Entrevista: XYLØ fala sobre Brasil, 'Unamerican Beauty' e 'Aliens'

Paige Duddy, mais conhecida como XYLØ, é uma cantora, compositora e produtora de Los Angeles, Califórnia. A jovem está se preparando para lançar seu disco de estreia, ‘Unamerican Beauty’, ainda em 2022. O primeiro single do álbum foi lançado em Janeiro e Paige nos concedeu uma entrevista para falar a respeito de ‘Aliens’, a relação com os fãs brasileiros e seus próximos passos na carreira.

Confira a entrevista na íntegra.

TRACKLIST: Gostaríamos de começar falando sobre o começo de sua carreira. Em 2016 você lançou seu EP ‘America’, e esse ano lançará seu primeiro disco, ‘Unamerican Beauty’, qual a relação entre esses dois trabalhos?

XYLØ: A maior conexão é a América do Norte (risos) ser daqui, de fato é a maior conexão. O EP se trata do momento que eu estava em um relacionamento com um estrangeiro, alguém que não tem a mesma cultura, todo o impacto que isso teve em mim. Já com ‘Unamerican Beauty’ é algo muito mais amplo, que mostra um lado diferente meu e passa por várias coisas que aconteceram em minha vida desde aquele momento. Mas há uma conexão entre eles, com certeza.

TRACKLIST: E o que os fãs, que já acompanham seu trabalho há um tempo, podem esperar do seu disco?

XYLØ: Bom, eu sinto como se, sonoramente, é a combinação de tudo que já fiz no passado com o momento que estou agora. Eu tenho um amigo que escutou o disco e disse: “Nossa parece que vocês pegaram vários elementos de músicas antigas e utilizaram nesse disco”. E assim, eu já explorei diversas sonoridades diferentes, a parte lírica também. Então existe o alt-pop que os fãs já conhecem, mas também algumas produções mais voltadas para o eletrônico experimental. Acho que consegui combinar essas duas coisas. Liricamente eu queria trazer as pessoas para a minha realidade de crescer no subúrbio, o lado bom e ruim disso, está bem legal!

TRACKLIST: O primeiro single do disco é incrível! ‘Aliens’ é uma baita canção, como que ela surgiu?

XYLØ: Lee que produziu a música, ele já tinha a maioria da produção pronta, inclusive esse é nosso processo na maioria das vezes. Primeiro temos a melodia pronta para começar a parte lírica, muitos artistas fazem o inverso. Quando gostamos da parte instrumental que passamos para a letra. Eu comecei a cantar por cima da música até que cheguei na parte do refrão. Eu sabia que queria algo envolvendo meus amigos e alienígenas, pois havia meses que não nos encontrávamos por conta da pandemia. Estávamos sempre conversando como nos sentíamos e era bem parecido. Eu tinha acabado de me mudar para uma parte nova da cidade e estava me sentindo perdida. Mesmo sendo de Los Angeles, eu nunca senti como se fosse minha casa de fato, é uma sensação estranha. Então estava me sentindo deslocada, foi desse local que veio o conceito de se sentir um alienígenas, deslocado, mesmo em um local que deveria ser nossa casa.

TRACKLIST: O clipe também é muito bacana! Pelos créditos, Lee estava super envolvido em tudo. Você participou do processo de idealização do vídeo até a produção em si, certo? Como foi tudo isso?

XYLØ: Eu produzi o vídeo inteiro, nunca fiz algo assim. Eu não queria anunciar como se fosse a produtora, nunca havia feito algo parecido. Mas se eu quisesse fazer com que o vídeo ficasse da maneira que queríamos com o orçamento que tínhamos, precisava cortar diversos gastos. Então a ideia era bem cara, financeiramente falando, mas tentei pedir alguns favores, liguei para diversos lugares pedindo para filmar. Alguns lugares conseguimos liberação para gravar por uma hora, foi loucura.

Tínhamos todo o conceito, sabíamos que tinha que ser gravado em filme, tudo foi feito em uma câmera 16mm para que tivesse a estética nostálgica, essa sensação de algo antigo. A referência aos anos 90 era algo que precisava estar presente. O nosso diretor de fotografia eu encontrei pelo Instagram, mandei um DM convidando para o projeto, e ele topou. Foi incrível, deu MUITO trabalho, não recomendo, mas fizemos dar certo, foi recompensador no final.