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Entrevista e tudo sobre a estreia da nova turnê da Banda UÓ em SP

Nesta quinta (19), em São Paulo, a Banda Uó fez a estreia de sua nova turnê, “Veneno”, com a casa lotada.

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Como de costume, o show foi cheio de irreverências e surpresas. Teve até um fã sendo depilado em cima do palco!

O espetáculo começou com o mais recente hit lançado pela banda, “É Da Rádio?”, que embalou o público junto a uma coreografia totalmente sincronizada e intrigante. O show seguiu com as divertidas e, nas palavras de Mateus Carrilho, poéticas canções que conquistam os jovens por retratar assuntos segregados da grande mídia de forma atual e verdadeira. É poesia sim! A música “Primeiro Encontro” explicita bem isto. Trata da liberdade sexual, de deixar de lado dogmas de uma sociedade hipócrita e conservadora.

“No primeiro encontro eu
Já faço de tudo
Me uso e te uso
Pode aproveitar
No primeiro encontro eu
Já to toda nua
Se é pra ser sua
Pra quê tanta enrolação”

Ou seja: faça o que quiser no primeiro encontro, esteja feliz consigo e dane-se. Há algo mais poético e revolucionário? A resposta do público é certa: não. Quando tocaram esta música, ouviam-se apenas gritos, como quem diz: “eu posso ser livre e vou ser”. Foi lindo.

Desde seu primeiro álbum, “Motel”, a Banda UÓ traz a novidade e a audácia em sua arte, que cativa os olhares curiosos de um público acostumado com o comum e nada ousado. Quando surgiram, em meados 2010, o mercado brasileiro precisava deste baque de realidade, deste choque performático que é a junção de três ícones num só grupo. Candy Mel, Mateus Carrilho e Davi Sabbag estão aqui para nos mostrar tudo o que precisamos ver.

Voltemos ao show: teve de tudo, desde os primórdios até os dias atuais. Eles tocaram “Shake de Amor”, um dos primeiros grandes hits da banda, e todo mundo foi a loucura. Tocaram as músicas novas, do último álbum, “Veneno”, e todas estavam muito bem ensaiadas pelo público. Isto é: era como se todas as canções não tivessem distinção de tempo, como se todas fizessem parte de um disco de “greatest hits”. Todo mundo cantava tudo.

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Desaceleraram as coisas com uma performance emocionante de “Suja” e depois de “Cowboy”, uma das preferidas dos fãs.

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Encerraram com “Catraca”, parceria com Mr. Catra, que fala sobre festa liberada, uma síntese do que é um show da Banda UÓ.

Foi tudo bem incrível e, pelo que percebi, deixou um gostinho de “quero mais” em todos ali presentes.

Além de conferir o show, tive a oportunidade de entrevistá-los, bem rapidamente. Foram muito gentis e simpáticos – apesar de estarem um pouco atrasados. Não esperava nada diferente disto.

A banda tem um visual bastante psicodélico e inovador no Brasil. Vocês devem isso aos seus gostos pessoais ou a uma necessidade de expressão de liberdade no mercado fonográfico brasileiro?

É um pouco de tudo. Nós achamos que nosso estilo, a música pop, tem que vir com um visual também. Quando a gente quis cantar essa foi uma das coisas que surgiram primeiro: o que vamos vestir? Faz parte do espetáculo. Quando surgimos, em 2010, viemos com essa nova leva de artistas que se preocupam com a imagem também. Estamos juntos com essa nova safra.

As letras de vocês sempre têm um sentido dúbio e/ou oculto por trás. Quem é responsável pela composição? Ou é um trabalho conjunto?

A gente compõe tudo,  juntos e separados. Todo mundo tem ideias de letras e melodias. Pra Banda UÓ, como é uma coisa mais específica, não dá pra pedir pra qualquer um. Podemos falar de amor, mas sempre de uma forma diferente. Às vezes as pessoas nos ouvem e pensam “que engraçado”, mas tem uma poesia por trás disso tudo.

Vocês misturam muitos estilos, tornando seus álbuns um mix de diversos gêneros. De onde vem tanta inspiração? Quais artistas vocês mais curtem?

A gente têm muita mistura. Nos inspiramos muito no Brasil dos anos 2000. Mas também nas divas pop e tudo mais. Nos inspirávamos muito no brega, mas hoje em dia é em qualquer coisa que exista. Esse último cd, por exemplo. Queríamos fazer algo bem pop, então fomos atrás de coisas mais desse tipo. Desde Kelly Key até No Doubt.

“Banda UÓ” é um nome forte e memorável. Demorou muito tempo pra decidirem ou foi algo que surgiu espontaneamente?

A gente fala muito sobre isso. O ‘UÓ” vem exatamente disso. Hoje em dia, as pessoas dançam nossas músicas, mas, há uns 6 anos atrás, nem todo mundo curtia esses estilos. Nossos amigos falavam essa gíria, tipo, “ai, isso é uó”, então ironizamos e colocamos esse nome na banda. Tem gente até hoje que não gosta da Banda Uó por causa disso. Pelo fato de termos cores e sermos meio engraçados.

A influência sob a comunidade LGBTT+ é inegável. Vocês procuram militar com sua arte ou tudo acontece de forma natural?

É uma coisa que simplesmente acontece. A bandeira que a gente levanta é essa. Nós não usamos isso para levar a banda, fazemos música e acabou. Somos sim ativistas mas, principalmente dentro dos meios de comunicação, queremos nos impor primeiro como banda. Porque é essa nossa luta, a gente quer estar na mídia não por ser “a banda da transexual” ou “a banda dos gays”, a gente quer estar ali porque fazemos música como qualquer outro artista. A TV muitas vezes não quer vender informação, quer vender polêmica, então é por isso que batalhamos para estar ao lado dos outros artistas pela qualidade do nosso trabalho.

Por fim: de onde veio o gosto pela música? Aonde aprenderam as técnicas pra cantar?

Cada um tem uma história. Meu pai foi músico, fiz piano desde cedo, tenho uma formação musical. A Mel cantou na igreja, o Mateus fez aula de canto também. Cada um tem sua formação… 

Foi um show maravilhoso! As coreografias estavam no ponto e suas vozes melhores que nunca! Vale muito a penas assistí-los nessa nova turnê que com certeza ainda promete muitas emoções!

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Fotos: Rodrigo Dall’ Acqua

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