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Em “Norman Fucking Rockwell!”, Lana nostalgicamente nos transporta à Califórnia

Desde Lust For Life, seu último álbum lançado em 2017, Lana Del Rey começou a lançar no ano passado uma série de singles, co-produzidos pelo seu novo colega de trabalho, Jack Antonoff. Após tanta espera, na última sexta-feira (30), seu sexto álbum de estúdio, “Norman Fucking Rockwell!“, foi lançado.

Como de costume, Lana cria uma atmosfera poderosa que condiz com as temáticas e estéticas de seus álbuns. Nesse disco, foi a primeira vez que a cantora trabalhou com o famoso produtor e compositor, Jack Antonoff.

Jack já produziu grandes hits de Taylor Swift e o aclamado álbum de Lorde, Melodrama.

Porém, será que a parceria com Lana iria funcionar? A cantora contou em uma recente entrevista que ele a convidou para o estúdio e Lana topou, mesmo que na época ela não estivesse compondo. A primeira música que fizeram juntos foi a sexta faixa do álbum, Love Song.  A partir desse momento, a cantora percebeu que eles tiveram uma química instantânea, o que deu início ao processo de produção de Norman Fucking Rockweel!.

O ÁLBUM

 Com 14 faixas, o disco flui muito bem, com músicas que não tem o propósito de ser o próximo “hit” nas rádios. As produções sutis, simples e certeiras, dão maior destaque à voz, letras e melodias. Grande parte das músicas são compostas por piano, violinos, violão e alguns acordes de guitarra, que já são combinações conhecidas no repertório de Lana. Se em Ultraviolance, o seu álbum mais aclamado pela crítica e fãs, a produção também era simples e acompanhada de guitarra, que deixavam toda a atmosfera sombria e pesada, aqui em seu novo trabalho, acontece o oposto. As combinações de melodias etéreas deixam a atmosfera das músicas leves. É claro que momentos melancólicos estão presentes no disco, mas nenhum deles apresenta esse tom dramático e pesado, como em suas músicas do passado.

Doin’ Time é um cover da banda de rock Sublime.

A simplicidade entrega o tom das músicas e exatamente as histórias que Lana quer contar: reflexões da vida, solidão, amor, busca pela felicidade, relacionamentos que não deram certo e o caminho que o mundo está tomando.

Mais do que nunca, Lana Del Rey nos presenteia com letras poéticas, simples e até com um tom de desabafo, que em certos momentos beiram ao humor sarcástico. Tendo referência a consagradas bandas de rock e a Califórnia, ela se prova mais uma vez ser uma das melhores compositoras da indústria musical atualmente.

DESTAQUES DO ÁLBUM

Norman Fucking Rockwell

Iniciando o disco, essa é uma faixa que com o crescimento da orquestra junto aos acordes do piano, torna-se grandiosa. A música fala sobre aquele amor que não acrescenta nada de positivo a ela, mas a comodidade de ter alguém, não a deixar mudar. A cantora reforça várias vezes a falta de imaturidade desse seu suposto companheiro. Ao mesmo tempo em que a letra retrata esse relacionamento conturbado, ela consegue ser sarcástica com o verso genial: “You fucked me so good, that i almost said i love you”. Esse contraponto se relaciona exatamente com o que Lana quer passar com o disco: em meio ao caos e tempos difíceis que o mundo está passando, é preciso achar um ponto de alívio e comicidade nas situações da vida.

Mariners Apartament Complex

Acompanhada por violão, violinos, guitarra e sons do mar que ecoam ao fundo da faixa, é possível sentir um estado de inércia e tranquilidade. A letra tem uma construção narrativa, e que no geral fala sobre o modo que Lana era tratada na mídia e como isso afetou as suas relações interpessoais. Ela abre a faixa com o verso “You took my sadness of context”, em referência a famosa entrevista de 2014, ao jornal The Gardian, em que ela falou: “queria estar morta”. Por mais que na narrativa ela use artifícios para falar sobre amor e um homem em específico, a música é no fundo direcionada em como a sua imagem era vista pelo público, e as consequências disso em sua vida e na construção de sua personalidade.

Love Song

 Sendo a primeira música escrita para o disco, a letra é delicada e sensível, que condiz com os arranjos vocais e melodias. O vocal é mais contido e com menos harmonias vocais, deixando em maior destaque a voz natural e o piano. A música é sobre o momento em que você se apaixona e entrega totalmente a uma pessoa, e de como Lana se sente livre em ser quem ela realmente é com o seu par.

The Next Best American Record

 The Next Best American Record é uma baladinha com o refrão que acelera o ritmo da música. A produção é rica de detalhes, com alguns sintetizadores bem ao fundo junto aos addlips. O grande destaque está na composição, quando a cantora usa referências de cidades, como Topanga e Malibu, e algumas das grande bandas de rock, Led Zeppelin e The Eagles, para construir uma cenário nostálgico ao descrever uma grande amor que a Lana teve.

Hapiness is a butterfly

Alternando entre versos poéticos e outros mais literais, essa música é um grande destaque do álbum. Lana aborda de forma sincera, e por meio de algumas metáforas, a sua busca pela felicidade. A letra fala como no passado ela já foi machucada tantas vezes, que agora já não se importa mais e não tem medo do que um futuro relacionamento possa causar.  Em termos de produção, o refrão é mais energético, mesmo que a música fique no midlle tempo. Nele, os vocais tornam-se mais agudos, e até mais agressivos, evocando aos ouvintes aquela vontade de cantar junto. Depois do segundo verso, a música deixa de ser voz e piano, e cresce com a adição de violinos, o que deixa a faixa ainda mais especial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diferente de seus álbuns anteriores,Norman Fucking Rockwell!“é uma grande conversa entre Lana e seus ouvintes. É como se estivéssemos ouvindo histórias e os pensamentos da cantora, que junto à produção leve e simples, a sensação de 1 hora de álbum, se torna leve e agradável. É aquele disco ideal para botar no carro e sair dirigindo por aí. A parceria com Jack ntonoff se provou um sucesso, com produções cheias de pequenos detalhes que elevam a músicas a outro patamar. Lana Del Rey não está tentando ser algum personagem enigmático ou fazer o próximo grande hit. Em meio a poesias, metáforas e referências culturais, ela entrega sua arte da forma mais sincera e confessional possível, comprovando que às vezes a simplicidade pode engrandecer ainda mais suas palavras e mensagens.

NOTA: 9/10

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