A cantora M.I.A compartilhou em suas redes sociais uma entrevista que concedeu ao NPR, na qual explica o conceito da música “Borders”, o paradoxo da “aproximação” e “distanciamento” do Ocidente e a relação com sua própria identidade. A artista nasceu em Londres, mas passou toda a infância no Sri Lanka, sobrevivendo à guerra civil que durou 25 anos. O pai dela lutou ao lado de rebeldes separatistas. O conflito deu início a uma migração de massa de dezenas de milhares de cidadãos, cenário não muito diferente do que se observa no Oriente Médio e no Norte da África hoje em dia, sendo a situação dos imigrantes uma das crises geopolíticas mais emblemáticas (como esquecer a imagem do menino Aylan Kurdi, de 3 anos, morto em uma praia da Turquia nesse 2015?).
Sobre sua vivência pessoal, M.I.A destacou que foi “horrível”. “Não havia – definitivamente – nenhum olhar internacional sob a situação. Por sorte, os britânicos abriram as fronteiras por alguns meses e meu tio achou minha certidão de nascimento que mostrava que tinha nascido na Inglaterra. Assim, eu pude ajudar o restante da família a vir junto com a gente”.
Com o tempo, M.I.A percebeu uma constante: pessoas em situações difíceis são atraídas pelo Ocidente, onde acham que poderão encontrar a felicidade. A cantora acredita que seu papel é também promover essa aproximação, mas também coloca em questão um paradoxo. “Eu acho que é causa e efeito. Como musicista, eu sinto que sou parte da promoção de ideias às pessoas. Você sabe, ultimamente nós lutamos para que o que fazemos no Ocidente seja visto por todas as pessoas do planeta. Nós queremos ganhar dinheiro com isso, e você quer vender 50 milhões de discos da Taylor Swift para pessoas na África”, exemplificou a artista “o sonho americano” ou “o sonho ocidental”. “Se o Ocidente tem tanta intenção em promover suas marcas, usando arte e cultura para inspirar os sonhos das pessoas, então por que afasta as pessoas em seguida?”
O Tracklist elencou a música “Borders” como uma das melhores do ano. Confira a lista completa.