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Entrevista: Zeeba detalha sobre novo álbum “Cultivar”

Disco fala sobre positividade e já está disponível em todas as plataformas digitais

Foto: Divulgação

Cuidar de si mesmo e partilhar o que faz bem com as pessoas que estão ao nosso redor são, mais do que nunca, formas de buscar equilíbrio diante de tantas questões que a vida coloca para cada um.  Para relembrar a importância disso e do valor do cuidado, Zeeba lançou na última quarta-feira (10) o álbum “Cultivar”, já disponível nas plataformas digitais.

As faixas escritas em português e em inglês fazem parte de uma nova fase do trabalho de Zeeba e, em entrevista ao Tracklist, o cantor detalha sobre a produção do álbum, explica sobre o conceito de cada canção, além de comentar sobre as versões compartilháveis para plataformas como TikTok e Instagram das músicas.

Entrevista: Zeeba fala sobre álbum “Cultivar”

Tracklist: Como estão as expectativas para o lançamento de “Cultivar”? Vi que ele fala bastante sobre positividade.

Zeeba: Estou ansioso. Foi um álbum que começamos a trabalhar no começo do ano passado, fizemos muitas músicas para chegar nas sete faixas finais – e ainda tem duas que vão entrar depois, no final do mês.

É um álbum que traz positividades, toda essa questão sobre “Cultivar” o nosso ao redor, a nós mesmos, amor-próprio. Acho que cada música tem seu tema dentro desse tema geral. A gente lançou a primeira, “Te dizer que sim”, que é sobre amor.

Mundo de Papel” fala muito da questão da comparação, das redes sociais em que, antigamente, a grama do vizinho era mais verde. Agora, a do mundo inteiro que a gente vê, todos os dias, é mais verde. Às vezes parece que são melhores que a gente, que o mundo de todos é maravilhoso, e cada vez mais o algoritmo está entrando na nossa vida para ficarmos mais presos nisso. 

Vai ser o próximo single do álbum, que fala sobre essa questão de darmos valor às pequenas coisas, nos cercar de pessoas que fazem bem para a gente, pensar sobre coisas que nos fazem bem. Porque vivemos o agora, o dia a dia. Eu, que vivo com arte, sei que às vezes a gente fica se planejando muito e acaba ficando ansioso, deixando de viver os processos. Acho que isso é muito importante.

O álbum fala sobre isso no geral, sobre rotina. “Sunday Highs” é uma música que fala sobre domingos felizes e segundas-feiras que todos já estão meio para baixo, esse looping em que estamos. A gente vê o mundo que estamos vivendo, mas vamos olhar esse lado positivo das coisas.

Qual seria a primeira impressão que você acha que as pessoas vão ter ao ouvir o álbum pela primeira vez? Acredita que vão captar a mensagem de primeira?

Acho que não. Isso é o conceito que a gente faz, de quando estamos trabalhando e vão saindo as coisas e falamos: “Que legal, acho que esse é o core do álbum”. Mas, no geral, as músicas são leves. 

A “Cultivar” é uma música super leve, fala de amor e é bonita, que dá para escutar em uma viagem, na estrada… Acho que tem uma identidade legal ali, apesar de terem coisas densas, são músicas que têm uma produção acústica mais leve. Eu gosto dessa coisa de ser fácil de escutar. É um álbum que, apesar de ter um tema denso, cada pessoa vai interpretar da sua forma.

Vão acabar se identificando cada um com sua música, né?

É. A “Te dizer que sim” queríamos falar, na verdade, sobre o amor em si, a palavra “amor”, o amor no mundo, se as pessoas descobrissem o amor que existe dentro delas… Acabou que foi mais para esse lugar de relacionamento, de apaixonados. Vejo as pessoas postando seus vídeos de casal na internet, então é muito legal. 

Mas, quando a gente escreve, tento ir para esse lugar mais geral, mais reflexivo, só que as pessoas, quando lançamos, as músicas viram delas, de vocês, de todos. Acho isso muito bonito, que cada um vai ter sua própria percepção.

E por que a escolha da “Te dizer que sim” ser o primeiro single para apresentar o projeto?

Foi uma música que a gente produziu junto com o Gee Rocha e com o Digão Bessa (“Só Pensando Em Você”, “Tudo Que Importa”) e era uma que tinha, de alguma forma, mais a ver com o que eu já tinha feito antes, mas que se encaixava no tema. É uma que acho que é a mais diferente do que está por vir, de produção mesmo.

O pensamento foi: “Vamos começar com o amor?”. O primeiro tema é cultivar o amor. Aí o segundo tema é cultivar a rotina e os pequenos momentos da vida (“Cultivar” e “Mundo de Papel”). “Sunday Highs” também é sobre rotina, então vamos deixar ali. Acho que fomos montando dessa forma.

Foi uma escolha de vibes, de energia. Começar com “Te dizer que sim” que é bem solar, e então ir para a segunda parte que é mais densa, depois fechar com as coisas mais para cima. A última parte serão duas músicas em inglês. O álbum foi uma mistura. O inglês tem essa coisa de passar a mensagem de outra forma. Para mim, na voz, ela fica diferente.

Ia perguntar sobre isso, a diferença ao compor em português, que é uma língua bem rica, e o inglês que também tem suas nuances.

Acho que é exatamente isso que você falou. Com o português vou mais na letra – claro, tem a produção e as melodias -, mas com o inglês o foco é total na melodia do que na letra, e a melodia já traz essa densidade.

O inglês tem um vocabulário um pouco menor para usar nas mensagens do dia a dia que estamos trazendo. Dá para fazer poesia, mas parece que é mais sobre a melodia para você passar emoção daquela mesma palavra de forma diferente, do que o portugês, que é mais rico, tem o feminino e o masculino, o jeito como você coloca e fala as palavras.

É difícil colocar um falsete no português sem soar estranho. São desafios diferentes. Como eu quis passar em várias emoções no mesmo álbum, variou entre o português e inglês. Tem música que é só piano e voz que vai sair na segunda parte, que também é em inglês por isso. Senti muito no improviso, quis fazer da forma mais honesta possível.

Então vem muito da inspiração do processo, se vai ser em uma língua ou outra?

Sim, na hora em que estamos fazendo. Tem produções que são mais americanizadas. Eu tenho essa questão, porque morei muito tempo lá fora, tenho muitas referências… Como participei também do processo de produção desse álbum, acho que teve coisa que, às vezes, começa no violão e dá para ir no português. Tem coisas que são produções mais gringas que, se forem para o português, vai ficar estranho.

E o que te inspirou na sua vida a compor essas mensagens de positividade? 

Acho que a pandemia foi uma coisa que me fez dar uma pausa em tudo e olhar para mim mesmo. Depois da pandemia, meus hábitos mudaram muito, parei de beber… O eletrônico leva a gente para esse lugar de estar saindo à noite toda a hora, curtindo, com muitas festas.

Acho que dei uma acalmada e comecei a cuidar mais de mim mesmo. Sinto-me muito melhor hoje, mais saudável, estou namorando, com um estúdio aqui em casa, com uma rotina que eu me sinto mais feliz em um geral, e quis botar isso para fora de alguma forma.

Estou apaixonado, vivendo a vida mais intensamente. Acho que é um reflexo muito do que estou vivendo, com certeza. Quando a gente tem algo bom que estamos vivendo é muito gostoso compartilhar com todos.

Reflete no trabalho, né?

Sim, e a gente quer passar isso para as pessoas. Sempre tive essa característica de passar mensagens otimistas nas minhas músicas, sempre recebo mensagens lindas do pessoal. Até tenho guardado mensagens de texto que recebo em que a galera agradece. 

A gente acaba se conectando com outras pessoas que tenham o mesmo sentimento. Às vezes a pessoa escuta a música e aquilo a acalma, serve de cura também. Quando conseguimos fazer isso é muito lindo, muito gostoso. Acho que o maior prazer de fazer arte é essa conexão com as pessoas, e quando ajudamos alguém por meio da arte é muito bonito, muito legal e gratificante.

Com certeza. O álbum vai também trazer toda essa parte do audiovisual e compartilhável, certo?

Considerando o mundo em que vivemos hoje, as pessoas infelizmente estão meio presas no celular, vivendo metade ou grande parte da vida delas consumindo as redes sociais. Então, fizemos versões das músicas para que usem na rotina delas também: versões curtas para as pessoas usarem no TikTok, no Reels, enfim, para escutarem onde estão vivendo no dia a dia. Fizemos versões de todas as músicas assim.

E o curta-metragem já é o produto que explica mais esse lance da rotina. A gente quis passar a mensagem de uma forma super visual. Eu sempre tive essa vontade de ter um roteiro em um clipe e eu nunca consegui, de fato, com começo, meio e fim, história… E a trilha sonora do curta são as músicas do álbum. 

Cada momento da história tem uma música. Foi muito bem direcionado. Depois que vimos que cada música tem sua vibe, falamos: “Vamos começar uma história através dessas músicas”. Eu participei desse roteiro junto com a Isadora Verissimo, e juntou uma galera muito legal para fazer esse curta-metragem. Estou ansioso para mostrar.

Legal. Deve estar ansioso para mostrar para o público o álbum inteiro também, né?

Sim, quero ver como vai ser a reação da galera! Inclusive postei uma foto em que fui criticado porque estou fumando, mas era por conta do filme. Eu nem fumo cigarro, era muito sobre a pausa de uma rotina chata, sabe? A pausa do café, a pausa do cigarro… Por que tem que ter essa pausa? É porque está ruim, né (risos). É um reflexo. Essa era a música mais down (“Sunday Highs”).

Vai ter uma parceria nesse álbum, correto?

Tem uma parceria com o Avi Snow, que é na “Sunday Highs”, e por enquanto sem parcerias. Estamos pensando no segundo semestre em fazer remixes também, talvez colocar outra pessoa, incluir mais músicas que tenham a ver [com o álbum]. Fizemos muitas que não entraram. Às vezes a gente pode pegar umas outras músicas e chamar mais featurings para entrar nessa segunda parte.

Depois de tantas parcerias, tem algum artista, seja internacional ou nacional, que sonha em fazer uma colaboração?

Eu gosto de muita gente, não sei de cabeça alguma pessoa que eu gostaria de fazer uma parceria, não estava pensando muito nisso no momento. Tem muita gente legal no Brasil e fora. É muito legal isso de parceria hoje, de a galera estar fazendo featurings para até para amplificar os fãs de um conhecer os fãs de outro, é legal essa troca.

Mas, parcerias que eu sonho? Coldplay. Eu sou muito fã de Coldplay. Acho muito difícil acontecer, ainda mais nessa minha nova fase em que estou indo para o português, mais centrado aqui no Brasil.

Às vezes no eletrônico tem uma abertura muito legal com DJs internacionais, isso é uma coisa que eu quero voltar a fazer depois que eu acabar esse projeto este ano. Então, ano que vem vou estar focado em fazer mais parcerias como compositor mesmo. Tenho falado com o Alok sempre, é um amigo meu, a gente tem muita parceria. Então, quem sabe, ano que vem a gente não volta com alguma coisa.

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