Por Anna Luiza Scudeller e Gabriel Haguiô – Neste sábado (14), o Afropunk aterrissou no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, para uma edição especial em sua primeira passagem pela capital paulista. Com o objetivo de trazer a experiência do festival de Salvador para um novo público, o Afropunk Experience recebeu artistas como Ludmilla, Yago Oproprio, Anelis Assumpção, Rachel Reis e DJ Nyack para representarem a música preta nacional, além da cantora pop americana-ganense Amaarae como a grande atração internacional do dia.
Com o objetivo de celebrar a música preta pelo mundo, o evento começou sua história no Brooklyn, em Nova Iorque, e rapidamente se expandiu globalmente. Presente no Brasil desde 2020, quando começou a ser realizado ainda de forma online, o festival encontrou uma sede simbólica em Salvador, a cidade com a maior população negra fora da África, e ganhou uma nova proporção no país com o passar dos anos. Os palcos foram ficando maiores e os line-ups cada vez mais atrativos, com nomes de peso das cenas nacional e internacional.
O Tracklist esteve presente na primeira edição do festival em São Paulo e conta quais foram os principais destaques do dia!
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Ludmilla apresenta sucessos no Afropunk Experience
Com o desafio de substituir a rapper Doechii, então headliner do festival que cancelou a sua apresentação por razões pessoais, Ludmilla levou os maiores e mais recentes hits de seu repertório para encerrar o Afropunk Experience.O resultado não poderia ser diferente: a cantora levantou o público presente no Parque Villa-Lobos em um show de grandes sucessos, coreografias e coros.
Em sua apresentação, Ludmilla alterna entre os diferentes estilos que marcam sua carreira, indo do funk de músicas como “Rainha da Favela” e “Verdinha” até o pagode das Lud Sessions, que também esteve presente no show. A artista também cantou a sua nova música, “Sua Preferida”, com uma coreografia inédita; mesmo lançada recentemente, a faixa conquistou os fãs, que gritaram e mostraram já sabê-la de cor. Ludmilla também chamou atenção com o balé, parando o show para elogiar a equipe.
Amaarae se declara ao Brasil em show contagiante
Sobre o palco do Afropunk Experience, Amaarae fez valer a expectativa dos fãs pela sua vinda ao Brasil. No primeiro show solo no país, a cantora americana-ganense esbanjou talento e carisma em uma performance marcada por rearranjos de suas músicas e uma alta energia mesmo sob chuva, mas, principalmente, pela sua forte identificação com o país.
Amaarae se tornou mundialmente conhecida pela fusão de gêneros musicais que carrega em sua sonoridade. Crescida num intercâmbio cultural entre os Estados Unidos e a África, a cantora incorpora elementos do pop, afrobeat, R&B e rock de forma bastante autêntica em sua arte, o que chamou a atenção do público com “Fountain Baby” (2023). O lançamento do disco marcou uma virada de chave para a sua carreira, conhecida por parcerias ao lado de nomes como Kali Uchis e Kaytranada, ao conquistar grande visibilidade pelo trabalho solo e introduzir novos sucessos ao seu repertório.
Com uma setlist predominantemente formada pelas faixas do álbum e de sua edição deluxe, “Roses Are Red, Tears Are Blue” (2024), a cantora movimentou os fãs presentes. O hit “Angels In Tibet” abriu os trabalhos em alto astral e rapidamente espalhou sua energia pelo público; sucessos como “Co-Star” e “Princess Going Digital” também ajudaram a manter os ânimos vivos com performances ainda mais descontraídas.
A diversão foi uma característica marcante da apresentação, e Amaarae se dedicou a entreter e manter a atenção do público durante a performance. Para além de trechos de hits como “FE!N”, de Travis Scott, e “Hot To Go!”, de Chappell Roan, a cantora também incluiu funks e até mesmo Bonde do Tigrão nos rearranjos das próprias canções, o que destacou a sua dedicação com o show. Durante “Co-Star”, a cantora chamou quatro fãs ao palco para uma competição de dança, em um dos momentos mais marcantes e ovacionados do dia.
No decorrer da apresentação, a artista declarou por várias vezes o seu carinho pelo Brasil — para ela, o país é “o lugar que mais gosta de estar no mundo”. “Estou trabalhando em novas músicas enquanto estou aqui”, afirmou. “Estou experimentando com funk nas minhas músicas e pensei que seria melhor visitar o país que eu amo, conhecer as pessoas [que produzem funk] e fazer parte dessa experiência”, disse em entrevista ao Tracklist, logo após o show.
Yago Oproprio consagra seu 2024 com show no Afropunk
O ano de 2024 foi abençoado para Yago Oproprio. O lançamento de seu primeiro álbum de estúdio, “Oproprio”, apresentou o rapper paulistano para novos públicos e o consolidou entre as grandes sensações da música brasileira no ano. Tamanho sucesso ajuda a justificar o clima de celebração no Afropunk Experience durante o show. “Fico felizão! É a música acessando lugares, a gente trocando com pessoas e trabalhando coletivamente. Dá uma dimensão pra mim de onde a gente consegue chegar trabalhando junto”, disse ao Tracklist antes de subir ao palco.
Mesmo diante de um público mais tímido e disperso, Yago manteve o astral ao longo da apresentação, alternando entre canções do último disco, como “La Noche”, e sucessos mais antigos, como “Imprevisto”. O tom mais melódico de suas músicas tomou o clima do Parque Villa-Lobos durante a tarde; característica marcante dos trabalhos do artista, o cuidado com a estética também se estendeu aos figurinos e aos visuais nos telões, que ajudavam a dar um toque especial ao show.
Confira outros destaques do festival
A programação do Afropunk Experience entreteve o público ao longo de toda a tarde. Conhecido pelos seus projetos musicais, como o grupo Discopédia, e pela parceria de muitos anos com o rapper Emicida, DJ Nyack subiu ao palco logo após a abertura dos portões, e foi responsável por conduzir o som nos intervalos entre as apresentações com sucessos do hip-hop e do R&B.
Em seguida, a cantora baiana Rachel Reis apresentou a mistura de estilos de seu repertório no palco do festival, que compreendem ritmos como o axé, o pop e o reggae. Anelis Assumpção também animou o público com um show contagiante; com a presença de banda completa, a artista paulistana levantou a multidão que começava a se formar no Parque Villa-Lobos com arranjos dançantes das canções de seus mais de dez anos de carreira.