Os oito mil fãs que lotaram o Espaço Unimed, em São Paulo, na noite dessa quarta-feira (7) pareciam não acreditar no que viam e viviam. Depois de oito anos de espera, Avril Lavigne finalmente estava de volta ao Brasil com os grandes sucessos que a transformaram em um dos ícones musicais dos anos 2000.
Em um verdadeiro encontro de gerações, a cantora se apresentou para os fãs mais antigos e também para um público mais novo, em um show tão nostálgico quanto elétrico. Lágrimas escorriam pelos rostos de quem aguardou anos para escutar os seus principais sucessos ao vivo, ao mesmo tempo que cada refrão ganhava ainda mais força na voz da multidão.
A emoção, porém, durou muito pouco. Apesar de ter contado com os principais hits de Avril, o show teve pouco mais de uma hora de duração, deixando os fãs aborrecidos e muitos, talvez, sem terem matado totalmente a saudade de anos. A noite, tão aguardada por tanto tempo, parecia incompleta quando a cantora deixou o palco.
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O nostálgico retorno de Avril Lavigne ao Brasil
Antes da apresentação, uma lona cobriu o palco de suspense e mostrava a silhueta da cantora, levando os fãs ao delírio antes mesmo de vê-la. Já era possível sentir a ansiedade nos olhos dos fãs antes mesmo dos primeiros versos de “Cannonball”, música que deu início aos trabalhos. A multidão ficou ainda mais eufórica quando as cortinas vieram abaixo e, pela primeira vez em oito anos, caía também a ficha de que Avril Lavigne estava no Brasil.
Com a turnê de seu novo disco, “Love Sux”, a cantora apresentou poucas músicas do trabalho, mas o público já as tinha na ponta da língua. “Bite Me”, o principal sucesso do álbum, veio em seguida e foi recebida com coros pelo público, dando voz à energia que se manteria até o fim da noite. Entretanto, foi com “What The Hell” que os fãs começaram a reviver as décadas passadas: todo o Espaço Unimed começou a pular com o refrão em um dos picos de euforia do show antes do ritmo diminuir nas canções seguintes.
Os primeiros acordes de “Complicated”, o maior sucesso da carreira de Avril, já anunciavam um dos grandes momentos da noite. A emoção tomou conta do público, que acompanhava cada verso aos berros e choros como se os ouvissem dentro de seu quarto, em um tempo muito distante.
No ano em que o primeiro disco da cantora, “Let Go”, completa duas décadas de lançamento, os sucessos do álbum foram os mais cantados pelos fãs. Além de “Complicated”, “Losing Grip” e os hits “Sk8er Boi” e “I’m With You” deixaram a multidão ensandecida em um misto de nostalgia e agitação, seja nos momentos mais vibrantes ou nos mais sensíveis.
A cantora interagiu poucas vezes ao longo da apresentação, mas sempre fazia questão de elogiar a animação do público e declarar seu amor pelos paulistas. “São Paulo, fazia muito tempo, mas vocês continuam como eu lembrava de vocês!”, disse em determinado momento, além de rotular a cidade como “o motivo pelo qual sorria” durante “Smile”.
Uma noite curta
Durante toda a noite, a empolgação de Avril parecia contida, tanto em sua postura quanto nos vocais. Porém, a artista é capaz de mover multidões e revirar as lembranças dos anos 2000 que persistem no coração dos fãs.
Assim foi no decorrer do show: a cantora não precisava fazer uma performance grandiosa, de efeitos especiais surpreendentes ou de longas conversas com o público. Avril Lavigne se tornou o símbolo de uma geração, o que ficou claro pela empolgação dos fãs; a comoção continua a mesma — e continuará, sempre que ela se apresentar por aqui.
Porém, a idolatria não impediu que muitos se frustrassem ao fim da apresentação. Após “Sk8er Boi”, uma das músicas mais marcantes do show, a canadense se despediu do público depois de só 11 faixas, pegando a audiência de surpresa e levantando os coros de bis. Momentos depois, banda e cantora retornaram ao palco e, ouvindo os pedidos dos fãs nas redes, tocou “Avalanche” ao vivo pela primeira vez, tentando disfarçar a falta de ensaios com bom humor.
“I’m With You”, uma das canções mais emocionantes do repertório, encerrou a noite em uma forte comoção seguida pela decepção. O show chegou ao fim depois de pouco mais de uma hora, uma duração que não fez jus ao tamanho das expectativas, dos preços e até mesmo das memórias que muitos guardavam da adolescência.
Apesar de ter saciado os fãs com os seus maiores sucessos, o retorno de Avril ao Brasil foi marcado por uma alegria incompleta, sobretudo pela brevidade do show. Depois de quase uma década, a saudade já não é tão forte quanto antes, mas segue viva junto às lembranças de anos atrás.
SETLIST:
1. “Cannonball”
2. “Bite Me”
3. “What The Hell”
4. “Complicated”
5. “My Happy Ending”
6. “Smile”
7. “Losing Grip”
8. “Love It When You Hate Me”
9. “Girlfriend”
10. “Bois Lie”
11. “Sk8er Boi”
BIS:
12. “Head Above Water”
13. “Avalanche”
14. “I’m With You”