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Entrevista: MC Carol relembra raízes e fala sobre participação no Rock in Rio

Em setembro, a cantora lançará um novo projeto em colaboração com Klean e Tropkillaz

Foto: Reprodução/Instagram

A mulher do borogodó está de volta! Famosa por sua irreverência e letras impactantes, MC Carol volta aos palcos do Rock in Rio, consolidando ainda mais sua posição no cenário musical com sua terceira apresentação consecutiva no festival. Desde sua estreia no evento, a cantora tem levado o funk ao topo, quebrando barreiras e mostrando que o ritmo das favelas tem espaço em um dos maiores eventos musicais do mundo.

Em conversa com o Tracklist, a artista destacou a relevância de se apresentar durante a celebração dos 40 anos do evento e revelou suas expectativas para o espetáculo “Para Sempre Baile de Favela“, que contará com nomes do funk como Tati Quebra Barraco, Buchecha, Cidinho e Doca, Funk Orquestra e MC Kevin o Chris.c

Carol também discorreu sobre como suas experiências de vida continuam a moldar suas músicas e destacou a importância de abordar questões sociais e políticas em suas letras. Para ela, o Rock in Rio é mais do que um show—é uma plataforma para amplificar as vozes de quem muitas vezes não é ouvido. Confira!

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Em entrevista, MC Carol fala sobre as expectativas para o Rock in Rio 2024 e relembra raízes que moldaram sua carreira

Para MC Carol, o Rock in Rio sempre foi um sonho distante, um pouco como desejar viajar para os Estados Unidos sem ter os recursos necessários. Ela expressa sua alegria em participar novamente do festival, destacando o impacto que isso tem para o funk. “Eu estou muito feliz de ser convidada, em participar junto com artistas que eu sou muito fã: Cidinho e Doca, a Orquestra, a Tati Quebra Barraco, o Buchecha. Eu amo essa galera, sou muito fã. Tenho fotos com essa galera. A Tati, os outros acham que é até minha mãe. Nem preciso dizer, tudo que envolve a Tati, eu fico muito feliz de estar junto”, afirma.

Carol enfatiza o valor do Rock in Rio como uma plataforma para a inclusão do funk em espaços antes inexplorados. “Sempre vi o Rock in Rio como um sonho distante. Eu sempre ouvi falar, mas é aquele sonho distante, sabe? […] Então, eu sou muito grata a Deus, aos orixás, ao universo, às pessoas que trabalham comigo, ao público e ao Rock in Rio por mais uma chance, mais uma oportunidade”, diz, celebrando a inclusão do funk em um evento desse porte.

A participação de MC Carol em 2022 foi um marco para o funk e o trap, e ela recorda com entusiasmo o momento único de cantar ao lado de MC Hariel, Cidinho e Doca, com uma orquestra. “Eu nunca tinha cantado com orquestra… E aí, cara, você misturar uma orquestra com funk é uma parada muito… Pra mim foi… Vira e mexe eu fico assistindo esse vídeo, eu amo esse vídeo”, revela.

Ainda na entrevista, Carol destacou como suas como suas experiências na comunidade moldaram suas músicas, refletindo tanto sobre as dificuldades quanto sobre as histórias engraçadas que viveu. “Tem coisas que escrevo que eu vi, por exemplo, “Vou Largar de Barriga“. Era uma música que eu estava ali na comunidade. E aí eu via o tempo todo as meninas novas engravidando, tendo que largar a escola. Tiveram amigas minhas, que estudava comigo, e que precisaram abandonar a escola para sempre. E o menino não, o menino continuou ali jogando a bola dele, estudando, normal […] Tem uma música que se chama ‘Minha Vizinha Louca‘, e aí fala de briga de vizinhos. E, pô, todos os lugares tem briga de vizinho, cara, qualquer lugar. Ou é o vizinho que gosta de som, ou é casal que brigava e não deixava dormir.. Então eu fiz uma música ali sobre o que acontece na comunidade. […] Então, é sobre isso, sabe? É sobre o que eu vi ali. Eu tinha muito mais inspiração quando eu morava dentro da comunidade, porque todo dia é uma história fantástica”.

Questionada sobre a recepção do público internacional em suas letras, a MC foi enfática. “A primeira vez que eu fui para os Estados Unidos, eu fiquei com esse pensamento de ‘cara, as pessoas nem entendem do que eu estou falando. Como que eu vou agradar esse público?; e aí o Leo Justi, do Heavy Baile, que estava viajando junto comigo, ele foi meu DJ nessa viagem, falou: ‘Carol, quando você ouve uma música em inglês, você não se emociona sem saber o que você está ouvindo? Então, a sua batida que vai fazer com que as pessoas dancem e se divirtam. Não se pegue nisso’ […] E ali mesmo a gente fez um teste. A gente estava no Uber, o motorista, um coroa, cabelo bem grisalho, e aí eu fiz um teste, botei um funk no carro dele e ele começou a se movimentar, sem entender o que estava sendo falado. Aí eu entendi. E eu acho que é isso que vai rolar no Rock in Rio, para o público internacional, não vão entender o que estou falando, mas é sobre a batida. Nem tudo é sobre letra, né?”.

Para a apresentação no Rock in Rio, Carol adota uma abordagem de dedicação e confiança. “Eu gosto de brincar com as emoções da minha equipe [risos]. Eu funciono no lema ‘treino é treino, jogo é jogo’, então, posso dizer que vou entregar o meu melhor”, promete.

Os fãs também têm motivos para celebrar, com um remix de MC Carol com Klean e Tropkillaz previsto para o início de setembro. “Vai ser bem assim, para dar uma aquecida para o Rock in Rio!”, antecipa.