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Entrevista: Benito Di Paula e Rodrigo Vellozo falam sobre “Amigo do Sol, Amigo da Lua”

Canção ganhou uma nova versão 39 anos depois de seu lançamento

Foto: Divulgação

Amigo do Sol, Amigo da Lua” foi composta por Benito Di Paula em homenagem ao nascimento do seu filho, Rodrigo Vellozo. Uma carta aberta para celebrar esse momento é como se resume essa música que, agora, ganha uma nova versão – depois de 39 anos de seu lançamento. Em entrevista ao Tracklist, Benito e Rodrigo falam mais sobre a produção, que foi lançada como uma homenagem ao Dia dos Pais.

Além disso, o single integra o EP “Do Jeito Que a Vida Quer”, previsto para setembro deste ano. Junto da canção, um clipe com registros sensíveis do processo criativo dos artistas também foi lançado.

Entrevista: Benito Di Paula e Rodrigo Vellozo

Podem contar um pouco mais de como foi o processo de regravação de “Amigo do Sol, Amigo da Lua”?
Rodrigo: Foi muito especial e emocionante. Essa música é um grande clássico, muito pedida nos shows. Uma música que marcou a minha infância, pois foi lançada na época em que eu e meus irmãos estávamos nascendo. 

No meu entendimento de criança, meu pai cantava para nós. Ao longo dos anos, fazendo shows com meu pai pelo Brasil, pude presenciar a emoção do público com a canção. É sempre um momento de muita emoção. É uma música que fala sobre o lúdico. Para mim, sendo agora pai, os significados se multiplicam ainda mais. 

Houve algum desafio em adaptá-la para uma sonoridade mais moderna após todos esses anos?
Rodrigo: Do ponto de vista da composição, é uma música que influenciou esteticamente toda uma geração de criadores ligados ao samba. Ela possui caminhos melódicos e harmônicos que dialogam com a música pop e que, no encontro com o samba, estabelecem novas possibilidades estéticas. 

Nessa nova gravação, a brincadeira foi a manutenção do caráter épico da canção em contraste com a formação instrumental proposta pelo Rodrigo Campos e pelo meu pai para o disco. Meu pai conduziu a criação do arranjo instrumental, a escolha do andamento e criou uma introdução instrumental curtíssima e absolutamente inovadora. Gravamos dois pianos tocando juntos em diálogo, o meu e o do meu pai, e eu cantei a parte que o coral cantava na gravação original, em uma analogia poética com meus sonhos da infância.

Qual vocês acreditam que é a mensagem principal da canção para celebrar o Dia dos Pais nas casas de outras famílias?
Benito: É a criança, é a brincadeira, é a felicidade da família. É o jardim de flores, é o rio passando tranquilo com águas limpas. A natureza é uma família. O sol, a lua, partes das nossas famílias.

O que esse lançamento e esse momento no geral representa para vocês, como pai e filho?
Benito: O Dia dos Pais é um momento de união e celebração. Um dia em que ficamos juntos em casa e celebramos nossa família. É muita emoção relançar essa música nesse momento.

Podem adiantar o que esperar das próximas faixas do EP “Do Jeito Que a Vida Quer”?
Rodrigo: Esse EP é um breve retrato dos shows que realizamos. Representa a parte solar dos shows, a catarse pela alegria que explode a partir do samba. É de fundamental importância a obra do meu pai na genealogia do samba (e do que se convencionou chamar de “pagode”) que veio depois dele. É um registro muito emocionante para mim deste momento que vivemos. Gravar “Do Jeito Que a Vida Quer” com meu pai era um sonho antigo, não podia deixar o tempo passar sem realizar. 

As outras faixas, além da faixa-título e de “Amigo do Sol, Amigo da Lua”, são: “Não Precisa Muita Coisa”, que meu pai compôs com Adoniran Barbosa e nunca tinha gravado (eu gravei em 2009, no meu primeiro álbum “Samba de Câmara”);  “Só Eu Só”, a única canção inédita que meu pai compôs para o EP, a partir de um tema do compositor Francisco Tárrega; “Ela Veio do Lado de Lá”, música menos lembrada mas também um sucesso do álbum “Um Novo Samba”, que completa 50 anos; “Parabéns Pra Você”, a única que não foi escrita pelo meu pai, é um grande clássico do grupo Fundo de Quintal, amigos muito queridos do meu pai e, assim como ele, figuras de importância histórica na construção do samba contemporâneo.

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