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Entrevista: Clara x Sofia fala sobre Coldplay, carreira e mais

Duo pop de Belo Horizonte abriu shows da banda em Curitiba e Rio de Janeiro

Foto: Victor Faria e Bruno Maluf

Diretamente de Belo Horizonte, o duo pop Clara x Sofia iniciou a fase autoral em 2019 e lançaram em agosto de 2022 seu primeiro álbum, “NADA DISSO É PRA VOCÊ”. O disco saiu no mesmo dia em que receberam o convite para abrir os shows do Coldplay em Curitiba e no Rio de Janeiro.

Em entrevista ao Tracklist, Clara x Sofia detalham como foi apresentar os shows de abertura, adiantam um pouco sobre o single que está para sair agora em abril, contam sobre como se conheceram e compartilham mais de suas referências musicais.

Entrevista: Clara x Sofia fala sobre abrir para o Coldplay

Como foram os shows de abertura para o Coldplay?

Clara: Foi incrível. Amém, porque estávamos morrendo de medo de ter contratempos, congelar no palco, ataques de ansiedade, porque é uma coisa muito nova. A primeira vez que fizemos algo dessa magnitude. A gente adorou. Em resumo é que a gente se divertiu muito, foi muito legal.

E é isso que importa, né?

Sofia: Aham! O primeiro a gente ainda estava apreensiva porque, como falamos, nunca fizemos algo parecido. Aí foi incrível, deu tudo certo, e então chegamos no segundo [show] soltinhas, igual arroz! 

No segundo dia foi o dia de aproveitar mesmo, de curtir, porque esse momento no palco é muito gostoso, é o que a gente mais gosta, porque é um momento de troca, de contar a história do álbum. 

Clara: E também de entender como é estar na frente desse tanto de público. O primeiro dia foi excelente, as pessoas foram muito receptivas, e no segundo a gente entendeu como o que o showman faz ali, comunicando com as pessoas. A gente se deu muito bem com o público, cantaram, bateram palma…

Que bom que a plateia curitibana recebeu bem vocês! 

Clara: Eu não deixo ninguém falar nada de Curitiba, nem dos curitibanos! (risos)

Sofia: A gente chegou aí e o pessoal ficou tipo: “e aí, estão sendo bem recebidas?”. [Respondi]: “muito!”. Inclusive nos shows. Foi incrível!

Deixa eu perguntar, vocês já eram fãs de Coldplay?

Sofia: Eles estão há mais de 25 anos aí fazendo música boa. Eles não param, não existe essa pausa. Além dessa questão das músicas serem incríveis, a gente sabe cantar todas, tem a questão humana. Eles têm esse lado humano, é carisma para dar e vender, não tem como você não ser fã de Coldplay

A gente, como boas cantoras pop, sabe que eles entregam um espetáculo incrível (que ainda tem a questão da sustentabilidade), sabe? É unânime. A gente já cantou músicas deles em outros shows e em outras apresentações.

Clara: Porque a gente é muito fã!

Sofia: É uma banda exemplo mesmo. Só de a gente assistir ao show [deles] a gente fica, tipo… são aulas. “Incrível, como a gente está aqui?!”.

É um espetáculo, né?

Clara: Sim. Eles são referência para a gente, tanto musicalmente quanto na gestão de uma carreira que todo artista almeja, estar no ápice depois de 25 anos, sabe? É muito admirável, é muita dedicação, amor, estratégia… A primeira música que eu cantei em uma aula de música minha foi deles, “Yellow”. Eu adoro, sou muito fã ainda. 

Então imagino que vocês devem ter ficado bem felizes ao receber o convite para abrir os shows?

Clara: Não sei nem se “felicidade” é a palavra, foi indescritível. 

Sofia: Quase um surto. Mas sendo bem sincera, a gente só entendeu a magnitude de tudo depois que a gente desceu do palco e estava assistindo ao show deles. Quando a gente parou e assistiu, foi um chororô porque é isso, eles são enormes, passam uma mensagem incrível, a gente compactua com quem eles são como banda, então abrir para eles é tipo [uau].

Clara: A notícia foi um choque. A gente quase não conseguiu materializar o que ia acontecer. Só conseguimos quando realmente se materializou.

Foto: Lucca Mezzacappa

Sofia: E a ansiedade antes de vir para [Curitiba]… a gente nervosa, com frio na barriga. Na noite antes do show a gente deu as mãos e ficamos repetindo: “vai dar tudo certo!”. Eu falei com o meu pai, parecia que estávamos vivendo em um universo paralelo. Eu quero escrever todos os sentimentos. Quando a gente recebeu a notícia foi exatamente isso, mas sendo muito sincera, a ficha caiu mesmo estando aqui [em Curitiba].

O primeiro álbum da carreira, “NADA DISSO É PRA VOCÊ” (2022)

Vocês estão se apresentando agora com foco no primeiro álbum, certo? Queria perguntar qual o momento mais marcante para vocês no palco e qual é aquela canção que apresenta o som de vocês para o público.

Clara e Sofia: “NADA DISSO É PRA VOCÊ”.

Clara: Essa música, no palco, na hora que ela chega, a gente comemora. Ela leva o nome do álbum e o ao vivo dela nasceu para estar em um estádio, em show lotado, é muito legal. É uma mágica, e tem a coreografia, tem o momento instrumental da banda, tem um refrão [empolgante]. Ela é o melhor momento. Todos os momentos são únicos, mas esse é muito gostoso para a gente.

Quando lançaram essa música já a imaginavam no ao vivo assim, em estádio?

Clara: Por incrível que pareça, sim.

Sofia: É que “NADA DISSO É PRA VOCÊ” passeia por emoções muito fortes. É uma música muito forte. A gente canta com tudo de si e, quando começamos a apresentá-la ao vivo, a banda fez todo um arranjo, todo um esquema. É um momento de destaque do show mesmo. 

Clara: Essa música e o final de “quem me dera”, quando a gente as ouviu na produção, ficamos: “imagina isso aqui no ao vivo, em um estádio, com as luzes acessas”. E a gente não tinha nem noção de Coldplay, nunca foi uma realidade, foram tipo sonhos mesmo, imaginando se um dia a gente pudesse cantar, um dia, desse jeito. E aí fazer isso dessa forma…

Sofia: É um dos momentos mais emocionantes. Dá vontade de chorar (risos).

E vocês estão se preparando para lançar mais um single, né? O que podem adiantar sobre isso?

Sofia: Vai sair logo depois da turnê! É um feat com uma menina brasileira.

Clara: Uma garota praiana!

Sofia: E que tem muito a ver com a nossa trajetória. Essas dicas foram boas, hein?

Eu já ia perguntar sobre a trajetória de vocês. Como vocês se conheceram e como cresceu essa paixão conjunta pela música?

Clara: Em conjunto foi de uma maneira totalmente inusitada. Eu e a Sofia somos de Belo Horizonte, e BH é um ovo. A gente tinha amigos em comum, mas não nos conhecíamos. Aí fomos a uma festinha, um happy hour minúsculo de um amigo nosso em que estava rolando um violão ao vivo. O mocinho que estava cantando virou: “Ah, Sofia! Minha amiga, ela canta. A Clara, minha amiga, também canta. Por que vocês não cantam uma juntas?”.

Sofia: Aí a gente cantou uma música juntas, super aleatória, do Jack Johnson. Outros amigos produtores estavam por lá, e falaram: “vocês não vão tocar na nossa festa, não?”. E a gente: “Claro!”. Na cara e na coragem, sem nem saber direito o que a gente estava arrumando. A Clara cantou um pedaço, eu outro, cantamos outra juntas e desde então a gente nunca mais parou. Essa é a nossa história de amor. Estava escrito nas estrelas.

Clara: Foram dois anos assim, cantando em festa, outras versões, porque começou muito do nada e a gente aproveitava muito, era um momento de diversão, estávamos entrando na faculdade e os interesses foram tomando um rumo, porque a gente foi falando: “a gente ama fazer isso, não tem como não fazer isso”. E qual o próximo passo? Em 2019, falamos: “é o autoral, estamos prontas para viver uma carreira autoral”. Lançamos dia 5 de setembro de 2019 a nossa primeira música autoral e desde então é a nossa vida, nosso caminho.

Foto: Lucca Mezzacappa

Sofia: A gente começou em 2019. Ano passado, lançamos nosso primeiro álbum, que a gente “gestou” durante muito tempo. O momento da pandemia foi muito difícil, mas foi um momento de olharmos para dentro, de tudo o que estávamos fazendo, dos projetos, quais seriam os próximos passos, de que maneira a gente gostaria de passar a mensagem que estamos passando hoje. Foi um momento de deixar tudo organizado. Como era o nosso sonho, a gente queria lançar o álbum da melhor maneira possível. E foi o que fizemos. Lançamos, saiu exatamente como queríamos e vamos continuar trabalhando nele.

Clara: Uma curiosidade é que nosso álbum foi lançado no dia 5 de agosto do ano passado, que foi o dia que a gente recebeu a mensagem da Live Nation falando: “Vocês vão abrir o show do Coldplay”!

Foram dois presentes em um dia só! Incrível.

Sofia: E lançar esse álbum foi um sonho, o começo de tudo. A gente sente que começou, de fato, o que estamos querendo contar, quem nós somos e tal no álbum. 

E é o primeiro de muitos, né? Geralmente o primeiro álbum é o que você tem aquele carinho, está se abrindo para o público e fãs…

Clara: É um álbum de experimentação. Foi muito bom, porque a gente teve uma super liberdade com a nossa gravadora Ingrooves para a gente se jogar, eles nos apoiaram muito nessa autodescoberta. E a gente está testando esse álbum da melhor maneira possível, em cima do palco.

Esse próximo novo single vai entrar em um possível novo disco ou continuarão focadas nesse primeiro álbum?

Clara: Nosso objetivo é trabalhar singles, juntamente com o álbum para chegar no início do ano que vem fazer um EP ou algo assim. A gente quer muito trabalhar o álbum ainda, temos muitos shows legais para fazer. Nosso grande objetivo com ele é rodar o Brasil e cantar para as pessoas, fazer elas conhecerem Clara x Sofia.

Quanto à sonoridade de vocês, quais artistas tem escutado recentemente?

Sofia: Miley Cyrus!

Clara: A gente está viciada em “Endless Summer Vacation”. Sempre fui muito fã da Miley. Nós temos também as referências de sempre, né. A maior é a Dua Lipa.

Sofia: Em todos os sentidos. Além de a gente se inspirar visualmente, esteticamente, tem um lado musical também. Por mais que nós sejamos brasileiras, a gente traz essa questão da música brasileira, que é uma música mais orgânica, mas a gente bebe dessa fonte gringa que tem esse lado mais moderninho.

Clara: Temos muitas outras referências, como Marina Sena, Marina Lima, Marisa Monte, Duda Beat, Anitta, Angèle, Claire Laffut, The Weeknd, Jão, Tems

Sofia: As principais referências foram essas que a gente citou. Mas, como bons artistas, tudo o que você ouve e vê, a gente pega tudo isso e traz para a nossa vivência, para o que a gente acredita. Referência é tudo. A gente se inspira na vida.

Clara: Eu tenho muitas inspirações cinematográficas.

Vocês gostam de cinema?

Sofia: A Clara gosta muito de cinema, eu não muito.

Clara: Agora, pós-circuito Oscar 2023, eu assisti ao “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”.

Sofia: Ela fala todos os dias desse filme para mim. Ela fala: “amiga, você vai amar!”

Clara: Porque foi surpreendente! Eu fui com a cabeça muito fechada… mas nunca chorei tanto com um filme. Quando acabei, eu falei: “obrigada, Deus, por eu ter assistido a esse filme!”. A cabeça explodiu. Vai ter muita coisa dele em Clara x Sofia.

Que bom, porque eu amo esse filme! Muito obrigada pelo tempo de vocês, foi um prazer conhecê-las. Muito sucesso!

Clara e Sofia: Muito obrigada!

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