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ENTREVISTA: FLETCHER fala do seu novo EP, composições e pandemia

cantora FLETCHER

A cantora FLETCHER apareceu nos holofotes pela primeira vez no The X Factor e hoje é uma das maiores apostas da Capitol Records para o futuro.

Seu mais novo EP, S(ex) Tapes, foi lançado hoje (09) de surpresa para seus fãs que esperavam o lançamento só semana que vem. Ouça abaixo!

O Tracklist teve a oportunidade de ouvir a cantora apresentando as músicas do seu novo projeto na terça-feira (08/09).

Com uma voz que pede atenção tanto na versão estúdio quanto na ao vivo, a artista nos mostrou de diversas formas como é possível transformar algo doloroso em arte.

Seja disfarçando seu lado ciumento com as batidas sensuais de If I Hated You e Bitter, mostrando outras pessoas em suas experiências como em Shh..Don’t Say It, ou através da mensagem sem esperança da balada Feel, FLETCHER nos leva em S(ex) Tapes por uma montanha russa de emoções.

Para melhorar, FLETCHER também conversou bastante com o Portal Tracklist sobre como é representar a comunidade LGBTQ+, sobre as colaborações dos sonhos, seus fãs brasileiros e mais. Vem com a gente!

Entrevista com FLETCHER: Anitta, Taylor Swift, composições e mais

Por: Ana Clara Pinheiro

TRACK: Quando eu falei de você pra outras pessoas, eu percebi que descrevia sua música como “mensagens importantes em uma voz muito boa e um som pop que mistura gêneros” e eu acho que combina perfeitamente. Você tem um experiência interessante como, por exemplo, com seu treinamento clássico. Você acha que isso impacta sua música e as influências vistas nela?

FLETCHER: Primeiro de tudo, eu gostei da sua descrição, obrigada por isso. Eu comecei no treinamento clássico quando eu tinha 5 anos, então desde pequena desenvolvi um entendimento e apreciação dos vocais.

Sempre escrevi com isso em mente e sempre quis que os vocais estivessem na linha de frente, especificamente as letras, pra que tudo fosse apresentado de uma forma realmente honesta.

Definitivamente, não estou colocando vibes de ópera nas minhas músicas, mas quem sabe? Talvez um dia eu possa fazer um álbum de “Popera” [pop + ópera], eu realmente não sei.

T: S(ex) Tapes está chegando e eu mal posso esperar. Todas as músicas que você lançou são diferentes, mostrando como você brinca com o pop. Você anunciou The One, a última música antes do lançamento do EP, e ela tem uma vibe mais de boate, por exemplo. Como foi fazer o projeto e o que os fãs podem esperar dele?

FLETCHER: Eu acabei chamando de S(ex) Tapes porque um vídeo íntimo é alguém sendo capturado em sua forma mais vulnerável, verdadeira, selvagem e crua.

A parte do “ex” está em parênteses porque todos os vídeos e visuais foram gravados pela minha ex. A gente acabou passando a quarentena juntas por alguns meses, o que foi uma decisão louca, mas processar um término de namoro é complicado, o amor é muito complicado.

Cada música do EP é meio que uma exploração dos processos diferentes de como é estar em um relacionamento que vai e volta com alguém que você realmente ama.

Muitas vezes na mídia a gente recebe apenas dois exemplos de relacionamento, o  “estamos juntos e isso é perfeito” ou “foda-se, odeio minha/meu ex”…e eu fico me perguntando onde está o meio termo? O “eu te amo muito e posso ver uma vida com você, mas ainda tenho tanto que preciso descobrir”.

A minha sexualidade, ser independente, meus problemas de codependência, todas essas merdas que acabo pensando que me fazem achar que eu preciso me conhecer sem o contexto de outra pessoa.

Por isso todas as músicas no EP são como momentos e explorações diferentes. The One é sobre aqueles momentos que você terminou seu namoro e outras pessoas acabam acontecendo. É sobre explorar sua sexualidade, seu poder, seu corpo e se sentir sexy.

Com certeza tem uma vibe de boate, eu sou de [New] Jersey, cresci dançando nas boates e a música foi inspirada pelo house club music de lá. Espero que a música transporte as pessoas pra uma boate de Jersey. Pelo menos na mente deles, enquanto estamos em uma pandemia.

TRACK: Você fala bastante nas suas letras sobre coisas importantes, como auto aceitação e empoderamento feminino, e nesse projeto a gente pode ver tudo isso em ação. Em Bitter, por exemplo, você teve um grupo incrível de mulheres criativas te ajudando. Quais são as diferenças ao fazer um processo como esse de colaboração só com mulheres?

FLETCHER: Honestamente, foi a minha coisa favorita de participar. Foi produzido pela Kito, uma produtora foda; eu escrevi com Mary Weitz, uma grande amiga minha; fui dirigida pela minha ex Shannon; a direção criativa foi feita por uma mulher queer…

Foi super colaborativo, muito fácil, sexy, divertido e eu adorei. Acho que quanto mais nós ficarmos juntas e nos levantarmos, o mundo será um lugar melhor.

Me cercar de mulheres poderosas, mesmo no sentido de que elas possuem suas verdades e são só incríveis e pé no chão, foi um processo muito legal de fazer parte.

TRACK: Para mim, a sua maior força está nas suas letras que são fortes de tão honestas. Apesar de ser uma das coisas que fãs procuram ao escutar música, isso não acontece muito da forma que você apresenta. Por isso, eu queria saber um pouco mais sobre seu processo criativo e como você alcança esse nível em suas composições.

FLETCHER: Eu acho que escrever sempre foi a melhor versão de terapia. Pra mim, entrar numa sessão e ficar “isso é o que eu to passando, isso é o que tá acontecendo na minha vida e eu preciso escrever sobre pra não me sentir tão maluca” me ajuda a sair do meu corpo.

Eu sou uma pessoa muito ansiosa e to na minha cabeça toda hora, então realmente me ajuda a pensar com calma e ficar tipo “eu fiz algo com isso”.

A parte mais doida é depois compartilhar isso, lançar e ter as pessoas se relacionando com a música porque aí não é só a minha historia mais, o que é muito doido, ela vira a história de outra pessoa.

Essa é a parte mais bonita da música. Minha abordagem é diferente toda vez, às vezes eu entro [no estúdio] depois de ter uma briga pesada com alguém ou depois de trocar mensagens, e eu vou e uso as mensagens como as letras.

O principal é só contar uma história verdadeira, quais são as emoções que eu to sentindo no momento e ir a partir daí. Essa é a abordagem…É verdade? Então escreve.

TRACK: Suas letras são neutras e é muito legal ver o que você representa pra muita gente da comunidade LGBTQ+. As suas musicas não são diretamente políticas, mas falar sobre um relacionamento entre mulheres acaba sendo. Como você navega essa plataforma que tem?

FLETCHER: Era algo que eu ficava nervosa quando comecei a falar sobre porque eu me perguntava se iria fazer mal pra minha carreira, se iria alienar as pessoas, se iria me colocar em uma caixa e me limitar de alguma forma, e eu tomei a decisão de simplesmente não me importar.

Não importa o que as pessoas pensam sobre qualquer coisa, to apenas sendo honesta sobre minhas histórias e falando sobre o que passei.Eu não tenho mais nada pra falar, eu não posso falar por outras pessoas, não posso fingir ser algo que não sou porque eu não vou ter mais nenhuma merda pra falar.

Eu sempre vou falar sobre isso, sobre minhas experiências, sobre quem eu estou apaixonada, o que estiver acontecendo na minha vida é o que eu vou falar. Acho que ser queer não é minha manchete, não é uma caixa que quero estar dentro. Eu sempre vou defender minha comunidade e sempre vou falar sobre, mas não é a parte mais interessante sobre mim.

De qualquer forma, quando eu era pequena eu fiz de missão ser a artista que eu precisava, então eu acho que minha eu mais jovem deve estar muito animada agora.

TRACK: Recentemente, você falou muito sobre alcançar um pensamento “sem glamour” depois da quarentena. Ao falar do videoclipe de If I Hated You, você falou que te lembrou de quando começou a fazer música por ter sido uma gravação pessoal, já que não tinha equipe. Você acha que esse tipo de pensamento pode permanecer e afetar seus projetos futuros também?

F: 100%. Nos últimos anos, eu acabei sendo assinada por uma gravadora grande e eu sou muito grata por todo mundo que está super envolvido no meu processo.

É necessário uma equipe, precisa de muita gente pra fazer tudo acontecer e eu sou muito grata por isso. Mas existe algo muito especial em voltar pra como eu fazia os videoclipes antes. Isso foi muito importante pra mim, relembrar quem eu sou e o porquê de estar fazendo isso.

É muito fácil se envolver nesse meio, as coisas se perdem na tradução quando há tantas opiniões e vozes diferentes.

Eu e minha ex entramos na quarentena e eu estava tipo “isso é o que eu vejo quando escuto essa música, vamos fazer isso acontecer” e a gente fez.

Pra ser muito sincera, isso me fez nunca mais querer fazer videoclipes de outra forma. Afetou tudo, a forma como falo que é menos filtrada, a forma como me apresento nas redes sociais e a forma como estou nas minhas amizades.

Não sei, mudou muito para mim e isso é algo que vou carregar comigo pelo resto da minha carreira e eu realmente não quero fazer de outra maneira.

TRACK: É incrível ver o desenvolvimento da sua música desde War Paint. As pessoas que você vem trabalhando e os projetos que você tinha antes da pandemia começar, como a sua turnê com o Niall Horan e Lewis Capaldi. Apesar disso não ter dado certo, você tem alguma colaboração dos sonhos que ainda não aconteceu?

F: Eu tenho tantas…Eu sou muito fã da Anitta, eu acho que ela é o ser humano mais legal e deslumbrante na face do planeta.

Essa seria incrível. Eu amo Halsey, seria maravilhoso poder escrever juntas e fazer uma música. Taylor Swift é minha rainha das composições e me fez sentir durante toda a minha vida, sério.

Com certeza essas são algumas, só mulheres fodas que não tem vergonha de serem quem são. Elas são tão inspiradoras como mulheres e artistas, é libertador ver, então definitivamente sou fã. 

TRACK: Seus fãs são bem apaixonados e seus fãs brasileiros não são diferentes. A última vez que dei uma olhada, eles estavam divulgando todas as playlists nacionais que tinham FLETCHER e estavam começando uma campanha pra você vir pro Brasil. Você quer mandar uma mensagem pra eles?

FLETCHER: Meus fãs brasileiros, eu literalmente amo vocês demais. Vocês são meus favoritos, não contem pra ninguém. Eu to muito animada pra visitar, abraçar e estar junto com vocês um dia em breve.

Eu prometo que vocês estão no topo da minha lista de lugares pra ir! Alguém me traga uma caipirinha pra beber e me ensine como dançar samba e eu vou ser a menina mais feliz do planeta.

Eu amo muito vocês, obrigada por me apoiarem. De verdade, do fundo do meu coração, isso significa muito.

S(ex) Tapes, o novo EP da cantora FLETCHER, já esta disponível em todas as plataformas digitais: http://fletcher.lnk.to/thesextapes

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