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Com folk potente e flerte com o rock experimental, Laura Marling encanta público em São Paulo

A última visita de Laura Marling ao Brasil tinha sido – até então – em 2011, no extinto festival Natura Nós em São Paulo. Naquela época, ela veio pra promover o álbum “I Speak Because I Can” e contava com outro disco solo, o “Alas I Cannot Swim” (2008). Antes, a artista integrava a banda “Noah And The Whale” e era companheira de  Charlie Fink, que produziu o seu trabalho de debute. Talvez seja esse o motivo pelo qual ela não cantou as canções desse álbum, como “Ghosts”, “Cross Your Fingers” e “My Maniac And I”, bastante conhecidas da plateia do Cine Joia na noite de ontem, 15.

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O público era composto por pessoas da faixa etária entre 20 e 30 anos, principalmente. A maioria das pessoas chegavam sozinhas (o que era facilmente notado) e em casais. Entrei em contato com algumas de outros estados, como Minas Gerais e Rio de Janeiro que esperavam há anos pelo concerto. Havia pessoas, inclusive, que disseram que iriam a outro país da América Latina se não houvesse o show em São Paulo.  Embora se tratasse de um show intimista de folk, os brasileiros não se aquietaram e mostraram euforia que até assustaram surpreenderam a britânica.“Segura a marimba, monamu!”, “You are amazing” (você é incrível), “I love you” eram alguns dos gritos que podiam ser ouvidos desde o início do show e eram aumentados quando Laura trocava o violão (o que aconteceu pelo menos quatro vezes, diga-se de passagem).

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Ela chegou quieta, apresentando o combo de canções que eram perfeitamente emendadas: “Take The Night Off”, “I Was An Eagle”, “You Know”, “Breathe”, do álbum “Once I Was An Eagle” (2013). A entrega de Laura e o sentimento visceral eram nítidos em cada música. Vestida com uma blusa branca que se confundia com sua pele alva e cabelos de um loiro platinado, e além disso, imersa em luz branca, a britânica parecia ser uma “mensageira da paz”. Mas, ela não era um pombo, como bem lembra na canção “I Was An Eagle”, ela era uma águia poderosa, com momentos mais vulneráveis ( que pediam as músicas mais sentimentais) e momentos em que se mostrava forte ( como em “Master Hunter”, na qual ela diz que “não vai ser vítima de nenhum romance ou homem, e que possui uma pele impenetrável”).

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Em certas ocasiões, Laura decidiu tocar músicas que não estavam no setlist planejado. Como o cover de Townes Van Zadt, “Waiting Around to Die”, canção pouco conhecida da plateia. Ela também trocou a música  “I Feel your love” por “I Speak Because I Can”. Embora bem executado, não havia necessidade da artista tocar covers, visto que o público conhecia bem suas canções.

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Na maior parte das músicas, a britânica era acompanhada por uma pequena banda de dois homens, um que tocava bateria e outro que se reveza entre o violoncelo e o baixo, mais usado nas canções em que Laura flerta com o rock experimental. Os momentos de mais comoção da plateia, além do início com o combo de músicas, foram em “Master Hunter”, “Sophia” e “Rambing Man”. No repertório, também sobrou espaço para a nova “Wildfire”, que ela já havia apresentado na Argentina.

Diante da euforia tipicamente brasileira, a artista ria em alguns momentos no começo das canções e agradecia ao público, de forma tímida. “É incrível vir aqui, um país que é meio místico pra mim de um bom modo. Você cantam juntos todas as músicas, você realmente sabem pesquisar”, declarou Laura quando se rendeu totalmente, recebendo aplausos e gritos, como “Come every year (venha todo ano)”, “Stay in Brazil (fique no Brasil)”, “You took too long, five years (você demorou muito)”. “Faz cinco anos que estávamos aqui e eu não consigo me lembrar como começou isso, mas foi meio esquisito – mas nós somos ingleses, como não seria assim? Vocês são bastante sensitivos, o que é incrível. O país mais sensitivo que eu já estive”. 

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Depois desse pequeno discurso, Laura silenciou o público do jeito que pôde com Daisy, uma canção sobre a amiga dela, descrita como atrevida. Uma das favoritas da artista, a música foi excluída da versão original de “Short Movie”. “A woman alone is not a woman undone (uma mulher sozinha não é uma mulher desfeita)”, é um dos versos da canção, que pode ser vista como contradição da escolhida para encerrar a apresentação, “How Can I”, que contém o verso: “How can I live without you? (Como posso viver sem você?)”.

Na saída, a britânica ainda atendeu os fãs que pediam autógrafos e fotos, de um jeito simpático e tímido. Laura Marling conquistou corações, mas não forçou isso. Ela apenas “cantou com a alma”, o que é, às vezes, tudo o que o público precisa.

Confira o setlist original (sem as alterações):

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