Sabe aquele sábado de manhã que pede uma playlist calma e gostosinha para começar o dia? Bom, “Cores”, da banda paraense Velhos Cabanos, tem que então estar presente nela! Lançada na última semana, a música também é acompanhado de um curta-metragem, dirigido pela cineasta Adrianna Oliveira.
A nova música do conjunto narra sobre as crises e obstáculos de um processo criativo, com sonoridades que mesclam um pouco do soul de Djavan e a psicodelia de Tame Impala. Então, vamos conhecer um pouco mais sobre a banda?
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Quem são os Velhos Cabanos?
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Trazendo algo entre o rock psicodélico e progressivo, com inspirações claras dos anos 70 e 80 sem deixar a sua origem nortista, a banda Velhos Cabanos já se encontra há seis anos dentro do mercado de música. O conjunto que nasceu em Icoraci, periferia de Belém, é composto por Onze da Silva (guitarra), Marco Sarrazin (piano e saxofone), Lucas Franco (bateria), Matheus Leão (baixo) e Phellipe Fialho (guitarra e vocal).
Aos poucos, em cada trabalho novo já é bem evidente o amadurecimento da banda, e, principalmente, o cuidado com a estética do grupo, seja em ensaios fotográficos ou em investimento em videoclipes, firmando já um diferencial no mercado.
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Não sei vocês, mas acho um grande atrativo aquele tipo de música que consegue te inserir dentro da narrativa e o universo ao redor dela, sabe? E grande parte da discografia do Velhos Cabanos funciona desse jeito. Músicas um pouco mais extensas do que o convencional, mas que ouvindo você entende o porquê: os vocais reverberados e o groove te fazem entrar nessa longa experiência sonora e narrativa que orbita a atmosfera da canção. Em alguns momentos, até me remeteu a semelhante sensação de quando escuto algo do Tame Impala.
Vale também destacar que o nome da banda é uma homenagem ao movimento de cabanagem, que foi a revolução popular composta por camponeses, indígenas e ex-escravos que tomou o governo belenense e todo o território do norte, estendendo-se em conflito por cerca de cinco anos. Esse movimento é um marco na cultura amazônica e uma grande inspiração aos integrantes.
“Cores”, os vislumbres e obstáculos de fazer arte
Voltando então para o lançamento mais recente, “Cores” ressalta todos esses pontos tão interessantes e instigantes da banda. Com um pouco mais de cinco minutos, sonoramente a música carrega referências claras de soul brasileiro, com as melodias leves do teclado, que dão um charme à mais para a música, junto aos instrumentos orgânicos que evocam ainda mais emoção ao ouvinte – além do ótimo desempenho vocal, que capta a emoção necessária da composição, sem contar as harmonias vocais construídas, que só elevam a qualidade do single. Não sei se foi só eu, mas em certos pontos me remeteu até algo do Djavan.
O clipe que acompanha a música é um curta-metragem, com cerca de sete minutos de pura sensibilidade, experimentalismo e simbolismos. É uma verdadeira experiência visual. “Escuto a música deles e não sei se a interpreto como devo ou se espelho meus sofrimentos nela. Mas jurei que tava escutando uma pessoa me contar que não aguenta mais a corrida capitalista de ter que ter o quadro mais bonito já pintado. Deixar de experienciar a vida por um projeto de sucesso que nos esgota, fazer parte de um sistema que anula nossas subjetividades e nos lança numa vida que só tem sentido enquanto formos vistos, são alguns dos rastros da nossa ilusão. Somos essencialmente animais, mas ambiciosos demais para notar que o sucesso é só uma fumaça passível de qualquer sopro”, comentou Adrianna Oliveira, diretora do clipe.
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No final, a canção é uma imersiva trajetória sobre o vórtex de um processo criativo e aquela agonia e angústia que podem surgir no meio dele. “Cores” pode embalar tanto uma ensolarada manhã de sábado ou até mesmo aquela viagem de carro no final da tarde.
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