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Entrevista: Roberta Medina revela detalhes do The Town 2023

Vice-presidente executiva do festival fala sobre a infraestrutura, negociação com headliners e mais

Foto: Divulgação

Faltam poucos dias para o The Town 2023, festival que estreia no mês de setembro em São Paulo, pelos mesmos organizadores do Rock in Rio. Com cada detalhe sendo preparado para a capital receber o evento no Autódromo de Interlagos, a vice-presidente executiva, Roberta Medina, conta em entrevista ao Tracklist como estão sendo os investimentos do espaço, revela como foram as negociações com artistas e mais.

Entrevista: Roberta Medina fala sobre The Town 2023

O Autódromo de Interlagos tem recebido grandes investimentos do governo de São Paulo para transformar o local em uma infraestrutura permanente de entretenimento, visando receber cada vez mais eventos relevantes para a cidade – entre eles, o The Town. Porém, antes disso, Roberta Medina afirma que a organização do festival chegou a avaliar o Jockey Club, mas lá tinham muitos desafios, como sua dimensão, acesso, vizinhanças, e portanto a conversa sobre trazer o festival para a capital paulista foi pausada.

“Então, voltaram as conversas entre Roberto Medina [criador do festival] e Bruno Covas [ex-prefeito de São Paulo], e aí olhou-se para Interlagos com a condição de se fazerem determinados investimentos em infraestruturas que são permanentes para o local, mas que pudessem acolher o evento nas características que ele tem. É muito incrível ver o impacto que está acontecendo em Interlagos”, conta a empresária.

Segundo Medina, o local ganhou um grande espaço de plateia para qualquer grande evento. “Onde era o estacionamento está todo asfaltado, todo coberto de grama sintética que traz mais conforto para o público, já com as torres de som e luz instaladas permanentemente no parque, então só ali ganhamos mais uns 30 mil m² do que havia antes. Acho que vai ser uma das maiores surpresas de quem já frequentou eventos no Autódromo, ver a diferença do espaço”, detalha.

Para Roberta, outro legado deixado pelo The Town 2023 será a forma de fazer os acessos do Autódromo, uma grande preocupação da organização para entregar o maior conforto possível ao público. “[Há] esse diálogo com os parceiros, privados e públicos, para que o transporte funcione 24 horas, que é o desafio para quem frequenta eventos ali. E para ter menos impacto no trânsito porque, a partir do momento que as pessoas vão ao evento, elas escolhem ir em transporte público (até porque agora não tem outra forma de você ir), [se não] vão ficar barradas nos bloqueios”, resume.

Nivelamento do Autódromo de Interlagos

Por outro lado, o nivelamento do Autódromo de Interlagos é outra preocupação do público que já conhece o espaço por conta do Lollapalooza Brasil, evento que também acontece lá. Entretanto, Medina garante que os famosos morrinhos para assistir aos shows continuam. “Se for falar em Lollapalooza, a área que foi nivelada é onde acontecia o espaço de música eletrônica. Então, todo aquele lado onde está o palco principal não teve intervenção de nivelamento. O que teve ali foi, por exemplo, entre esses dois espaços – no Lolla você tinha que passar por uma escada – nesse momento, já não vai precisar você passar porque, para a multidão, a escada é um ponto de risco e desafio. Então, agora existe uma rampa, vai ser muito mais sossegado”.

“A integração desses dois lados do Autódromo, digamos assim, está muito mais suave. Todo o lado onde estava a estrutura da Heineken etc, aquilo fica igual, nada mudou. O que está de diferente ali é toda a infraestrutura, isto é, debaixo da terra. Para quem conhece o Autódromo ele parece igual, parece que nada se passou. Onde de fato tem a diferença é ali a zona de estacionamento e música eletrônica, que ganhou muito mais espaço, e ali não se tirou porque ali já não tinham morrinhos”, comenta Medina.

De acordo com ela, a mudança foi para melhorar o fluxo de pessoas entre os palcos. Outra grande diferença também que o público vai sentir é no acesso, que antes tinha uma diferença de caminhada de oito minutos entre a estação de trem de Interlagos e a porta do Autódromo. “O que acontecia em outros eventos é que, uma vez que você entrava no Autódromo, você ainda andava muito lá dentro até entrar no evento em si. Neste momento não. A gente fez ali uma intervenção, com a prefeitura, de rampa também, para que a partir do momento que você entre no portão, você já esteja dentro do evento, não tendo que andar tudo isso para chegar dentro do evento em questão. Então, também traz mais conforto para o público”, afirma. 

Negociação com headliners

Perguntada sobre como foram as negociações com os atuais headliners, como Bruno Mars, Post Malone, Foo Fighters e Maroon 5, Roberta afirma: essa parte dos artistas é menos romântica do que parece, olhando de fora. “Não é só o que a gente quer. O primeiro olhar é quem está ou não em turnê este ano. Quem não está, você já faz um corte. Quem está em turnê ou pode vir para a América Latina, porque aqui não tem grandes turnês. Nós normalmente somos os primeiros a puxar a turnê para a América Latina, então tem ali um mega quebra-cabeça que se faz durante meses”.

A empresária afirma que, para o The Town 2023, o primeiro artista principal a ser fechado foi Foo Fighters. “A gente tinha a banda confirmada com a gente em Lisboa no ano passado, e aconteceu o acidente do baterista [Taylor Hawkins] dois meses antes do concerto. Eles também eram para estar no Lollapalooza Brasil, que também não conseguiram. Então, tinha uma vontade de poder trazer e cumprir essa expectativa do público brasileiro em relação com a banda. Foi sempre a primeira opção [para o Dia do Rock no festival”, analisa Roberta.

Na sequência, veio Post Malone, que esteve com a organização do festival no Rock in Rio em Lisboa no ano passado. “Foi um showzaço. Aí depois ele esteve no Brasil com a gente também. E a loucura como ele é no palco, sozinho. É gigante, é muito bom o show dele, então a gente quis muito levar ele para São Paulo”.

Bruno Mars veio depois, pois apresentou uma dificuldade maior em uma negociação muito mais alargada por conta do investimento, encaixe de datas, pela dimensão do artista no geral, que é muito disputado. “E aí conseguimos, com duas datas. Acho que se tivéssemos cinco dias com o Bruno Mars era capaz de esgotar (risos)”, celebra Roberta. “Eu sou suspeita, estou feliz da vida porque eu amo de paixão. Mas é um showzaço”. O cantor é uma atração que os organizadores estão tentando trazer para o Brasil há muito tempo.

Além disso, Roberta Medina reforça que foram feitas muitas tentativas para fechar com headliners femininas, dentre elas nomes como Beyoncé, Lady Gaga, Taylor Swift e Rihanna. “A gente tentou basicamente todas as meninas, as headliners femininas, sabendo que isso é um tema importante para todo mundo e para a gente também, e não houve meio. Nenhuma delas estava disponível para as datas do festival. Então, as meninas vão ter que ficar para 2025 e 2024 no Rio, porque desta vez realmente não foi”, garante.

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Contudo, Roberta Medina relembra na entrevista que o line-up do festival conta com outras atrações femininas de peso, como Demi Lovato, Luísa Sonza e IZA. “Muita coisa boa. É muito bacana ver esse momento da música brasileira, a dimensão que os artistas brasileiros ganharam em termos de plateia, de produção, espetáculo”, reforçou a empresária que, inclusive, detalha sua relação com IZA, que é porta-voz do The Town. “A relação com a IZA vem crescendo nas últimas edições do festival. Ela sempre foi muito carinhosa, tem uma história muito bonita com o festival, de ter ido, e de crescer o sonho dela ali de ser artista. Sempre muito querida, muito carinhosa, e a relação foi crescendo”.

Ainda sobre headliners femininas, a vice-presidente executiva relembra o caso do cancelamento de Lady Gaga no Rock in Rio 2017. “Há coisas que acontecem que não se controlam. A gente teve Lady Gaga que ficou doente dois dias antes do show no Rio em 2017. Teve esse caso com o Foo Fighters… acontece, são pessoas acima de tudo. Não são máquinas e a gente tem que respeitar e acolher quando eles têm algum problema grande”, reforça.

Rock in Rio x The Town

Para Roberta, a grande diferença entre Rock in Rio e The Town é a própria história que eles vem contar. “Eles são literalmente irmãos, na base dos seus valores, no olhar para o mundo, nessa certeza de que não adianta a gente fazer uma festa bonita se a gente não cuidar da nossa cidade, se não cuidarmos dessas pessoas”, responde, visto que o The Town este ano apoia a iniciativa do Projeto Favela 3D na favela do Haiti, com a Gerando Falcões.

Seu objetivo é mostrar que o The Town e seus parceiros podem fazer a diferença na vida dessas pessoas e da cidade. “Nesse aspecto, o The Town é um grande cartão de visitas de São Paulo, ele nasce para isso, para mostrarmos ao mundo muito mais do que a potência econômica, na área de trabalho e industrial que há em São Paulo. Mostrar essa potência de cidade na cultura, na pluralidade, uma cidade que acolhe o mundo inteiro dentro dela”.

“Então, ele é sim um grande cartão de visitas”, alega Medina. “O Rock in Rio não deixa de ser um cartão de visitas do Rio, mas ele carrega o nome, não necessariamente a cultura carioca, ele tem uma história diferente. Acho que essa é a maior diferença entre eles, que conversa eles querem provocar na área do entretenimento. Na área dos valores, eles vão estar sempre falando da mesma coisa, mas culturalmente são diferentes”, pondera. 

O The Town 2023 acontece nos dias 2, 3, 7, 9 e 10 de setembro, com ingressos disponíveis para alguns dias no site da Ticketmaster. Uma dica apresentada por Roberta Medina é checar os horários de todos os shows no aplicativo e chegar cedo. “Os portões abrem às 14h e fecham às 2h da manhã. Não tem pressa para sair, pelo contrário, pode sair tranquilo e aproveitar porque a gente tem dedicado muito amor e carinho para que seja uma experiência inesquecível”, finaliza.

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