Trabalhar com a nostalgia pode ser uma “faca de dois gumes” mas, para Jessie Ware, foi um acerto com “That! Feels Good!”. Lançado na última sexta-feira, 28/04, o quinto disco de estúdio da inglesa tinha o grande desafio de superar as expectativas dos fãs após o sucesso do seu antecessor — “What’s Your Pleasure?” (2020). E conseguiu.
Promovido através dos singles “Free Yourself“, “Pearls” e “Begin Again”, “That! Feels Good!” chega em uma fase mais madura e consolidando a identidade de Jessie Ware enquanto uma artista disciplinada em suas referências técnicas — incluindo muita brasilidade — e comprometida com uma nova legião de fãs que cruza gerações.
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Faixa a faixa: Jessie Ware explora nostalgia em aclamado “That! Feels Good!”
Com 40 minutos de duração e 10 faixas, “That! Feels Good!”, de Jessie Ware, é um trabalho voltado para os apaixonados pela pista de dança. Sob o sentimento sublime da nostalgia, o disco music é trabalhado e retrabalhado no álbum de maneira precisa, regada de referências, mas igualmente identitária. E esse trato impecável não é à toa — o trabalho também é assinado por Stuart Price, conhecido pelas suas parcerias com Madonna, Kylie Minogue e Dua Lipa.
A álbum-title é a abertura com uma faixa de melodia com muitas camadas e um delicioso groove que incorpora a voz com potência soul de Jessie Ware. Ela é seguida por “Free Yourself” em uma ode à liberdade dos desejos e impulsos sob um plano musical arrebatador e que foi sucesso nas pistas após o seu lançamento em julho de 2022. “Pearls”, single lançado em fevereiro deste ano — e com direito a um remix em parceria com ninguém menos que Pabllo Vittar —, dá sequência ao apelo sensual, mas como uma irmã glamourosa da antecessora.
O slow jam toma conta da romântica “Hello Love”, que nos aquece para a faixa mais potente do disco — “Begin Again”, terceiro single lançado, é um banger fresco e crocante com toque orquestral da música latina e uma ponte que, definitivamente, eleva Jessie Ware para um novo patamar em referência criativa e vocalidade. A segunda metade do disco fica por conta da experimental “Beautiful People”, que bebe do instrumentalismo mais familiar ao batuque brasileiro em uma das bases.
Ela abre para uma transição perfeita para “Freak Me Now“, um pop music eletrizante que já caiu nas graças dos fãs e é a faixa não-single com mais streaming no Spotify até o momento. A divertida e catchy “Shake The Bottle” inicia a caminhada para o fim em um impecável uso de backing vocals e abre espaço para a balada “Lightning” em uma letra potente e uma melodia que dá mais espaço para a voz de Jessie Ware brilhar. O encerramento do disco fica por conta do refrão viciante de “These Lips”, que traz a energia novamente para cima e deixa o gostinho de “quero mais” perfeito para quem ainda estava na dúvida de ouvir o álbum a partir do início novamente.
Se “What’s Your Pleasure” revelou uma nova Jessie Ware para o público multigeracional, “That! Feels Good!” a consolidou. Do apelo à nostalgia de uma época que muito dos seus fãs não viveram — mas se reconhecem —, e bebendo das mesmas fontes do disco music de Donna Summer, Anita Ward, Alicia Bridges e Sylvester, o quinto álbum reforça o espaço dela no hall de artistas de referência e o seu potencial de tratar a expressão musical por ela mesma. Sem muitos malabarismos narrativos para falar de liberdade e confiança, e sem a vergonha de explorar os impulsos da existência.