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Entrevista: Nanno compartilha trajetória até ‘Minerium Sessions’

O EP conta com 10 faixas e participações de nomes como Papatinho, Budah, dentre outros

Foto: Divulgação

Raiva, caos e emoção. É dessa forma que Juliano Viana Amorim, o Nanno, define sua nova trajetória com “Minerium Sessions“, projeto lançado em junho, em parceria com a Universal Music. Dono de uma trajetória marcada por desafios e uma inabalável determinação, o fluminense nascido em Volta Redonda, no Sul do Rio, conquista cada vez mais seu espaço na cena musical brasileira.

Em recente entrevista ao Tracklist, o cantor e compositor revelou como sua cidade natal moldou sua identidade musical e como ele transformou a luta em uma poderosa expressão artística. Confira!

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Nanno comenta trajetória até a chegada de seu novo EP, “Minerium Sessions”

Você cita que Volta Redonda, moldou sua identidade musical. De que maneira a atmosfera da cidade refletiu nas suas composições?

Eu vi um cara que fazia um trabalho nas escolas do estado, o pedagogo e rapper Thiago el nino. Eu nunca tinha visto um rapper pedagogo, depois conheci vários pela cultura hip-hop. O Thiago foi o responsável pelo meu interesse nas rimas. Naquela época, eu já fazia música e rimava mal (risos), mas graças ao carinho de uma professora de português, que se chama Sandra, o Thiago me deu atenção. Depois disso eu participei de diversos grupos de rap, “trinforap”. Também tive uma passagem pela Zona Verde, onde fiz inúmeros shows e apresentações. Depois acompanhei tocando com meu irmão, Bruno Guerra, em algumas casas na Zona Oeste. Naquela época ele tinha uma banda, foi então que eu comecei a cantar também. Depois aconteceram as composições com o Jhama e eu comecei a trabalhar na minha carreira solo.

Eu era um adolescente rebelde e problemático, mas comecei a transferir para as músicas a raiva que eu sentia. A raiva era da pressa e a ansiedade, de dar um conforto para minha mãe, que é uma batalhadora e hoje tem a vida um pouco melhor.

Quais desafios você encontrou ao abordar temas tão profundos em suas músicas? Como você espera que esses temas ressoem com seus ouvintes?

Eu trabalho muito mesmo. Já dormi em rodoviárias, já passei meses em um sofá que eu nem cabia e já rimei no metrô para ganhar dinheiro. Eu nem rimava direito, mas graças ao meu amigo Jhon eu conseguia fazer uma grana para me alimentar. A rima era ruim, mas eu ganhava no carisma (risos). Já fui garçom, já fiz estágio, já trabalhei em farmácia, já entreguei panfleto, mas sempre atrás do que eu acreditava. Acho que o que ressoa nos meus ouvintes é a garra, a determinação e essa força que vem de Deus, do onipotente e presente em minha vida. Se eu fui capaz de cair, eu sou capaz de me levantar quantas vezes for preciso!

Você escreveu a maioria das músicas do álbum. Como é o processo de abrir seu trabalho para colaborações com outros artistas?

Depende. Existem várias formas, mas quando tenho bons amigos talentosos fica mais fácil. Acho que a intimidade também ajuda na composição, mas já escrevi músicas com quem eu não conhecia. Já tive experiências boas e ruins, mas também já fiz muita música, de todas as formas.

Qual foi o maior desafio durante o processo de composição e gravação de “Minerium Sessions”? Houve algum momento em que você pensou em mudar completamente o rumo de uma música?

Foi totalmente caótico. Eu gravei o álbum e filmei em duas semanas. Eu estava exausto, mas estava gostando tanto do que estava sendo criado que nada me abalava. Eu mudei algumas músicas, colocamos banda, era tudo voz, violão, pedaços perdidos de coisas. Fiz esse trabalho de juntar tudo, junto com Igor Alarcon e o Ricardinho, que me ajudaram nesse processo. E acredito que chegamos em um resultado bem legal. Outro desafio foi a voz. Eu tive shows e alguns compromissos antes de gravar, mas a Barbara, a minha fonoaudióloga, me ajudou demais também.

“Tempo” é uma música profundamente pessoal. Como foi revisitar essa dor durante o processo de composição e gravação? Essa música trouxe algum tipo de alívio ou conclusão para você?

Não tem dor. Se eu passei por momentos ruins, isso me torna mais forte e não uma vítima. Não digo alívio, mas conclusão e atitude, com certeza. Muita gente acha que a minha vida é fácil e que as coisas caem do céu. Tô mostrando o outro lado da moeda, mas sem forçar músicas que se enquadram na prateleira de qualquer coisa.

Como você vê sua evolução como artista desde seus primeiros EPs até “Minerium Sessions”?

Eu vejo maturidade, vejo um menino que cresceu e tá aprendendo a trabalhar agora. Parece que eu acabei de nascer.

Quais são seus objetivos a longo prazo na música e onde você se vê nos próximos cinco anos?

Nos próximos cinco anos eu me vejo de algumas formas. Me vejo fazendo shows e levando mensagens para as pessoas, ou escrevendo música de mensagens para as pessoas, ou talvez eu me veja colhendo algumas coisas também que fiz durante anos, mas sempre me vejo trabalhando com a música. Eu não tenho a ganância de ter vários carros e essas coisas todas. Eu sonho em ter uma vida legal e continuar fazendo o que gosto, com pessoas que amo por perto.  Parece bobagem, mas quando você perde tudo faz a diferença!