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Review: “Justice”, do Justin Bieber, traz produções memoráveis, mas letras fracas

Foto: Divulgação

De 2009 à 2015 uma parte da minha vida foi acompanhar Justin Bieber crescer praticamente do 0 ao fenômeno que acabou se tornando. Desde 2009, estive na jornada de o acompanhar musicalmente. Às vezes (na maior parte desses anos), muito além disso. Escândalos, relacionamentos, experiências. O primeiro artista do mainstream a ser acompanhado 100% pela internet. Com o lançamento de “Justice” não seria diferente.

Conforme fui crescendo, certas coisas foram deixadas de lado. O acompanhar a vida, surtar por certas coisas, não rolavam mais; a vida vai aparecendo com compromissos e certas coisas não fazem mais tanto sentido.

Apesar disso, ser curiosa e ter certo carinho por ele sempre me mantinha escutando lançamentos e dando opiniões. O último álbum que de fato gostei foi o “Purpose”. “Changes” foi uma grande decepção pra mim: sinto que foi o álbum que ele mais teve autonomia pra ousar e errou feio. Todas as músicas parecem as mesmas, só que remixadas; acabaram parecendo ringtones daqueles celulares antigos. Meus amigos fãs de Justin Bieber concordam com isso em sua maioria.

Logo, inegável que estivesse ansiosa para escutar o seu mais novo álbum, “Justice”, lançado nessa sexta, 19.

Primeiras impressões

Confesso que “Anyone”, primeiro single do “Justice” me deixou meio dividida: a letra é brega, ao mesmo tempo que a produção, com suas baterias e tudo mais é lindo.

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“Justice” surge como algo distante (graças a Deus) do “Changes”, com mais cara de pop e menos tentativa de trap. É como se misturasse o “Journals” com o “Purpose”. É um álbum que tem espaço para vários gêneros: pop, R&B, rap e até mesmo ritmos que lembram anos anos 80. Na minha opinião, essa mistura meio que acaba tirando um certo objetivo do álbum e deixa tudo meio solto.

Por falar em solto, você tem a sensação em certos pontos do álbum que ele vai ser político, abordar questões sociais por ter ali trechos de discursos fortes e bonitos do Martin Luther King. Mas não evolui daí. Bieber canta o álbum todo sobre o amor, sua relação atual, e, pra mim, isso se torna repetitivo e chato. E os discursos acabam não encaixando ali.

Pontos Fortes

Enquanto as letras são bregas demais falando sobre amor, sobre sua relação ou relações que já teve, um ponto salva e muito: as produções.

Voltando aos trilhos, traz nomes já conhecidos em sua carreira para a produção: Josh Gudwin e Skrillex (assim como no “Chromatica”, ele aparece em faixas sem muito quê de eletrônica, o que é interessante). Além disso, chama também novos produtores, como FINNEAS, irmão da Billie Eilish.

Os destaques vão para as faixas “As I Am”, parceria com Khalid, “Off My Face”, “Die For You”, com participação de Dominic Fike, “Ghost” e “Peaches”, com o Daniel Caesar e o Giveon.

“As I Am”

A melodia acompanha as inseguranças de Justin, aumentando a velocidade conforme a situação parece ser mais positiva e explode no refrão, quando Justin pede pra aceitar ele e que vai fazer o melhor que puder mesmo com inseguranças (entende o que eu digo quando digo que as letras são bregas?)

“Off My Face”

“Off My Face” lembra os primeiros álbuns, mas, mais especificamente talvez o “Believe Acoustic”. Uma das poucas músicas que tem a voz e violão sem muita coisa além, tudo bem claro. É difícil de eu gostar tanto de uma música acústica, mas essa me pegou bastante. Não sei se por conta da nostalgia ou pela pureza da voz em meio a tanta informação no álbum.

“Die For You”

Die In Your Arms” do “Believe” é certamente uma das minhas músicas favoritas de toda a discografia de Justin Bieber e só por ter o Die no início dessa já fiquei curiosa. E me surpreendeu demais. É certamente minha favorita.

“Die For You” traz a coisa ali bem utilizada pelo The Weeknd e Dua Lipa no último ano: músicas que lembram os anos 80 e nos desperta um sentimento bom. Eu nunca imaginei o Bieber se encaixando numa música desse estilo e felizmente deu muito certo! Talvez a vontade dele de parecer com seu ídolo Michael Jackson se expressa um pouco através da faixa. É um synthpop incrível que me despertou uma vontade de um álbum dele só assim. Mas tudo bem, eu sei que isso nunca se tornaria realidade.

É uma das únicas músicas do álbum em que a letra é tragável porque o brega faz super sentido com a melodia. E surpreendente é uma das letras menos melosas e menos Justin se fazendo de cadelinha pra Hailey Bieber (não que ache errado, pelo contrário).

“Ghost”

A camada de sonoridades em “Ghost” me chama muito a atenção e gosto do fato que isso se dá no início da música pra no refrão ela acalmar. E aí ainda nele, na metade, engata o violão com o ritmo mais acelerado do início.Formando uma junção bem legal de escutar. 

“Peaches”

“Peaches” é minha segunda favorita. Não teria como dar errado chamando Daniel Caesar e o Giveon pra mesma música. Já tinha gostado dela na versão apresentada no Tiny Desk, mas a versão de estúdio não tem um defeito. É um R&B com uns tecladinhos e baterias impecáveis e as vozes do Daniel, Bieber e Giveon se encaixam muito bem. 

E lançou o melhor clipe da era sem nem dúvidas. Muito bem filmado, sem muitos exageros, mas lindo estéticamente. Justin Bieber acertou a mão em cheio nessa música do “Justice”.

Conclusões

É um álbum sem dúvida alguma muito bem produzido. Mas se perde nas letras. Parece que desde o “Changes”, Justin só sabe falar sobre o seu relacionamento, e, em certo ponto, fica chato. Não há uma ordem ou uma música amarradinha outra na outra. Os discursos do Martin Luther King só ali soltos pelo álbum sem nenhuma música original de Bieber falando sobre questões relacionadas à eles me incomoda.

Mas é um álbum que caso você ignore a maior parte das letras, sem traduzir, é bom de se escutar. Talvez um dos melhores álbuns lançados por Bieber, mas certamente não o melhor.

Nota: 6.2

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