.
Não que isso seja prova de alguma coisa. Um dos álbuns mais aclamados de 2020, After Hours, não recebeu sequer uma indicação do Grammy e até motivou o boicote de The Weeknd ao prêmio dali para frente.
Mas é fato: o novo álbum de Machine Gun Kelly tem ótimas músicas, mas não é tão coeso do começo ao fim, como seu antecessor.
“Mainstream Sellout”: uma coleção de bons singles
Em Tickets To My Downfall, disco de 2020, as músicas aparecem ligadas por uma sonoridade, mas é fácil diferenciá-las. No recém-lançado Mainstream Sellout, elas se parecem demais, com a mesma bateria intensa.
As que realmente chamam a atenção na multidão são aquelas que já haviam sido lançadas como singles ou promocionais: “emo girl” feat. WILLOW, “maybe” (Ft. Bring Me The Horizon) e “papercuts”.
Isso não quer dizer que Mainstream Sellout é ruim. Na verdade, o álbum tem ótimas lyrics e é um exemplo muito bom do pop punk que tem retornado.
Inclusive, Machine Gun Kelly foi apontado recentemente como o “Príncipe do Pop Punk”, e merece o título (principalmente considerando que não há outros tantos nomes solo fazendo barulho no gênero).
Mas não dá para negar que seu novo álbum parece mais como uma coleção de músicas, que funcionam melhor sozinhas do que juntas. Mude a ordem do disco, e você vai perceber que ela não faz tanta diferença.
- Para quem já gosta do som de Machine Gun Kelly, Mainstream Sellout é mais do que satisfatório.
- Quem não cresceu na era do pop-punk encontra no álbum uma ótima oportunidade de entrar de cabeça no gênero.
- Para quem considera MGK um poser fora de lugar na cena punk, o disco só reforça essa opinião sobre Colson Baker.
Ou seja, com Mainstream Sellout, Machine Gun Kelly não conquista novos fãs do punk. Mas para quem já curte seu som ou não sabe muito o que esperar dele, o álbum é excelente.
E não há problema nenhum nisso! No disco, MGK brinca com a ideia de ser considerado um impostor no rock, e está confortável com esse título.
“Mainstream Sellout” é mais sombrio e angustiado
Mainstream Sellout fala de temas mais pesados que seu antecessor. Há mais morte, tentativa de suicídio, saúde mental… Isso acaba por tornar o disco menos divertido, pois não dá para para balançar tanto a cabeça ouvindo MGK falar sobre seus demônios de forma tão crua.
Como o artista tinha prometido, seu novo material é liricamente mais profundo. Ele é vulnerável, é complexo e fala das lutas internas de Baker.
Mas o disco não é apenas isso. Na verdade, os riffs de guitarra urgentes e bateria trovejante têm lugar também em faixas românticas (sobre Megan Fox, de quem o cantor está noivo); para uma ex-namorada (“fake love don’t last” feat. iann dior); e sobre ser uma “paródia de rockstar” (na faixa “mainstream sellout”).
Então, ainda há momentos sarcásticos e mais íntimos, mesmo com toda a explosão das melodias.
“god save me” e “twin flame”
Além das faixas já conhecidas antes do lançamento, duas canções são destaque em Mainstream Sellout.
Primeiro, “god save me”. Na música, Machine Gun Kelly retoma algumas partes da sua vida: a relação com o pai, problemas com sua saúde mental, uso de drogas e mais.
Sua letra é crua, sincera, e o músico usa o melhor do seu vocal gritado e rasgado. É um bom exemplo do pop punk em sua essência.
Outra faixa que merece atenção é “twin flame”, uma declaração de amor aberta e fofa para Megan Fox, noiva de MGK.
“Eu tenho seis maneiras de dizer que eu me apaixonei / Apaixonado por você à primeira vista / Eu gostaria de poder enquadrar o jeito que você me olha com esses olhos”, canta o músico.
A faixa tem a participação de Megan, com alguns áudios, e um dos solos de guitarra mais marcantes do disco. É a última canção de Mainstream Sellout, e faz valer a pena ter chegado ao fim da lista de 16 músicas.