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#TBTRACK: “Songs In A Minor”, a marcante estreia de Alicia Keys

Desde muito cedo, Alicia Keys já esbanjava seu talento para familiares e amigos próximos. Aos 14 anos de idade, a cantora começou a escrever suas músicas pensando em como gravá-las, decorando cada nota do piano e dominando os arranjos vocais com uma facilidade que não levou muito tempo para ser reconhecida pelos grandes selos da indústria fonográfica.

Em 1998, Alicia já tinha músicas suficientes para lançar um álbum de estúdio, ideia que compartilhava com a Columbia Records até a gravadora rejeitar o seu trabalho por discordarem com a direção que a cantora gostaria de seguir. Com apenas 17 anos na época, a nova-iorquina apresentou suas faixas para Clive Davis, lendário produtor que levaria ela para a Arista Records, que se tornaria J Records, selo pelo qual Keys deixaria para sempre a sua marca no R&B.

Com liberdade para produzir suas próprias canções e seguir sua visão artística, “Songs In A Minor” surgiu em novembro de 2001 como um sucesso absoluto de crítica e vendas. Comemorando 20 anos de lançamento com uma edição especial, o disco é lembrado como uma das mais impactantes obras de estreia da história recente da música, marcando a transição de uma nova fase do soul e dando luz à enorme estrela de Alicia Keys.


A estreia simbólica de Alicia Keys

“Songs In A Minor” foi lançado em uma Nova Iorque abalada após os atentados terroristas de 11 de setembro, trazendo leveza ao momento traumático que seus moradores enfrentavam. Ao longo de sua carreira, Keys viria a levar sua cidade natal junto ao seu canto, tornando-se parte da trilha sonora de uma metrópole que deu voz a tantos nomes do jazz e do R&B em sua história.

O disco é uma grande homenagem às raízes artísticas de Alicia, que cresceu em Hell’s Kitchen aprendendo a tocar o seu piano sob a influência de astros como Mary J. Blige, Stevie Wonder, Marvin Gaye, Roberta Flack, Billie Holiday e tantos outros que marcaram sua infância. Grande parte da obra foi escrita e idealizada durante a adolescência da cantora, simbolizando também seu amadurecimento em meio a um novo momento da indústria.

Na época, Beyoncé, Kelly Rowland e Michelle Williams redefiniam os rumos do soul com os sucessos do Destiny’s Child, ao mesmo tempo que a chegada do iTunes revolucionava as maneiras de se consumir música. A estreia de Alicia Keys fez parte de ambas as transições: “Songs In A Minor” rapidamente se tornou um enorme sucesso comercial nas paradas internacionais e chamou a atenção pelo talento inquestionável da cantora, que não demorou para atrair os holofotes em sua direção.



“Fallin’”, o primeiro single do álbum, foi uma aposta certeira para introduzir a nova-iorquina ao mainstream. A canção, uma das baladas mais clássicas já gravadas por Keys, encantou o público logo que chegou às rádios e permaneceu por seis semanas no topo da Billboard Hot 100, dando uma visibilidade gigantesca à cantora e aumentando a expectativa para o lançamento do disco.

A forma com que Alicia expressava seus sentimentos por meio das canções conquistou fãs das mais diversas tribos musicais, tamanha era a sua facilidade para dialogar com o ouvinte desde cedo. Faixas como “Butterflyz” e “Troubles” foram escritas ainda durante sua adolescência, apesar de seu poder vocal dar uma força maior que a sua própria idade às composições.

“Songs In A Minor” é um trabalho que retrata não só a até então curta trajetória profissional da cantora em suas letras, mas principalmente seus dramas pessoais pela caneta de alguém que sempre soube usar a música para se expressar. A cantora transforma suas vivências, desde as confissões amorosas até as experiências mais intimistas, em faixas viciantes e bem produzidas.


“A próxima rainha do soul

O impacto provocado pelo talento de Alicia Keys foi instantâneo. Ainda em 2001, a revista Rolling Stone elegeu a cantora como “a próxima rainha do soul”, dando início à uma fase completamente inédita em sua curta carreira até então.

Em menos de seis meses, “Songs In A Minor” foi reconhecido com cinco certificados de platina nos Estados Unidos, representando as cinco milhões de unidades vendidas no país até março de 2002. Além disso, o disco recebeu sete indicações ao Grammy no mesmo ano, conquistando cinco delas — incluindo prêmios como “Artista Revelação”, “Melhor Álbum de R&B”, e “Música do Ano” por “Fallin’” — e se tornando a segunda cantora a vencer cinco categorias, ao lado apenas de Lauryn Hill.

O disco, por muitos considerados o melhor já lançado por Alicia, ainda é lembrado como uma das maiores obras do R&B nos últimos anos. A cantora segue sendo uma das mais inspiradoras artistas da atualidade e, de fato, tornou-se um símbolo do soul moderno e uma referência não apenas do berço artístico que é Nova Iorque, mas também de uma nova era que a música vive até hoje.

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