Dentre as indicações ao Grammy deste ano, um nome pouco conhecido apareceu três vezes: Jacob Collier. Suas nomeações surpreenderam a muitos por ser, aparentemente, novo no cenário musical. Afinal, quem é o rapaz? O que faz? E por que seu trabalho é tão importante?
Apontado como um gênio tecnológico da música, Jacob Collier ganhou uma matéria de destaque há alguns dias. A Billboard evidenciou o músico inglês em um artigo extenso publicado em sua revista e site.
Nos Grammy’s 2021, Collier foi indicado como artista principal nas categorias: “Melhor Performance de R&B”, “Melhor Arranjo Instrumental com Acompanhamento de Voz” e “Álbum do Ano”, com o “Djesse Vol. 3”.
Durante a entrevista para a Billboard, a equipe do músico disse que não estava preparada para a indicação ao “Álbum do Ano”.
Seu disco “Djesse Vol. 3” é o primeiro desde 1963 ser indicado à categoria sem ter aparecido na Billboard 200, ranking de álbuns. Desde agosto do ano passado, este vendeu mais de 20 mil unidades segundo a MRC Data.
Em contrapartida, a média de vendas dos oito álbuns indicados é de 1,27 milhão de cópias. “Não sou o tipo de artista que teve um single ou um vídeo de grande sucesso que explodiu”, disse Collier à Billboard.
Leia também: #TrackBrazuca: Influenciado pelo Reggae, conheça Gabriel Elias
Quem é Jacob Collier?
Sua carreira musical começou em 2011 no YouTube. Em seus vídeos, Jacob dava uma nova roupagem às canções, inovando nos arranjos e harmonizando os vocais impecavelmente.
Contudo, foi em 2013 que sua carreira deslanchou. O músico publicou um cover de “Don’t You Worry’ Bout a Thing”, do Stevie Wonder, que fez grande sucesso.
Naquela época, Jacob Collier tinha apenas 19 anos, mas já era familiarizado com programas de produção musical há mais de uma década.
Além disso, ele havia aprendido piano sozinho. Sem contar com sua breve passagem na Academia Real de Música de Londres, onde sua mãe ensina violino.
Sua versão da música de Stevie Wonder fez tanto sucesso que chegou ao produtor Quincy Jones. Dono de uma carreira de 70 anos, Jones já trabalhou com grandes nomes da música como: Frank Sinatra, Aretha Franklin, Michael Jackson e outras lendas.
“Nunca ouvi ninguém assim antes”, disse o produtor à Billboard. “Seu talento é simplesmente assustador.” Quincy, então, levou Collier para o Festival de Jazz de Montreux e, em 2014, o jovem assinou um contrato com a empresa de gerenciamento do empresário.
Sua diferencial na música é a forma como usa a tecnologia. Os shows do cantor são verdadeiras experiências que encantam a todos. Jacob se apresenta sozinho em um círculo de instrumentos musicais.
Além dos instrumentos, há estações de looping e loops de vídeos que são capturados em 3D em tempo real e exibidos no telão que fica atrás dele.
Fora isso, há também um harmonizador vocal customizado que virou uma marca em sua carreira. A soma de seu talento com a tecnologia usada deu a Jacob Collier uma singularidade às suas músicas e performances.
Jacob Collier e SZA já trabalharam juntos
A cantora SZA descobriu o trabalho de Collier navegando pelo Instagram. Depois de horas assistindo seus vídeos no YouTube, ela pediu para que rapaz co-escrevesse seu single “Good Days”. Além disso, ela também pediu ajuda ao garoto com os vocais de apoio.
“Eu sabia que ele poderia elevar [o nível da música] porque ele faz isso com tudo”, disse SZA. “Eu pedi para separar [um trecho] e ele mandou de volta muito rápido. Ele disse: ‘Não sei se era nisso que você estava pensando’, e eu estava: ‘Ahhh! Não faça nada, está perfeito!’”
“Good Days” se tornou tornou a faixa R&B de maior sucesso de SZA até o momento. A música alcançou a 9ª posição na Billboard Hot 100 em janeiro deste ano.
As indicações ao Grammy
Collier é responsável por escrever, apresentar, produzir, gravar e mixar suas músicas em sua casa. Além disso, ele desconsidera os limites de gênero musical. Assim como Travis Scott e Billie Eilish, o músico experimenta e inova cada vez mais as estruturas de suas canções. “Gênero [musical] é bastante do século 20”, diz Collier.
Apesar de ser pouco conhecido, ele possui trabalhos bastante elogiados. Em 2016, Jacob lançou seu primeiro álbum, “In My Room“, enraizado no jazz. Este disco trouxe diversas gravações caseiras do cantor e versões de clássicos, como a canção dos Beach Boys que intitula o álbum.
As canções “Flintstones” e “You and I” foram responsáveis por seus primeiros Grammy’s. A primeira lhe rendeu um prêmio como “Melhor Arranjo Instrumental com Acompanhamento de Voz” e a segunda por “Melhor Arranjo Instrumental”.
Em 2018, Jacob lançou o “Djesse Vol. 1”. O álbum foi gravado em parceria com orquestra holandesa Metropole Orkest. O músico, mais uma vez, recebeu o prêmio de “Melhor Arranjo Instrumental com Acompanhamento de Voz”, desta vez pela faixa “All Night Long”.
O “Djesse Vol. 2” chegou um ano depois e mais um Grammy para Collier. A canção “Moon River” ganhou a categoria “Melhor Arranjo Instrumental”.
“Djesse Vol. 3”
No início do ano passado, Jacob lançou o elogiado “Djesse Vol. 3”. Em entrevista, ele afirmou que a série de álbuns é uma sequência com quatro volumes, já pensados há bastante tempo por ele.
Cada um dos álbuns representa uma parte da carreira musical dele. O primeiro volume abrange sinfonias e o segundo contém bossa nova, jazz e folk.
Dentre as colaborações do Vol. 3, estão grandes nomes do pop e R&B como Ty Dolla Sign, Rapsody e Daniel Caesar. Além disso, o último disco abrange e mistura elementos eletrônicos, clássicos e contemporâneos como o cantor nunca fez.
Como já mencionamos, “Djesse Vol. 3” recebeu três indicações aos Grammy’s 2021: “Melhor Performance de R&B” por “All I Need”, “Melhor Arranjo Instrumental com Acompanhamento de Voz” com “He Won’t Hold You” e “Álbum do Ano”, mas Jacob saiu vitorioso apenas na segunda.
“Djesse Vol. 4”
Falando sobre o futuro “Vol. 4”, Jacob afirmou que está na produção e que “se transforma a cada dia”.
“Embarquei na missão de um álbum quádruplo com uma vaga ideia de como eles soariam, e cada vez que chego a realmente terminar um álbum, ele sempre muda um pouco, o que é parte da alegria do processo”, afirmou ele.
Acho que a ideia com o Vol. 4 será, de alguma forma, aproximá-los [os álbuns]. Adoraria pensar nele como uma celebração – de todas as músicas, de todas as esferas da terra, com todos esses músicos e coros extraordinários, orquestras, lendas da guitarra do rock, tocadores de flauta folk, tocadores de banjo, R&B, rappers, caçadores…
Jacob Collier para a Vulture sobre o “Djesse Vol. 4”
Vamos esperar para ver quais surpresas o músico inglês tem guardado para os fãs! Você já conhecia Jacob Collier? Quais músicas do cantor você mais gosta? Acompanhe e comente essa e outras notícias em nosso perfil oficial no Twitter.