Tiê, um dos grandes nomes do MPB atual, conversou com o Tracklist na última quinta-feira (09/05).
Na entrevista, a cantora contou um pouco mais sobre sua carreira, o novo single “Deixa Queimar” e sua paixão intensa pela música.
Ela também deu sua opinião sobre como o mundo da música pode ajudar no atual cenário político brasileiro.
A artista será atração do festival Coolritiba, no sábado, 11 de maio. Confira a nossa conversa com Tiê!
Neste final de semana, você vai tocar no Coolritiba. Você já tinha vindo para Curitiba antes? Como está a expectativa para essa apresentação?
Eu já fui para Curitiba algumas vezes, inclusive para assistir ao festival Coolritiba. Mas é a primeira vez que eu vou cantar nele. Estou super feliz com isso!
Que legal! Quais atrações você viu no Coolritiba?
Eu vi o Criolo e também o Armandinho. Fui na Pedreira, achei lindo, super divertido. Eu lembro que tive um show na cidade mais cedo naquele dia e, depois, fomos para lá curtir o festival. Foi super legal.
Você vai trazer mais um pouco sobre o seu novo trabalho de agora, certo? Como está sendo essa divulgação?
Eu lancei o single “Deixa Queimar”, que está nessa temporada da série “Carcereiros”, da Rede Globo. Para o Coolritiba, o repertório vai ser baseado nessa música. Também levarei canções dos quatro álbuns anteriores, então vai ser bem legal, estou animada!
E, como é um festival, vai ser um show mais rock, um show mais para cima mesmo. Diferente de quando é no teatro, que a gente faz uma apresentação mais tranquila.
Pode nos contar um pouco mais como foi o processo de criação dessa nova canção?
Essa música foi uma encomenda do próprio José Eduardo Belmonte, que é o diretor da série e meu amigo. Ele pediu: “olha, quero uma música para a personagem da Letícia Sabatella. Uma personagem sofrida, em que acontece isso, acontece aquilo…”.
Foi muito interessante fazer, pois tive que pensar em um personagem e conseguir fazer uma música autobiográfica, mas pensando em alguém, porque realmente as nossas histórias se cruzam.
E eu fiquei super satisfeita. Ficou uma música muito pessoal, que eu tenho muita paixão mesmo quando eu escuto. A letra fala que “meu amor é intenso demais”, e é uma coisa que eu me identifico pelo meu amor à arte, à música que eu faço. É uma música que, quando eu canto, fico toda arrepiada! Estou super feliz.
O Belmonte me deu de presente um clipe maravilhoso. Ele foi gravado comigo me jogando no chão, dançando 20 vezes, com um drone. Foi um processo muito bonito e está tendo uma aceitação muito boa.
Sobre essa sua paixão pela música, quem são suas principais influências, nacionais e internacionais?
Ah, eu acho que algum lugar, lá no passado, eu tinha. Mas, depois, a gente é mais influenciado pela nossa família, pelos amigos, no filme que vê, do que pelos artistas mesmo. Eu lembro que, no começo da carreira, me inspirei muito no Leonard Cohen, no João Gilberto…
Porém, hoje em dia, eu não sei se, artisticamente, eu tenho esse tipo de influência como: “eu tenho que fazer uma música parecida com isso!”. Acredito que eu tenho que fazer, realmente, músicas que façam sentido para mim.
Você tem uma habilidade muito grande de se adaptar a diversos gêneros musicais, como na sua parceria com o Luan Santana. Tem algum outro estilo no qual você “arriscaria”? Algum outro artista que gostaria de colaborar?
Eu sempre gostei de ouvir vários estilos musicais. Acho muito interessante poder “passear” assim e fazer essa troca. Com o Luan, por exemplo, foi um artista que eu convidei, que eu gosto; ele topou, participou.
O que eu posso falar é que a gente está preparando agora um trabalho ao vivo. Vai ter um quinto disco vindo aí, com releituras de músicas minhas e vão ter várias participações! Mas, ainda não posso contar.
Eu sempre gostei de encontros assim, principalmente quando são artistas de outros gêneros mesmo. Acho que o encontro fica mais especial ainda.
E o que você acha do cenário da MPB atual? Como você se vê inserida nele?
A gente está vivendo um momento super estranho no Brasil, terrível politicamente. Acho que, musicalmente, está sendo muito rico, sim. Muita gente, tanto autores, quanto compositores, estão finalmente tendo que falar, encontrar seu público, se expressando, representando… e tudo isso é muito forte.
Um dos seus objetivos, com a música, é ajudar nesse cenário?
Na verdade, todo diálogo que pudermos ter, é sempre bem-vindo. A gente está nesse momento de dialogar, de conversar, de ouvir o outro, de ter empatia. Isso será sempre muito bem-vindo, em qualquer situação.
Relembre a carreira da Tiê
Aos 39 anos, a cantora paulistana Tiê já lançou quatro álbuns de estúdio em sua carreira. O primeiro, “Sweet Jardins” (2009), contou com a colaboração do músico Toquinho e de diversos artistas independentes da cena paulista.
Seu segundo disco, “A Coruja e o Coração” (2011), ganhou notoriedade no Brasil todo e fora do País também, rendendo à artista uma turnê pela Europa. Inclusive, o álbum foi indicado ao Prêmio Multishow em 2010, na categoria “Revelação”.
O álbum seguinte de Tiê, “Esmeraldas”, foi lançado em 2014. Ele tem como principal hit a canção “A Noite”, sendo a música mais conhecida da cantora até hoje. Ela fez parte da trilha sonora da novela “I Love Paraisópolis”, da Rede Globo.
Por fim, seu último e mais recente lançamento, é o “Gaya” (2017).