De Belém do Pará para a Capital Paulista: Conheça Jaime Melo, o Jaloo
O primeiro álbum dele, #1, foi lançado no ano passado. Citado como um dos melhores de 2015 em diversas listas de críticos, o disco faz uma mistura bem acertada entre o brega, a música eletrônica e do indie pop. O Zeca Camargo, jornalista do Fantástico, chegou a dizer que o artista é “um gênio ainda a ser descoberto por todo o Brasil”.
Jaloo, o nome artístico dele, é derivado da junção da primeira sílaba do seu nome, Jaime, com a última sílaba do sobrenome: Melo. Por fim, ele acrescentou o “o” no final para facilitar as pesquisas no Google.
Novo no cenário musical, mas nem tanto assim. Ele começou em 2010, quando fez covers de artistas como, Amy Winehouse, Donna Summer e Gal Costa. Na época, ele também começou a fazer experimentações como produtor, as quais progrediram rapidamente de incipientes para um trabalho bem feito, com grande reconhecimento.
Em 2014, lançou o EP “Insight”. Com quatro canções, sendo três autorais, o trabalho inclui um cover da Grimes, “Oblivion”, o qual – diga-se de passagem – foi aprovado pela cantora. E depois, 2015, veio o #1 (que a artista também aplaudiu resultado, assim como os críticos). “Música encantadora. Lindo visual”, comentou no Twitter.
No último dia 29, segunda-feira, entrei em contato com Jaloo. Do outro lado da linha, com aquele sotaque paraense inconfundível, ele me atendeu logo nos primeiros toques. Falei da entrevista já programada e ele concordou: “Vamos nessa”.
De onde você tira suas inspirações?
– Da vida, de onde nasci, cresci, coisas que vivi. Quando eu era adolescente, frequentava mais lugares do interior (Pará) e meus pais ouviam muita música brega também.
E a inspiração para os clipes… De onde vem?
– Acho que da minha vida também, do que eu gosto. Muita coisa esquisita. O principal é que eu não lanço nada que não seja bem pensado, bem produzido, com muitas referências.
Quais são os novos projetos?
Eu tô discutindo e divulgando ainda o meu novo disco. Vamos fazer mais três clipes ainda neste ano e vou criar um selo. No fim do ano, eu começo a fazer o disco novo, pra sair em 2017.
O que não sai da sua playlist?
A AlunaGeorge e As Bahias e a Cozinha Mineira.
– Você tem intenção em gravar com a Inês Brasil?
– Eu tenho todas. Se ela quiser, me chama que eu vou, oh lá, lá, lá, lá, lá, lá o.
Como lida com manifestações de preconceito nas redes sociais quando surgem?
Quando acontece, são pessoas que não me conhecem. Elas têm o ‘pré-conceito’. Então, eu não ligo muito não.
A Fernanda Takai recentemente postou que sofreu preconceito na gravação de um clipe, e na ocasião ela estava com um figurino que lembrava o personagem de Edward Mãos de Tesoura. Você chegou até a compartilhar o texto… Já passou por isso alguma vez?
Sempre que eu passo na rua acontece. Eu sou muito esquisito, tenho plena consciência disso. Mas, não devia ser assim, porque vivemos em um momento de diversidade.
Em uma entrevista você se definiu como uma pessoa não-binária (que não se enxerga nem como homem nem como mulher). Há muito preconceito em relação ao gênero, a que você atribui?
A culpa é da educação primária de casa (os pais não estudam para informar). Há culpa de várias esferas.
E a mídia?
Informa com preconceito.
Há um tempo, você manifestou interesse em fazer parcerias e citou o SILVA, além de outros artistas. Aconteceu?
Não (risos). A gente virou amigo depois disso. Tô mais me comunicando com o SILVA. Temos nossos projetos para tocar, então não aconteceu ainda. Quando acabar, quem sabe.
Em sua opinião, quais artistas devemos ficar de olho?
Lucas estrela, paraense, acabou de lançar disco. A MC Tha… Eu dirigi o clipe pra ela e produzi (o vídeo de “Pra Você”, lançado em janeiro). Eu também vou coproduzir o EP dela.
Agora eu vou listar alguns itens (pessoas, coisas) e você dá sua opinião, ok?
Ok.
Eduardo Cunha.
Eu acho que ele nem devia tá onde tá, né?
Haters da internet
A maioria não lava as próprias roupas e louças, o que deviam fazer.
Tá ficando legal, continua…
Inês Brasil – Deus na Terra (risos).
Óscar
O Óscar que teve ontem, né?
Sim.
Fiquei feliz pelo Leonardo, ele mereceu.
O Óscar estava muito branco, não?
É, isso foi bastante pautado, até o Chris Rock fez o comentário.
Glória Pires
Adoro ela, adoro a sinceridade dela, adorei tudo o que ela disse.
Björk
Se Inês é Deus na Terra, ela é Jesus na Terra.
Grimes
O Espírito Santo (risos). E tá feita a Santíssima Trindade.
E assim, dessa forma bem humorada, eu me despeço do Jaloo. Com a promessa de que, da próxima vez, a entrevista será conduzida pessoalmente.
Quer conhecer mais do Jaloo? Ouça no Spotify!
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