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Diário de um Cronista – Banks e “A carta não endereçada do nosso último adeus”

Ultimamente nos encontramos inconstantes, não é mesmo? A maioria dos nossos sentimentos são mórbidos e confusos, oscilando entre o confortável e o insuportável. A saudade e o ódio, a dor, o sofrimento, a felicidade e os traumas vividos que deixam marcas profundas, capazes até de nos deixarem limitados.

As milhares de emoções que nos bloqueiam, nos diminuem e nos fazem incertos, só dificultam qualquer tipo de compreensão em nossas vidas e nossas mentes, nos tornando preguiçosos e indispostos de tentar algo novo. Hoje em dia somos medrosos e temos receio de nos arriscar, de nos jogar sem pensar nos problemas que podem ou não vir acontecer. A fragilidade tomou conta de nossas ações e hoje já não se tem certeza de absolutamente nada; ou será que tem? Vai de cada um.

Entrando no propósito da coluna, deixo claro que a intenção não é julgar ou falar da vida de ninguém, e sim, mostrar e compreender os sentimentos que interferem em nossas vidas através de histórias e de músicas.

Amores perdidos, sorrisos roubados, corações partidos, vidas restabelecidas, paixões e etc. Cada um tem seu momento, seu texto pessoal, aquela música que marcou algum momento da vida, e suas lembranças para serem compartilhadas.

Convido todos para acompanharem essa série de músicas com histórias pessoais, textos e tudo que se tem direito.

Começo apresentando Banks, com “Under The Table“, e o texto “A carta não endereçada do nosso último adeus” escrita por Fellipe Tavares, autor do livro Canário.

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Jillian Rose Banks, ou apenas Banks, é uma cantora e compositora americana, dona do sombrio álbum “Goddess‘, que é composto por 18 faixas em sua versão Deluxe. Ela envolve todos com sua voz excepcionalmente única, poderosa e sedutora, que ganha cada vez mais espaço no cenário mainstream musical, com suas músicas de extrema sensibilidade, minimalismo e letras que esmurram seu coração e te tiram lágrimas.

O escritor paulista Fellipe Tavares começou a escrever aos nove anos de idade. Apaixonado pela leitura, lançou seu primeiro livro, Canário, no dia 24 de novembro de 2014 pela Editora Multifoco. Em sua obra, ele reúne todos os seus textos, que são autobiográficos, contando suas histórias, sentimentos e suas experiências.

“Under the table” é uma música extremamente sentimental, onde a cantora joga toda sua tristeza em seus versos agudos e sensíveis. A canção é capaz de dilacerar corações, pois transmite a realidade de hoje em dia, que são os relacionamentos mórbidos e inconstantes, mostrando que as pessoas não sabem valorizar e nem receber amor alheio. A frieza tomou conta de muitos, que hoje em dia, não se importam com o que pode ou não acontecer com suas atitudes, que muitas vezes são estúpidas e não pensadas.

O texto “A carta não endereçada do nosso último adeus” é grandioso e sincero, dando para perceber e sentir cada palavra que o autor escreve, tocando não só seu coração, mas sua alma. O que interliga a música e o texto é a intensidade do sentimento que ambos sentiram por alguém, e a forma como acabou. A dor que grita em suas frases e versos são intensas, capazes de nos tocar.

Aperte o play, deixe a música te guiar e venha conhecer o grande potencial do escritor e colunista  Fellipe Tavares

A carta não endereçada do nosso último adeus

“De repente eu decidi que precisava te deixar onde você ficou. Eu que te trouxe pra hoje, eu que acordei com você nessa manhã, eu que sinto tua falta rigorosamente todos os dias, em horários diferentes, mas tudo continua sempre igual. Você não está aqui, então sou eu que preciso te expulsar daqui. Essa é a despedida mais dolorosa que já existiu no mar das despedidas, essa é uma carta úmida de lágrimas que talvez nunca vá ser lida por ti, essa carta vai ser lida em praça pública, por autoridades do amor, que assim como eu, precisam deixar alguém ir, e hoje, eu tô te deixando ir, e aproveite, pois eu não vou te segurar. Antes de ir, preciso dizer que eu amo tua voz desafinada e estranha, que amo o jeito que você abotoa tua camisa, o teu corte de cabelo, seu gogó, teus dedos longos, seu jeito de andar meio corcunda, de segurar a mochila, de pentear o cabelo, tuas fotos de infância, o teu não gostar de jeito nenhum de queijo, mas gostar de queijo na pizza. Tua pele indecisa, tua risada tão tua, teu jeito de dormir, tua cara de tesão, teu membro, teu jeito safado, tua inocência, tuas manhas de criança, teu gosto por super heróis, tua músicas ruins. Como isso é difícil. Agora é como se estivéssemos morrendo, tô largado na sala escrevendo essa carta que não vai ser enviada, e tudo me vem a cabeça em imagens tão precisas que me sinto dentro delas ainda, e dói, como dói, elas estão derretendo dentro de mim e vazando pelos cantos, a sala está inundada de você, vou dormir em meio a água hoje, mas tudo bem, quando secar, não vai existir mais você, mas ainda corro o risco de me afogar. Eu consigo te ver me olhando, como você costumava me olhar, era como se você não pudesse acreditar que eu existia e era seu, você me olhava com tanto querer que eu me sentia rei do mundo, e eu entendi que o mundo não era nada, o mundo que eu pertencia era você. Como dói. Como é difícil. Vá. E leve contigo tudo que é teu e que nunca foi meu. Vá. E carregue nas costas todo o peso das minhas noites mal dormidas, dos meus dias arrastados pela dor da tua cruel ausência. Vá. Antes que eu te peça pra não ir. Vá. E continue escondendo toda a glicose que me faltou no sangue nas inúmeras vezes em que fiquei bêbado e contei pra todo mundo quem você era. Vá. Pois decidi assim, e meu senso de razão se esvaia toda vez que tento dizer que você precisa ir. Vá.  Lembrando de todas tuas acusações, de todas tuas fúrias, das tuas palavras rudes, das suas insinuações desconfiando da minha conduta, do meu amor. Vá. E vá com gosto. Estou gritando comigo mesmo na sala, pedindo pra que pra vá, mas você deve estar em casa, fazendo qualquer coisa que não tenha relação nenhuma comigo. Vá. Leve suas fotos. Leve tuas roupas. Vá, que amanhã o dia precisa ser outro, não posso mais suportar te ter aqui me puxando pra baixo, para as lembranças estagnadas que não posso trazer de volta, nem viver novamente e nem te puxar pra viver novas, pois você não é mais o mesmo, nem eu, e essas lembranças pertencem a um tempo em que tudo isso fazia sentido. Nós. E eu perdi a razão do que faz sentido, mas isso vai mudar. Vá. Amanhã o dia vai- e precisa – ser outro.”

Quer conhecer melhor a Banks? Acesse a primeira e melhor fonte brasileira sobre a cantora  clicando aqui, aproveite e dê uma conferida nos maravilhosos textos do Fellipe clicando aqui.

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