Uma das vozes mais potentes e reconhecida do rap nacional está prestes a marcar mais um momento emblemático em sua carreira. Prestes a completar 25 anos de trajetória na música, Karol Conká se prepara para subir ao palco do Rock in Rio 2024, ao lado de Criolo, Djonga, Marcelo D2, Rael e Ricon Sapiência, no dia 21 de setembro, trazendo consigo uma apresentação que promete celebrar não apenas sua jornada, mas também, o poder e a resistência feminina no gênero.
Dona de uma carreira de muitos altos — e baixos também —, em recente entrevista ao Tracklist, a artista refletiu suas conquistas e lições aprendidas ao longo do caminho. Além disso, ela também revelou que está trabalhando em novos projetos, colaborações e mais. Confira!
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Karol Conká revela surpresas para o Rock in Rio e reflete carreira até aqui
Karol, você já é uma veterana de Rock in Rio. Ainda assim, qual é a sua expectativa para a reação do público neste ano, especialmente considerando que você está ao lado de outros grandes nomes do Rap?
Estou muito feliz, muito empolgada para subir nesse palco com esses grandes nomes e representar a mulher no rap nacional. Fico feliz do meu nome ser citado e lembrado; e a gente tá preparando uma apresentação exclusiva para essa comemoração de 40 anos do festival. E eu vou cantar músicas de sucesso, não posso falar muito como vai ser essa apresentação, mas já adianto que será uma apresentação muito bem dirigida por Zé Ricardo e [Daniel] Ganjaman.
Conversamos com o Criolo há algumas semanas e ele disse que vocês ainda se encontrariam para definir a apresentação. Como está a preparação agora que faltam poucos dias para o festival?
Tá tudo uma correria e eu estou preparando, com um time muito legal, um look especial. E nesse dia eu irei homenagear alguns nomes das mulheres do rap nacional que me inspiraram para chegar onde tô hoje. Então, tô muito animada para entrar nesse clima de comemoração logo e poder compartilhar nas minhas redes sociais essa pequena homenagem para essas mulheres incríveis.
Você mencionou que tocará alguns dos seus maiores sucessos. Você pode nos contar quais músicas do seu repertório você planeja incluir no setlist do Rock in Rio?
Ainda não…. Ainda estamos em processo de definição das músicas que entrarão, portanto, para não correr o risco de eu falar uma aqui e depois mudar para outra na hora, vamos manter o suspense por enquanto. [risos]
Recentemente você esteve envolvida em “Sai da Frente”, uma faixa em colaboração com o Thiago Pantaleão. Além deste, há algum projeto específico ou colaboração em mente que você possa nos revelar?
Tem sim, tem uma música que vai sair em breve com a Clementaum, que é uma grande produtora e DJ, que também é do Paraná. E eu tô muito animada com esse lançamento, a música é bem divertida. Eu acho que o pessoal vai gostar muito, principalmente as pessoas que são fãs das sessões de memes da Karol Conká.
Há algum novo álbum ou EP em andamento? Se sim, quais são os temas e influências que você está explorando?
Eu comecei a trabalhar agora em um novo álbum, que ainda não tem uma data específica para lançamento, mas é para o ano que vem. Estou muito ansiosa para mostrar ao público as parcerias e as novas colaborações que terei nesse álbum. Nesse projeto eu exploro temas do meu cotidiano. Tem temas picantes, temas dançantes, reflexivos… Está ficando algo bem Brasil, bem Karol Conká.
No próximo ano você comemora 25 anos de carreira. Como você avalia sua trajetória até agora e quais são os momentos mais marcantes para você?
Avalio de uma forma grata. Vejo que a minha carreira é uma de sucesso a partir do momento em que eu contasto que eu fiz exatamente da forma que eu queria fazer. E quando paro para analisar hoje, vejo que conquistei muitas coisas e ainda posso conquistar mais. E sou muito grata pelas pessoas que passaram pelo meu escritório, pela minha vida, pelas pessoas que chegam, sou muito grata pelas pessoas que já se foram também; muito grata com todos os aprendizados que tive de como ser e de como não ser. Então, eu acho que ao longo desses 25 anos aprendi tanta coisa, mas eu também sinto que ensinei. Então para eu estar aqui hoje comemorando 25 anos de carreira é sinal de que persisti, é sinal de que deu certo aquele sonho de menina que eu tinha aos 16 anos: ‘Será que um dia eu vou conseguir viver só de música?’ Então quando olho assim, já passaram 25 anos e eu continuo fazendo exatamente o que eu queria fazer quando era uma menina. Então estou em estado de graça e inicio essas comemorações, já começo esse esquenta agora nesse final de ano e aproveito para subir no palco do Rock in Rio com toda essa força e gratidão pelas mulheres que já subiram no palco antes de mim, pelas mulheres do rap que resistiram e persistiram para que pessoas como eu tivessem a mente aberta e subissem os palcos. Então hoje consigo inspirar, porque eu também já fui inspirada.
Haverá alguma celebração especial ou projeto para marcar essa ocasião?
No próximo ano vem álbum, vem projetos novos, vem novas conexões e muito agito, porque eu não paro de agitar. E show novo, né? É verdade. E show novo, com a minha banda maravilhosa. E eu tô louca para poder mostrar logo isso para o público de uma maneira bem legal e bem comprometida.
O que você deseja para o futuro da sua carreira, e como você espera que sua música continue a evoluir e ressoar com seus fãs?
Desejo que eu tenha muitos shows para fazer, desejo que o meu público se sinta representado pelas minhas músicas, se sintam abraçados pelos meus poemas. Desejo que as pessoas se inspirem em mim, porque sou uma pessoa que vive muito e me inspira demais nas outras pessoas, então sei o quanto é importante se inspirar nas pessoas; desejo que os grandes festivais me chamem, como sempre me chamaram, porque amo estar em festival. Desejo também que grande parte do público, grande parte do Brasil, ou todo o Brasil, se sinta nutrido com a minha arte. Então espero muito sucesso, saúde mental, profissional, financeira e espiritual e sexual. Amém. [risos]
Inclusive neste mês você foi homenageada na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) ao lado de nomes como Ajuliacosta, Tássia Reis e Afreekassia. Como você enxerga o papel de figuras políticas na promoção e reconhecimento do rap na cultura brasileira?
Enxergo isso como um grande convite para a população enxergar a cultura mais a fundo. É muito legal você receber uma homenagem dessa ao lado de outras mulheres incríveis, artistas incríveis, e o público. Quando você compartilha isso, tem uma parte do público que não tem noção do que é isso, e quando eles percebem e falam ‘pô, a gente está sendo notado’, porque, afinal de contas, o artista está ali para ser a voz do povo, para ser a representação de sentimentos de outras pessoas. É por isso que a gente tem tanto público que se identifica com o que a gente fala, porque somos iguais. Então, quando a gente recebe essa homenagem, é como se estivesse validando a nossa existência, a nossa cultura, as nossas histórias, as nossas dores e sabores. Então fiquei muito lisonjeada com essa homenagem, fiquei muito feliz de ter data para poder receber nesse dia.
E, mais uma vez, é como se eu voltasse para a Carol lá, que tinha 16 anos, e falasse ‘Nossa, deu certo! Aquilo que você queria fazer, que era inspirar as pessoas’, desde criança sempre gostei de inspirar as pessoas, deu certo. E isso também serve de combustível para gente continuar a fazer aquilo, porque tenho uma coisa que sei fazer de melhor na minha vida, é a arte. Posso estudar, fazer outras coisas, mas eu me sinto muito feliz e privilegiada por poder viver da minha arte e ser homenageada por causa dela.